61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 2. Arqueologia - 4. Arqueologia
PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS EM PARINTINS/AM
Helena Pinto Lima 1
Maria Tereza Vieira Parente 2
Bruno Marco Moraes 2
Elaine Cristina Guedes Wanderley 3
Levemilson Mendonça da Silva 3
1. Universidade do Estado do Amazonas
2. Universidade de São Paulo
3. Projeto Amazônia Central
INTRODUÇÃO:

Este resumo expressa alguns resultados preliminares alcançados em pesquisas arqueológicas, desenvolvidas de maneira intermitente desde 2004, no município de Parintins/AM. Enquanto iniciativa conjunta entre IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e PBA – Projeto Baixo Amazonas, os objetivos gerais de tais iniciativas foram, em primeiro lugar, reverter uma situação de comercialização de material arqueológico existente na região; empreender um levantamento arqueológico da área do município de Parintins; fomentar o interesse local sobre arqueologia e sobre as questões propostas, tanto com as populações onde se deu o trabalho quanto na comunidade acadêmica.

Nesta etapa foram realizadas pesquisas de campo e atividades de educação patrimonial na comunidade Santa Rita de Cássia/Valéria, na zona rural do município (coord. UTM 21M 561906/9726046), bem como intercâmbios acadêmicos com o corpo docente e discente do Centro de Estudos Superiores da Universidade do Estado do Amazonas (CES-UEA) em Parintins.

METODOLOGIA:

Em razão do caráter interpretativo, por excelência, da ciência arqueológica, torna-se fundamental olhar o “fato arqueológico” de uma perspectiva mais abrangente do que o que geralmente é feito com as ciências especializadas. Dessa forma, o trabalho foi pensado de forma a combinar o trabalho arqueológico de delimitação e escavação do sítio com a educação patrimonial. Esta junção foi planejada não só para o sucesso da empreitada arqueológica, mas também para que se incluísse a participação daqueles que efetivamente sofrerão os impactos deste trabalho: as comunidades.

Convencionou-se chamar as bases do trabalho desenvolvido em Parintins como Pesquisa Participativa, ou seja, uma forma de desenvolvimento da pesquisa vinculada à ação ativa da população que se insere no local a ser estudado através da participação destes em todas as etapas do trabalho: localização de sítios, produção de cartas topográficas, escavação, etc. Este método visa direcionar o olhar comunitário sobre o patrimônio coletivo, sua cultura material, imaterial e meio ambiente para uma perspectiva científica. A ponderação do conhecimento tradicional sobre o conhecimento arqueológico gerado a partir da pesquisa participativa implica em um íntimo diálogo entre o discurso científico e o discurso comunitário na leitura e interpretação do fenômeno arqueológico circunscrito na ambiência histórica e cotidiana dessas populações.

Desta forma, os objetivos específicos da etapa de campo ora reportada, realizada em junho de 2007, foram: realizar um mapeamento topográfico da área; delimitar o sítio arqueológico; proceder escavações estratigráficas; catalogar as coleções arqueológicas em poder dos moradores do local; desenvolver atividades de Educação Patrimonial com professores, alunos e moradores da comunidade; desenvolver atividades com professores e alunos da UEA.

RESULTADOS:

O sítio arqeuológico sobre o qual se situa a Comunidade Santa Rita é composto por uma espessa camada, com mais de um metro de profundadidade em alguns setores, de solo antrópico bastante conhecido por sua alta fertilidade. À essas 'Terras Pretas de Índio" misturam-se e afloram na superfície milhares de vasilhas e fragmentos cerâmicos associados à fase Konduri, datados em em torno do século XI D.C.     

A Pesquisa Participativa empreendida na região de Valéria, Parintins rendeu belos frutos. Ao longo da estadia da equipe na comunidade de Santa Rita foram latentes as mudanças na perspectiva da população em relação ao material arqueológico com o qual mantém contato cotidianamente e também com a historicidade do próprio lugar onde vivem. Neste sentido, houve um processo de absorção da idéia de Patrimônio, antes ausentes, e a necessidade de preservação e apropriação e sua apropriação de forma consciente. Assim, aqueles que comercializavam as peças passaram a se ver como guardiões das coleções por eles reunidas.

CONCLUSÃO:

A inserção das comunidades no trabalho arqueológico em si foi também um dos resultados positivos da estratégia utilizada. A presença dos comunitários nas etapas de mapeamento topográfico, delimitação e escavações do sítio arqueológico presente na comunidade mudou a visão interna sobre o trabalho, conferindo uma maior agilidade e trazendo um resultado mais positivo do que inicialmente esperado. Ficou clara uma demanda pela continuação deste trabalho, dando uma perspectiva de longo prazo às pesquisas ali desenvolvidas.

Instituição de Fomento: IPHAN
Palavras-chave: arqueologia amazônica, fase Konduri, Baixo Amazonas.