61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 5. Genética Vegetal
ANÁLISE GENÉTICA EM POPULAÇÕES DE MAXIXE (Cucumis anguria, CUCURBITACEAE) CULTIVADAS NO ESTADO DO AMAZONAS.
Pedro Chaves da Silva 1
Danilo Fernandes da Silva Filho 1
Francisco Manoares Machado 1
1. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA
INTRODUÇÃO:

A família Cucurbitaceae abrange várias espécies de grande importância econômica na olericultura mundial. Ela é formada por cerca de 80 gêneros e mais de 800 espécies, entre quais as abóboras, abobrinhas verdes, chuchu, melão, melancia, pepino e maxixe são economicamente expressivas no Brasil. O maxixe (Cucumis anguria L.) é uma espécie olerícola de origem africana, introduzida no Brasil pelos escravos e bastante cultivada nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Seus frutos são pouco calóricos e fonte de sais minerais. A presença do zinco lhe confere as propriedades medicinais na prevenção de problemas na próstata, no controle do colesterol no sangue e na cicatrização de ferimentos. Esta hortaliça pode ser consumida na forma in natura (em saladas) ou cozida junto com outras hortaliças em pratos à base de carnes. Para fins agroindustriais apresenta destacado potencial para uso em conserva, na forma de picles. No Amazonas são encontradas muitas populações de maxixe que são cultivadas ao longo dos tempos pelos índios e caboclos. Por isso, esse valioso germoplasma precisa ser pesquisado e melhorado geneticamente. Este trabalho teve a finalidade de identificar entre as populações disponíveis, materiais genéticos com características ideais para o cultivo na agricultura familiar da região.

METODOLOGIA:
Foram avaliadas treze populações (POPs) de maxixe de diferentes municípios do Amazonas mantidas no Banco de Germoplasma do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, em Manaus. O experimento foi conduzido em um Argissolo de pouca fertilidade natural da Estação Experimental de Hortaliças do INPA, em Manaus. As mudas foram formadas em copos plásticos e transplantadas no campo, aos 34 dias após a semeadura, em um espaçamento de 2,0 m entre as plantas e 2,0 m entre as linhas. Adotou-se o delineamento experimental de blocos casualizados com treze tratamentos e três repetições. A unidade experimental consistiu de três plantas por parcela. As plantas foram adubadas com 1,0 kg de composto orgânico, 100 g de superfosfato triplo, 50 g de cloreto de potássio e 10 g de uréia. Os seguintes caracteres qualitativos e quantitativos foram avaliados: Tempo de germinação das sementes, tempo de florescimento e tempo de frutificação, comprimento da haste, número de ramos secundários, presença de espículos, peso médio dos frutos, comprimento do fruto, diâmetro do fruto, espessura da polpa, cor do fruto, forma do fruto, número de frutos/planta, número de sementes/fruto e peso estimado de frutos/planta. Sobre as características quantitativas procederam-se análises de variâncias e de agrupamento.
RESULTADOS:

Nas treze POPs, a germinação das sementes, a frutificação e a maturação dos frutos concentrou-se em um intervalo de sete e 62 dias, após a semeadura. As formas e cores dos frutos em sua maioria foram alongadas de cor verde escura. Apenas duas POPs apresentaram frutos com espículos. Com exceção dos caracteres comprimento da haste principal, diâmetro do fruto, espessura da polpa, número de frutos/planta e massa estimada de frutos/planta, as análises de variância detectaram diferenças significativas para os demais caracteres estudados. O diâmetro e comprimento dos frutos variaram de 27,8 a 44,1 cm e de 47,0 a 72,4 cm, respectivamente. Em produtividade, a POP originária de Iranduba, destacou-se entre as demais com 2098,6 g de massa total. A análise de Agrupamento das POPs baseada no método hierárquico do Vizinho Mais Próximo (VMP) formou cinco grupos distintos, indicando, portanto, divergências genéticas entre as treze POPs pesquisadas. Foram consideradas como mais divergentes, as POPs procedentes da Comunidade do Ariaú e Manacapuru e as mais similares as provenientes de Novo Airão e Silves II.

CONCLUSÃO:

A POP originária do município de Manicoré, além de ter sido considerada a mais precoce de todas em termos de frutificação, tem frutos com qualidades desejáveis para a comercialização. A POP procedente do município de Iranduba, apresentou maior comprimento da haste principal e produziu maior número e massa de frutos por planta, 52,3 e 2098,6 g, respectivamente. Pelo pequeno número de POPs que foram avaliadas no experimento, os cinco grupos formados com base no método hierárquico do Vizinho Mais Próximo (VMP) e nos valores das Distâncias Generalizadas de Mahalanobis (D2), indicam que, com a variabilidade genética presente nessas populações de maxixe, será possível utilizá-las como potenciais genitores para a formação de genótipos promissores em programas de melhoramento do maxixe para a agricultura familiar no estado do Amazonas.

Instituição de Fomento: FINEP, CNPq e INPA
Palavras-chave: Cucurbitaceae, Recurso Genético, Melhoramento..