61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 1. Anatomia Vegetal
CARACTERIZAÇÃO MACROSCÓPICA DE ESSENCIAS MADEIREIRAS DA REGIÃO DO BAIXO AMAZONAS-AM.
Josene Araújo 1
Danielle Ramos 1
Deliana Vidal 1
Kelly Sarmento 1
Ana Vitória Garcia 1
Ademir Castro e Silva 1
1. CESBAM
INTRODUÇÃO:

A região do Baixo Amazonas caracteriza-se pela sua diversidade arbórea de onde vem a matéria-prima para uso nas indústrias madeireiras (serrarias, marcenarias, etc.) da região.  Toda essa matéria-prima é utilizada baseada apenas na identificação utilizando-se o nome vulgar dessas essências madeireiras. Sabe-se, entretanto, que identificação dessa maneira não é satisfatória, pois, nome vulgar varia de região e espécies com nomes diferentes podem pertencer ao mesmo taxon botânico. Da mesma maneira, madeiras com diferente comportamento tecnológico podem ser erroneamente indicadas para determinados usos em conseqüência da similaridade dos nomes vulgares. Assim, este trabalho visou caracterizar macroscopicamente tecido xilemático de essências madeireiras da região do Baixo Amazonas (AM) como subsídio para a sua correta identificação botânica.

 

METODOLOGIA:

As amostras de madeira foram obtidas junto aos extratores de madeira da região, e levadas ao laboratório de Anatomia da Madeira da Escola Superior de Tecnologia -EST da Universidade do Estado do Amazonas-UEA onde foram preparadas(polidas)  para análise do tecido xilemático. Para caracterização macroscópica utilizou-se as definições dos termos anatômicos proposto pelo Comitê Internacional de Anatomistas da Madeira (IAWA, 1999) e a norma COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas), (1974). Os seguintes caracteres macroscópicos foram utilizados para a descrição das espécies: parênquima, poros, raios, linhas vasculares; e conteúdo dos poros observados nos planos transversal, tangencial e radial.

 

RESULTADOS:

24 madeiras foram descritas macroscopicamente. No grupo das leguminosas a família Fabaceae foi a mais representativa com 5 gêneros.Todos os gêneros nesta família apresentam tecido xilemático bem característico e diferenciado suscitando a identificação. O gênero Hymenoloboium, por exemplo, apresenta o parênquima em faixas largas, visíveis sem ajuda de lupa. O gênero Manilkara (Sapotaceae), é bem caracterizado pela presença de poros de pequenos diâmetros em longas cadeias radiais. Outras espécies apresentam raios estratificados que associados ao tipo de parênquima podem ser utilizados para a identificação macroscópica da madeira. Representantes da família Lauraceae foram os mais difíceis de se identificar macroscopicamente, pois, apresentam elementos celulares dispostos similarmente na seção transversal. Entretanto, exame mais acurado mostra que no gênero Aniba a disposição mais difusa dos poros possibilita a visualização do parênquima vasicêntrico, enquanto que no gênero Mezilaurus  o parênquima vasicêntrio se confunde com a disposição mais próximas do poros. As seguintes espécies foram descritas macroscopicamente: Goupia glabra, Astronium lecointei, OrmAniba canellila, Mezilaurus itauba, Ormosia sp., Simaruba amara, Peltogne catingae, Virola surinamensis, Tabebuia serratifolia, Diplotropis martiusii, Manilkara huberi, Torresia acreana, Carocar villosum, Hymenolobium excelsum, Hymenolobium sp., Cedrela odorata, Hymenaea reticulata, Scleronema sp.,Tabebuia sp., Jacarandá copaia e Erisma lanceolatum.

CONCLUSÃO:

A caracterização macroscópica do tecido xilemático possibilita a identificação de madeiras, considerada tarefa difícil e especializada em razão da diversidade e a semelhança que ocorre entre as espécies. Como resultante a macroscópia proporciona excelentes resultados que busca conciliar o trabalho de observação já realizado de forma empírica por práticos com a teoria da anatomia da madeira. Para o trabalho foram essenciais três direções, indispensáveis para se compreender a natureza anisotrópica do material: longitudinal ou axial, radial e tangencial. Observa-se que o xilema é encontrado em várias regiões dos vegetais, não só no caule, como raiz e ramos. Nem todas as espécies que produzem tecido xilemático são reconhecidas comercialmente como produtoras de madeira, e o estudo macroscópico é a forma mais segura para identificá-las. As vantagens resultantes dessa verificação de identidade são de real alcance para o comercio e a indústria madeireira. Portanto, toda madeira é proveniente de tecido xilemático, mas, sob a ótica comercial, nem todo tecido xilemático produz madeira. Na região do Baixo Amazonas demonstram-se características e condições de solo e clima para uma variedade de espécie na sua maioria utilizadas por serrarias, movelarias, e para exportação.

 

Palavras-chave: madeira da Amazônia, parênquima, raios estratificados.