61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 3. Fitossanidade
CONTROLE DE STRATEGUS SURINAMENSIS STERNBERG (COLEOPTERA: SCARABAEIDAE) EM PUPUNHEIRA BACTRIS GASIPAES
OLZENO TREVISAN 1
FLAVIO TREVISAN 2
FERNANDO LUIZ DE OLIVEIRA CORRÊA 1
ULISES DE OLIVEIRA DIONATAS MENEGUETTI 2
1. CEPLAC/ESTEX - Ouro Preto do Oeste, Rondônia
2. CEULJI/ULBRA - Ji-Paraná, Rondônia
INTRODUÇÃO:
INTRODUÇÃO: A pupunheira Bactris gasipaes é uma palmeira muito apreciada na Amazônia, seus frutos podem ser consumidos após cocção, o mesocarpo do fruto pode ser utilizado para preparar farinha e o principal aproveitamento da planta é a extração do palmito. O estado de Rondônia é o principal fornecedor de sementes certificadas de pupunha para outras partes do País, aumentado assim, a importância da cultura para o estado que apresentava poucos problemas fitossanitários, até o surgimento de uma praga que passou a destruir tecidos da base da pupunheira. A partir de 2003 aumentaram anualmente as notificações de ocorrência de danos. A mortalidade na lavoura mais atacada chegou a 60% das plantas com até dois anos idade. O inseto macho possui três chifres no protórax, devido a esta característica é conhecido por “besouro-de-chifre” pelos agricultores, na região de ocorrência da praga. Por ser um inseto de difícil controle e praticamente desconhecido na região, investigaram-se aspectos de seu comportamento e controle.
METODOLOGIA:
METODOLOGIA. A metodologia apresentada é o resultado de uma pesquisa participativa entre agricultores e pesquisadores que foi estabelecida a partir do comunicado de ocorrência de danos em plantios de pupunha em áreas de assentamento rural. Os municípios onde o estudo foi conduzido foram: Mirante da Serra, Nova União e Ouro Preto do Oeste. Após investigação da praga em várias lavouras atacadas, realizou-se um encontro técnico com os agricultores mais interessados com o problema, onde se divulgou a descoberta de um produtor que conseguiu coletar insetos jogando água no buraco escavado pelo inseto junto à planta. A metodologia foi testada na prática e estabeleceu-se que era necessário tomar algumas providências para a sua adequação, ou seja: providenciar local de coleta de água, depósito para água, balde, regador, enxada e frasco para conter os insetos coletados, além de se quantificar o consumo de água e estimar o tempo que o inseto demora para sair das galerias inundadas. Insetos adultos medindo 3,4 cm a 5,4 cm de comprimento por 1,6 cm a 2,6 cm de largura foram encaminhados para identificação ao Prof. Dr. Sinval Silveira Neto, curador do Museu de Entomologia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP).
RESULTADOS:
RESULTADOS. O inseto foi identificado e trata-se da espécie Strategus surinamensis Sternberge. Exemplares foram depositados no Museu de Entomologia da ESALQ/USP em Piracicaba, São Paulo. Para o controle do inseto por inundação das galerias com água, são necessários normalmente 5 a 20 litros de água por planta atacada e o tempo de inundação para forçar a saída do inseto variou de 1 minuto a 5 minutos, para a maioria dos casos. Os ataques anuais nas lavouras tiveram início nos meses de setembro e/ou outubro e podem se estender até fevereiro. A concentração do ataque ocorreu com mais freqüência nos meses de outubro e novembro. Em ataques de pupunheiras, ocorridos a mais de uma semana, foram encontrados casais de insetos que escavaram até 80 cm de profundidade, mas em ataques com menos de uma semana, aprofundaram-se até 20 cm. Fator surpresa. Se for colocada água de surpresa, sem que o inseto perceba nenhum movimento antes da entrada da água, o inseto pode sair com menor tempo, mas se for realizado alguma perturbação perceptível pelo inseto, que está no interior da galeria, este pode oferecer resistência para sair, e age como se estivesse percebendo um risco exterior.
CONCLUSÃO:
CONCLUSÃO Foi proposta uma metodologia simples e ecologicamente adequada para controle de S. surinamensis em pequenos cultivos de pupunha com base na agricultura familiar. O ataque da praga é facilmente identificado através escavações pelo inseto junto à planta e se constitui em um bom parâmetro para levantamento da infestação. Ataques mais antigos apresentam como característica morte da folha central “coração morto” ou morte de toda a planta atacada. O inseto pode ser controlado na fase inicial do ataque com inundação de sua galeria, até que saia para respirar, quando deve ser eliminado. O melhor resultado com esse método é alcançado no dia seguinte à construção da galeria pelo inseto, pois o buraco é pequeno e a captura é realizada com menos água e tempo Picos populacionais da praga coincidiram com o início da estação chuvosa. Sendo assim o período crítico da praga, no qual oferece mais riscos a lavouras em Rondônia é o surgimento das primeiras chuvas. Nessa ocasião devem-se fazer vistorias em plantios novos, principalmente naqueles estabelecidos em regiões de ocorrência da praga e encontrando sinais do ataque, marcar o local, visando sua fácil visualização. Em seguida providenciar água e equipamentos (balde, enxada, regador, depósito de água) para coletar os insetos das plantas sinalizadas na lavoura.
Instituição de Fomento: Comissão Executiva do Plano da Lavoura cacaueira (CEPLAC/ESTEX-OP)
Palavras-chave: Manejo ecológico, Praga, Agricultura familiar.