61ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 7. Meteorologia
Estudo do índice de interceptação de chuva em relação ao Índice de Área Foliar (IAF) para duas áreas na região de Manaus
Larissa Passos da Silva. 1
Fabrício Berton Zanchi 1
Antônio Ocimar Manzi 1
1. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
INTRODUÇÃO:

A Chuva Não-interceptada é um parâmetro do Ciclo Hidrológico que pode influenciar em todo o ecossistema. Devido o aprisionamento de precipitação no dossel da floresta, parte pode ser transferida para a água não-interceptada, podendo ir para o solo e recarregar o lençol freático da bacia hidrográfica. A quantidade de chuva interceptada e não-interceptada possui uma correlação direta com a cobertura da floresta. A densidade e composição do dossel podem diferir em cada região, não podendo esses fatores ser desconsiderados como uma fonte de variabilidade da interceptação da água da chuva. Para a quantificação desses fatores pode ser utilizada a medida de Índice de Área Foliar (IAF). Este índice depende do tipo de vegetação e influencia na quantidade de chuva interceptada e não interceptada.

Este trabalho teve como principais objetivos a quantificação das taxas de interceptação e de não-interceptação em relação ao IAF para duas áreas do estado do Amazonas uma com floresta de Baixio e de Campinarana (Reserva Biológica do Cuieiras) e outra com uma componente florística de campina (Reserva de Campina).
METODOLOGIA:

A precipitação foi medida por 1 pluviômetro EM, ARG100 (0.10 mm de resolução) conectado a um datalogger da Campbell Scientific. Os valores foram armazenados em totais obtidos a cada 10 minutos.

A metodologia estabelecida foi descrita por Holwerda et al. (2006), para a avaliação da taxa de Interceptação da chuva, onde foram utilizados 60 pluviômetros  em ambas as áreas de pesquisa. Sendo cada uma delas subdividida em duas áreas de amostragem.

Os Pluviômetros foram confeccionados com garrafas “PET” de 2 litros e distribuídos 30 unidades aleatoriamente em cada grade de 60 posições. Destes 30 pluviômetros, cada grade pôde ter um total de 180 posições possíveis dentro de todas as áreas de amostragem. As mudanças de posição dos pluviômetros foram feitas a cada 3 dias.

Conjuntamente às grades de amostragem dos pluviômetros foram feitas as medidas do IAF, utilizando o sensor LAI-2000 (LI-COR, Biosciences). Este sensor calcula a estrutura do dossel das árvores através das medidas de radiação que penetram nas copas. Foram feitas medidas pontuais nos locais onde cada pluviômetro foi posicionado. Assim, para cada medida de pluviometria adquirida, pôde ser feita uma correlação da precipitação com o IAF para um total de 30 eventos de chuva no período chuvoso e no período seco.
RESULTADOS:

Utilizando a metodologia de Holwerda et al. (2006), os eventos utilizados neste estudo foram aqueles com valores de precipitação abaixo de 5 mm.

A relação encontrada entre o IAF, interceptação e não-interceptação configurou uma forma linear, ou seja, um aumento da chuva interceptada e um decréscimo da não-interceptação com o aumento do IAF. Ao serem comparados os resultados para o período seco e para o chuvoso, encontramos que: primeiramente, o IAF da Reserva de Cuieiras apresenta maiores médias (4,9 m2/m2 no período seco e 5,4 m2/m2 no chuvoso) quando comparado com o índice da Reserva de Campina (média de 3,4 m2/m2 em ambos os períodos); quanto à Interceptação, verificou-se que no período chuvoso houve maiores valores para a reserva de Cuieiras (maior IAF), com 46,9% de chuva interceptada; já no período seco houve maior Interceptação na Campina, com 41,9%; de um modo geral tivemos maior quantidade de interceptação no período chuvoso do que no seco. Obviamente, os resultados de Não-interceptação apresentaram-se inversos aos de Interceptação. Além disso, verificou-se que a interceptação diminui em padrão logarítmico com o aumento da intensidade da chuva para todas as áreas estudadas.
CONCLUSÃO:

Como esperávamos, a relação encontrada entre o IAF, interceptação e não-interceptação configurou uma forma linear, ou seja, um aumento da chuva interceptada e um decréscimo da não-interceptação com o aumento do IAF.

Os resultados do presente trabalho foram correspondentes aos encontrados por Holwerda et al. (2006) quanto à relação da Interceptação e Não-interceptação com o Índice de Área Foliar.

Diante do fato de que os resultados obtidos através deste estudo são inéditos para as áreas de Campina, Campinarana e Baixio, é importante salientar sua importância para a compreensão da dinâmica do ciclo meteorológico e hidrológico regionais. Portanto, utilizando os resultados encontrados nesta pesquisa, poderão ser feitos estudos de modelagem do Ciclo Hidrológico em regiões com as mesmas características biológicas.
Instituição de Fomento: INPA / CNPQ
Palavras-chave: Precipitação, IAF, Interceptação.