61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
A FORMAÇÃO CONTÍNUA DE ALFABETIZADORES DE JOVENS E ADULTOS
Darlisângela Maria Monteiro 1
1. Universidade do Estado do Amazonas – UEA
INTRODUÇÃO:

O desafio inicial da educação de Jovem e Adulto ainda tem sido a alfabetização. o formadores dotem contribuído com novas concepções educacionais desses no cotidiano escolar, tanto do programa quanto na rede municipal de ensino onde também atuam. Dentre os aspectos destacados estão a representação social e cultural dos alfabetizandos que faz parte da metodologia desenvolvida com eles no decorrer do mês. No entanto, as dificuldades encontradas pelos alfabetizadores vão desde espaço fisco à crença relacionada aprendizagem que os alfabetizandos manifestam. Assim, o foco dessa pesquisa foi mostrar como a formação contínua de alfabetizadores tem influenciado as suas práticas pedagógicas a fim de promover alfabetização de jovens e adultos, participantes do Programa Brasil Alfabetizado “Reescrevendo o Futuro”, que ocorre mensalmente durante seis meses, na Escola Estadual Amaturá, localizada no município de Amaturá – AM.  Teve-se como objetivo geral investigar a influência da formação contínua na prática do alfabetizador na legitimação do programa. Os específicos foram: Observar durante a formação contínua o envolvimento dos alfabetizadores com a metodologia do programa; verificar nas falas dos professores como se dão suas práticas pedagógicas a partir da metodologia trabalhada; Analisar durante a construção do plano de ação as mudanças de discursos dos professores. Consideramos esta pesquisa relevante por evidenciar a necessidade de formação contínua para os profissionais da educação, além de mostrar que as ações educativas diferenciadas promovem o diálogo entre as saberes dos alfabetizando com o mundo vivido por eles e o conhecimento das palavras.

METODOLOGIA:
Centrou-se na abordagem qualitativa, pois o objeto de estudo pertence ao universo subjetivo do sujeito, por se tratar de impressões referentes à prática docente, sendo assim, de difícil mensuração, e a análise dos dados foi através da triangulação. As técnicas utilizadas foram observação participante, entrevista não estruturada, no decorrer das formações contínuas. A pesquisa foi desenvolvida com professores que estavam participando do programa. Os sujeitos da pesquisa foram seis professores, sendo que destes dois são indígenas da tikuna e uma cambeba. Dentre eles três possuem graduação em Normal superior, e como o programa permite os demais possuem o Ensino Médio. Cabe ressaltar que todos também desenvolvem a atividade de agricultor. Este trabalho constituiu-se de aulas expositivas dialogadas e trabalhos em grupo, sendo utilizados como recursos livro e computador portátil. Foram trabalhados os textos do livro “ALFABETIZAÇÃO NOVA ALTERNATIVA DIDÁTICA”, com o objetivo de auxiliar os alfabetizadores do que vem a ser a metodologia proposta por Heloisa Vilas Bôas, também como embasamento teórico para a prática pedagógica. Buscou-se como subsídio para as formações os livros de Paulo Freire Pedagogia da Autonomia e a importância do ato de ler, texto sobre alfabetização, letramento e educação dialógica. Ao final de cada formação os alfabetizadores encontravam-se com subsídios teórico, metodológico e prático para serem desenvolvidos no mês seguinte.
RESULTADOS:
De acordo com pesquisas educacionais, os saberes exigidos dos professores em sala de aula e vivências lhes possibilitam um repertório que está em constante mudança, devido experiência que vivencia no seu cotidiano. No entanto, constatou-se que o trabalho pedagógico enriquecido por essas esbarra na falta de articulação de novas maneiras de se ensinar com o modelo tradicional de ensino, mesmo que os professores já tenham conhecimento de concepções e teorias educacionais. É o caso do T (alfabetizador) que participa da formação, demonstra que sabe desenvolver a metodologia adotada pelo programa, porém, o retorno dado através dos materiais dos alfabetizandos difere por completo o que foi trabalhado durante as formações, como consequência, houve mais desistentes na sua turma do que nas demais. Por sua vez, a resposta da turma B (alfabetizadora)  atende o objetivo do programa, a mesma falou “professora eu quando começo a desenvolver a aula eles me perguntam quando é que eu vou ensinar do jeito que eles sabem que ensinam nas escolas, é muito difícil explicar que a proposta é essa, e ainda, tem um senhor que diz que não aprende porque comeu muito coquinho de marajá na infância, por isso, não aprende”. Percebemos que a diferença entre a prática de T e B tem influência da aplicação das formações e que as atividades proposta foram desenvolvidas nas as aulas de B, isso porque as atividades são programadas para o público de jovens e adultos. Entretanto, observamos por meio das atividades desenvolvidas com os alfabetizandos que a prática dos alfabetizadores com anos de experiência como professores na rede pública do município, apresentam resistência em trabalhar com a metodologia, contudo, ouvimos relatos de alfabetizadores que desenvolvem a metodologia na alfabetização de crianças, como fala L, “desenvolvo a metodologia com a minha turma de alfabetização, comparando com a da colega a minha turma é mais avançada, mas também uso o livro didático”. Com a postura de L podemos dizer que a aplicação da metodologia apresenta vantagens, pois, o texto é criado pelos alunos, assim como com o jovem e adulto e não faz uso exclusivo de um único recurso. Daí a relevância da formação contínua para o programa que atende a um público específico e a mesma nos ajuda na nossa postura diante do desafio da alfabetização de jovem e adulto.
CONCLUSÃO:
A formação contínua de alfabetizadores tem contribuído para prática daqueles que atuam no programa, e ainda serve de apoio pedagógico para os alfabetizadores que enfrentam dificuldades na elaboração de atividades e na aplicação da metodologia. Conforme os dados obtidos em campo, vimos que a mesma, quando desenvolvida pelos professores em suas turmas de alfabetização na rede municipal de educação, tem ajudado no desenvolvimento da leitura e escrita. Mas, não podemos deixar de destacar que o sucesso obtido pelos alfabetizandos durante o processo, é de acordo com o comprometimento do alfabetizador pela busca de uma sociedade menos desigual, que vise um sujeito que entenda o universo das palavras escritas e, faça-se entender através dessas, ou seja, que a prática pedagógica inicie uma jornada de reafirmação de que o caminho da superação do status de analfabeto venha ser superado Entretanto, é necessário que políticas públicas sejam direcionadas aos jovens e adultos nas mais distantes comunidades para que elas não fique só nas cidades. Com isso a formação contínua dá espaço para que cada um elabore e reelabore a sua visão de mundo e que possibilite que o outro tenha a oportunidade de saber expressar na escrita o seu universo, conhecendo a história que já foi registrada e deixando a sua contribuição.
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas
Palavras-chave: Prática Pedagógica, Metodologia, Alfabetização de jovem e adulto.