61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 8. Educação Matemática
OS FENÔMENOS DIDÁTICOS E A CONSTRUÇÃO DE SABERES MATEMÁTICOS
Rinaldo César de Holanda Beltrão 1, 3
Terezinha Monica Sinício Beltrão 1, 2
1. Secretaria de Educação da Prefeitura da Cidade do Recife
2. Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco
3. Secretaria de Educação da Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes
INTRODUÇÃO:
Este é o resumo de um artigo que analisa um trabalho de observação de uma aula de matemática numa turma de 8ª série do Ensino Fundamental, com quarenta e cinco alunos, de uma escola pertencente a uma rede pública municipal no Estado de Pernambuco, que teve como foco principal o esquema triangular professor – aluno – saber e a identificação dos fenômenos que emergem dessas relações, sobretudo a concepção de ensino-aprendizagem do professor, as regras de contrato didático e a transposição didática. Investigamos os principais obstáculos que interferiram na construção dos conceitos matemáticos relacionados ao objeto de conhecimento apresentado pelo professor durante a aula, na perspectiva de se chamar a atenção para a necessidade de se compreender os fenômenos que estão ligados ao ensino e a aprendizagem da Matemática e, conseqüentemente, contribuir para a melhoria da prática pedagógica dos professores, com vistas ao desenvolvimento da educação no país. O trabalho de observação foi uma atividade proposta na disciplina Construtos Teóricos da Educação Matemática, do curso de Mestrado em Educação Matemática da Universidade Federal de Pernambuco, ministrada pelo professor-doutor Marcelo Câmara dos Santos.
METODOLOGIA:
A análise da aula foi realizada em quatro etapas. Inicialmente foi efetuada a videografia de uma aula de matemática com cerca de cinqüenta minutos de uma turma de 8ª série do Ensino Fundamental. A turma foi escolhida a partir da decisão de se observar a aula de um objeto de conhecimento que estava sendo apresentado pela primeira vez aos alunos. Em seguida foi realizada a transcrição dos diálogos ocorridos durante a aula, para facilitar a análise. Depois entrevistou-se o professor, através de questões abertas, com o objetivo de identificar as suas concepções e seu conhecimento sobre os fenômenos didáticos e, por fim, analisou-se os dados na perspectiva de investigar os obstáculos na construção dos conceitos relacionados ao objeto de conhecimento apresentado pelo professor.
RESULTADOS:
Constatou-se o uso de estratégias que demonstram que o professor possui uma concepção baldista sobre o ensino-aprendizagem. Ela é caracterizada pela ação centralizadora do professor, que se coloca como detentor e transmissor do conhecimento e centro das atenções. Daí eclodem regras de contrato didático que se constituem em obstáculos para a aprendizagem da matemática. Uma das regras identificadas está relacionada à idéia da divisão de responsabilidades: os alunos devem ficar em silêncio durante a explicação do assunto, pois vão à escola para aprender e devem prestar atenção para que o aprendizado ocorra, reforçando a autoridade e o domínio do professor em relação ao saber a ser ensinado. Há também regras relacionadas à relação com o saber: o professor só faz perguntas sobre o que ensinou; os alunos aceitam tudo o que o professor diz como se fossem verdades únicas que não devem ser questionadas. Constatou-se pelo menos dois fenômenos relacionados à transposição didática: o metatexto e a ficção de identidade. Ao apresentar o objeto de conhecimento, o professor explicita um texto que, apesar de ser baseado nos livros didáticos, foi recriado por ele e sofreu influência de fatores que vão desde sua relação com o saber, tempo, contrato didático e sua relação com os alunos.
CONCLUSÃO:
É preciso que a prática pedagógica do professor seja inundada por situações didáticas que possam resgatar a matemática como algo que tenha significado para os alunos. É preciso provocar situações em sala de aula que apresentem desafios e que, a partir da superação de tais desafios, possibilitem aos alunos a construção de novos saberes. O professor precisa também, além dos aspectos cognitivos, considerar questões relacionadas à afetividade e ao desenvolvimento psicomotor, pois se o aluno está motivado a participar de uma atividade pedagógica, irá mobilizar e desenvolver suas habilidades e seus conhecimentos com prazer. Isso só será possível a partir do momento que o professor tiver compreensão sobre os fenômenos que ocorrem na sala de aula e como eles interferem na relação que os alunos terão e construirão com o saber.
Palavras-chave: Fenômenos, Saberes, Concepção.