61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 4. Taxonomia
Bosminidae SARS, 1865 (Cladocera, Anomopoda) COM OCORRÊNCIA NO LAGO TUPÉ, MANAUS-AM.
Bruna Patrícia Carlos Ferreira 1
Camila de Araújo Couto 1
Edinaldo Nelson dos Santos Silva 1
1. Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia/INPA
INTRODUÇÃO:
Na região Neotropical a família Bosminidae Sars, 1865 é representada por dois gêneros Bosmina Baird, 1845 e Bosminopsis Richard, 1985. No Brasil, sete espécies da família Bosminidae são conhecidas: Bosmina hagmanni Stingelin, 1904; Bosmina haruoensis Delachaux, 1918; Bosmina tubicen, Brehm, 1953 e Bosmina longirostris (O. F. Muller, 1985), Bosminopsis deiters Richard, 1895; Bosminopsis negrensis Brandorff, 1976 e Bosminopsis brandorffi Rey & Vásquez, 1989. Espécies de ambos os gêneros são encontrados no lago Tupé. Estudos com diversos grupos de invertebrados aquáticos freqüentemente esbarram em dificuldades identificação forma correta e acurada, condição imprescindível para assegurar seu valor científico e sua repetição. Este é o caso dos microcrustáceos da família Bosminidae, geralmente abundantes no lago Tupé, um lago de água preta, próximo a Manaus. O objetivo deste trabalho foi reunir  informações existentes sobre a taxonomia das espécies de Bosminidae que ocorrem no lago Tupé, como ponto de partida para novos estudos na ampliação dos conhecimentos sobre estes organismos.
METODOLOGIA:
Foram utilizadas as descrições originais das categorias taxonômicas envolvidas: família Bosminidae com sete espécies até agora registradas no lago Tupé dos gêneros Bosmina e Bosminopsis. Seguindo de levantamento bibliográfico para levantar o maior número de publicações a respeito dessas espécies. Todo o material para a documentação fotográfica foi proveniente de amostras qualitativas de zooplâncton coletadas mensalmente de março/2003 a fevereiro/2004 e amostras nictemerais da seca de 2001 e 2005, cheia de 2002 e 2006. Estas amostras foram coletadas mensalmente, na estação central do lago. Para as amostragens foram feitos arrastos verticais e horizontais aleatórios na região limnética com uma rede de malha de 55 µm, diâmetro da boca com 30 cm e comprimento total de 60 cm. Posteriormente as amostras foram concentradas, acondicionadas em frascos de polietileno de 100 ml e fixadas com formol, concentração final 6%. O formol utilizado foi previamente neutralizado (pH 7,0) utilizado-se tetraborato de sódio. As amostras foram examinadas utilizando-se microscópio estereoscópico e microscópio óptico convencional quando necessário. A documentação fotográfica foi feita utilizando microscópio óptico e estereoscópico Leica munidos de câmara digital. Para esta documentação, quando necessário os espécimens foram dissecados e montados em preparações temporárias entre lâmina e lamínula.
RESULTADOS:
Foram encontradas cinco espécies da família Bosminidae: B. hagmanni, B. tubicen, B. longirostris, B. deitersi e B. negrensis. B. tubicen e B. longirostris são espécies bem documentadas, mas ainda ocorrem dúvidas a cerca de sua classificação. A posição do poro lateral na região cefálica do animal é o caráter ideal para esclarecer qualquer dúvida sobre a identidade dessas espécies. B. huaronensis e B. hagmanni, são confundidas entre si e com outras espécies. O trabalho que registrou a primeira ocorrência de B. huaronensis no Brasil, fornece ilustrações e diagnose de exemplares de fêmea e macho, de forma a anular qualquer dúvida sobre a classificação da espécie. Embora esta já tenha sido registrada no lago Tupé há controvérsias sobre a real identidade dos exemplares identificados como tal. Há grandes probabilidades de que os exemplares encontrados sejam na realidade uma nova espécie similar. B. hagmanni é uma espécie com caracteres peculiares, mesmo assim esses não são suficientes para acabar com confusões e dúvidas quanto a sua classificação taxonômica. As espécies do gênero Bosminopsis possuem características peculiares, o que simplifica identificá-las. B. deitersi é uma espécie, considerada cosmotropical por ser abundante. Parece ser bem documentada. B. negrensis é comum as águas pretas e está sempre associada à ocorrência de B. deitersi. É uma espécie endêmica da Bacia Amazônica.
CONCLUSÃO:
A escassez  de trabalhos focando à taxonomia de zooplâncton dificulta a classificação desses microcrustáceos, uma vez que conhecer de forma adequada e acurada os organismos com os quais estamos desenvolvendo estudos ecológicos, ou outros quaisquer, é o pressuposto básico, necessário e imprescindível para que estes estudos tenham a abrangência necessária como trabalhos científicos. Portanto, os estudos taxonômicos revestem-se de extrema importância. Organizar estes conhecimentos é tarefa básica para os avanços dos estudos nesta área e também de diversidade, biologia, reprodução e outros mais. Por tudo isso, a organização das informações existentes sobre os cladóceros da família Bosminidae, que ocorrem no lago Tupé, localidade onde se concentram os estudos do laboratório de plâncton, é tarefa importante para ampliar e aprofundar o conhecimento sobre estes organismos. As informações levantadas serão de grande valia e a base para fortalecer os estudos em curso que incluem estes organismos e para a ampliação de outros já iniciados. 
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo a Pesquisa do Amazonas – FAPEAM
Palavras-chave: Taxonomia , Bosminidae , lago Tupé.