61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 8. Antropologia
Quatro Sementes no caminho além do “reino da sala de aula”
Ricardo Rodrigues 1
Dalila Antero 1
Juliana Barroso 1
Anna Barbara C. da Silva 1
Kirla Anderson 1
Luiz Eduardo do Nascimento 1
1. UFPA
INTRODUÇÃO:

Quatro sementes equivalem a quatro fontes para dar vida à caminhada que procura sinais de práticas de conhecedores no cenário da universidade, centrada em sujeitos discentes e docentes que sabem que a universidade não é somente o “reino das salas de aulas”, ou seja, mais do que girar exclusivamente em torno do que é regra - como o currículo - há uma vida universitária nem sempre escrita como o vestibular e as colações de grau. Esse outro lado da universidade aparece melhor em biografias, iniciativas extra-classe, viagens, orientação, co-autorias, defesa de TCC, de mestrado e doutorado, ecos de sucessos e de insucessos, visitas empreendidas fora do script dos currículos, mesmo quando é possível ocorrer a conjugação ensino/aprendizagem com pesquisa e com extensão ou quando é possível certificar freqüência de discentes em eventos nos quais seus papéis progridem de ouvintes para moderadores, debatedores, coordenadores ou apresentadores. Essa listagem apenas levanta o “pano de boca” de cenas cotidianas desapercebidas, porem significativas do ponto de vista educacional, pois elas tecem a biografia de discentes e docentes em vista de seus contextos anteriores, atuais e futuros. Por tanto o objetivo do trabalho é compreender em sua esfera formal e informal a trajetória de universitários.

METODOLOGIA:

Tomamos como ponto de partida um volante feito em 1994, por ocasião 46ª Reunião da SBPC, em Vitória/ES. O material apresentava um conjunto de quatro trabalhos preparados por graduandos, bolsistas de iniciação científica que se faziam orientar dentro de um projeto intitulado “Enraizamento da Pesquisa” e que tinham um antropólogo como orientador. A viagem de ônibus incluiu bolsistas de outras áreas e teve apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa. Os trabalhos foram apresentados em co-autoria, e os discentes eram todos “marinheiros de primeira viagem”. O grupo incluiu ainda outros “não viajantes”, uma bolsista de direito, outra de psicologia, outro de sociologia. Os viajantes eram duas discentes de serviço social, uma de letras, e um de informática. Em 2008, do grupo resultou uma doutora e um mestre em educação, uma mestre em educação, uma mestre em antropologia, uma mestra em letras, uma advogada, uma assistente social e um graduado em informática. A passagem para a pós-graduação estava na perspectiva desses discentes; os três que se profissionalizaram até a graduação não fecharam suas possibilidades de ir mais longe, mas não temos outros detalhes.

RESULTADOS:

Os quatro trabalhos apresentados tinham os títulos: (1) “Antropologia da Educação e Conhecedores”, (2) “Clubes e feiras de Ciências”; (3) “Situações de iniciação científica ampliada”, “Monitoria e Iniciação Científica Ampliada: uma semente para o enraizamento da pesquisa” e (4) “Co-autoria e Interdisciplinaridade”. No trabalho (1) busca-se verificar as possibilidades de educação entendidas através das situações instituídas de matriculados em escolas, estudando conteúdos pré-estabelecidos por currículos. No trabalho (2) destaca – se que o Clube de Ciências da UFPA tenta ser um núcleo multiplicador de incentivo à pesquisa desde o 1º e 2º graus. Clubes e Feiras de Ciências são atividades informais que não estão previstas no currículo escolar. O painel (3) investiga como a atividade da monitoria com bolsa de iniciação científica como prática de ensino e pesquisa na UFPa poderá promover o enraizamento da pesquisa e antecipar a formação do pesquisador, para alunos da graduação. O trabalho (4) faz uma interpretação sobre o termo interdisciplinaridade e sugere o trabalho entre autores de diferentes áreas, onde a colaboração se dá de forma recíproca e crítica. Verificou-se que ao longo de 30 anos houve um movimento crescente do número de publicações, acentuado a partir da década de 1970.

CONCLUSÃO:

Quando referimos conhecedores, queremos destacar o papel dos sujeitos em fase de se tornarem conhecedores, consumidores e produtores. Com esta orientação levamos em conta a importância de firmar o trabalho de ensino/aprendizagem como uma experiência de inserção da biografia de discentes e docentes em esquemas de circulação do saber as quais “o reino da sala de aula” precisa ser integrado em um circuito mais dinâmico. O que chamamos de sementes são passos estratégicos para pertença e autonomia em uma comunidade científica e de cidadania. Qual a contribuição da abordagem de antropologia da educação para a universidade? Desde os anos noventa pudemos ter: 1) pequenos colóquios de antropologia centrados em educação; 2) Pudemos referir a continuidade de uma disciplina de antropologia da educação universitária no interior do PPGCS; 3) Trabalhos de mais de uma década como “diáspora” onde circulam graduandos e pós-graduados dispostos a expressar o “para que serve” a relação entre antropologia e educação. Assim as sementes do título podem florescer e frutificar e dar recados de ensaios e erros diante dos quais nós não podemos permanecer desconhecedores, pois conhecedores nós somos por profissão e não só burocratas sem história, mas atores responsáveis para “além do reino da sala de aula”.

Instituição de Fomento: PROEG
Palavras-chave: antropologia da educação, conhecedores, trajetorias.