61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTINOCICEPTIVA DE UMA CECROPIA COMUM NA AMAZÔNIA OCIDENTAL
Lucinei Alves Maciel 1, 2
Kaori Katiuska Yamaguchi Isla 2
Mirtes Midori Tanae 1, 2, 3
Antônio José Lapa 1, 2, 3
1. Universidade Federal do Amazonas / UFAM
2. Centro de Biotecnologia da Amazônia / CBA
3. Universidade Federal de São Paulo / UNIFESP
INTRODUÇÃO:
As espécies do gênero Cecropia originárias da zona tropical e subtropical da América Latina, são pioneiras em áreas que sofreram ação antrópica. A semelhança fenotípica que faz com que sejam conhecidas popularmente como embaúba é também característica da constituição química e do uso popular. Levantamentos etnofarmacológicos descrevem o uso no tratamento de hipertensão, diabetes e afecções respiratórias como asma e bronquite. Estudos prévios com o extrato aquoso de plantas brasileiras mostraram baixa toxicidade, um substancial efeito depressor central com ação do tipo ansiolítica e antidepressiva, atividade analgésica, relaxante de músculos lisos, efeitos também descritos em espécies da América Central e Argentina. Este trabalho estudou a ação antinociceptiva de uma espécie amazônica preliminarmente identificada como Cecropia sciadophylla Mart.
METODOLOGIA:
O extrato aquoso (EA) resultou da infusão de folhas de Cecropia a 2,5% e liofilização. Da partição do EA com butanol foi obtida a fração butanólica (FBut), cerca de 10 vezes mais concentrada. Neste trabalho, foram estudados os efeitos antinociceptivos da FBut (0,1 a 1,0 g/kg p.o.) em camundongos Swiss machos (30 - 40g) e ratos Wistar (250 – 350g), utilizando os testes de formalina 2%, contorções abdominais induzidas por ácido acético 1%, placa quente e tail flick. A FBut e o veículo foram administrados por gavagem uma hora antes dos ensaios. O tempo de lambedura da pata injetada com formalina (“licking time”), o número de contorções ao ácido acético, a latência para lamber/saltar na placa à 55°C e o tempo para retirada da cauda ao calor de 55°C foram tomados como índice da resposta nociceptiva. Os dados foram expressos como média ± erro padrão da média. Testes estatísticos de ANOVA e Dunnet foram utilizados para comparar os grupos.
RESULTADOS:
O número de contorções induzidas por ácido acético 1% (n=6) foi menor nos animais tratados com FBut 0,1; 0,3 e 1,0 g/kg relativamente ao controle (24,5 ± 5,6; 21,5 ± 6,4; 18,7 ± 4,5 e 55,0 ± 4,2, respectivamente). No teste de formalina (n=6) as respostas na fase I, neurogênica, foram 97,4 ± 9,6 s; 77,2 ± 11,6 s; 66,4 ± 6,1 s; 47,6 ± 4,7 s para o controle e FBut 0,1; 0,3 e 1 g/kg, respectivamente. Na fase II, inflamatória, as respostas foram 117,7 ± 22,8 s; 93,2 ± 11,4 s; 67,6 ± 5,8 s e 63,3 ± 12,6 s para o controle e FBut 0,1, 0,3 e 1 g/kg, respectivamente. Nos testes de placa quente e tail flick os resultados não foram significativamente diferentes do grupo controle.
CONCLUSÃO:
Confirmando dados da literatura para o gênero Cecropia, os resultados relativos à atividade antinociceptiva da espécie preliminarmente identificada como Cecropia sciadophylla Mart. mostraram inibição significativa da resposta nociceptiva induzida por estímulos químicos (ácido acético e formalina), o que indica um efeito analgésico periférico da FBut. Estudos químicos e farmacológicos estão em progresso a fim de se isolar os compostos ativos responsáveis por estes efeitos e determinar seus mecanismos de ação.
Instituição de Fomento: Fundação Djama Batista/ FDB; Centro de Biotoecnologia da Amazônia / CBA; Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / CNPq
Palavras-chave: Cecropia, nocicepção, planta medicinal.