61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 1. Silvicultura
COMPARAÇÃO ENTRE A ADUBAÇÃO QUÍMICA E A ADUBAÇÃO COM VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA PICADA NO CRESCIMENTO E ESTADO NUTRICIONAL DE UM PLANTIO DE CASTANHEIRA-DA-AMAZÔNIA (Bertholletia excelsa H. B.) EM ÁREA ALTAMENTE DEGRADADA.
Ana Carolina de Souza dos Santos 1
João Baptista Silva Ferraz 1
1. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
INTRODUÇÃO:
A formação de plantios florestais sobre áreas degradadas na Amazônia apresenta como limitação, a baixa fertilidade. Isto decorre dos impactos que estas sofreram, devido ao estabelecimento de pastagens, agricultura migratória ou retirada da floresta para exploração madeireira. Entretanto, em áreas onde houve um decapeamento do solo, com a completa retirada dos horizontes A e parte dos horizontes B, resta apenas um solo superficial muito pobre em nutrientes e matéria orgânica, baixa capacidade de troca catiônica e soma de bases. Para se obter sucesso em plantios florestais é importante considerar a continuidade da oferta de nutrientes. Porém, nessas áreas, esta oferta é muito reduzida. Uma maneira de suprir essa demanda é a adubação química, com fertilizantes industriais. No entanto, para pequenos produtores os altos custos desses fertilizantes inviabilizam sua utilização. Uma alternativa é a utilização da adubação verde, onde resíduos vegetais são incorporados ao solo ou utilizados como cobertura, barateando o custo da adubação. Diante disto, este estudo objetivou comparar os efeitos da adubação verde com vegetação secundária picada com os da adubação química sobre o estado nutricional e o crescimento da castanheira-da-Amazônia plantada em área altamente degradadas.
METODOLOGIA:
O experimento localizou-se no 1º BIS Amv. (Manaus-AM). Na década de 80, esta foi desmatada, terraplanada, compactada e abandonada. Devido ao alto grau de compactação e baixa fertilidade, não houve regeneração natural. Em março de 2004 foram plantadas mudas de castanheira-da-Amazônia com 7 meses de idade e altura média de 55cm, vindas da Fazenda Aruanã (Itacoatiara-AM). Estas foram plantadas em covas de 30x40cm, espaçamento de 1x1m e adubadas com 150g de OUROMAG® (4% N, 14% P, 7% K, 11,5% Ca, 2,7% Mg, 10,4% S, 0,07% B, 0,59% Zn e 0,15% Cu) por cova. Selecionaram-se 12 blocos, com 50 árvores, 4 repetições por tratamento (adubação química, adubação verde e controle). Para a adubação verde foram coletados e picados galhos e folhas da capoeira adjacente, espalhados nos blocos, utilizando-se 9kg m-2. Para a adubação química foi utilizada 150g de OUROMAG® e 50g de calcário dolomítico por planta. Aos 44 meses de idade do plantio, foi realizada a biometria de todos os indivíduos e coleta foliar de 3 indivíduos para avaliação nutricional. Foram determinados os teores de P (método molibdato de amônio) e K, Ca, Mg, Fe, Zn e Cu (digestão em solução nitricoperclórica com leitura em espectrofotômetro). Os dados foram submetidos à análise estatística ANOVA e teste Tukey a 5%, SISVAR 5.0.
RESULTADOS:
A taxa de sobrevivência no tratamento com vegetação secundária picada apresentou-se 15% maior em relação aos tratados com adubação química. Os teores de macronutrientes nos dois tratamentos foram semelhantes. Somente o cálcio apresentou carência, que variou entre 5,4g kg-1 (AV) e 5,3g kg-1 (AQ), inferiores a 16g kg-1. Os teores de magnésio variaram entre 2,3 g kg-1 (AV) e 2,2g kg-1 (AQ), no intervalo adequado de 1,5 a 3,0g kg-1. Nos teores de fósforo a variação foi entre 1,3g kg-1 (AV) e 1,2g kg-1 (AQ), e potássio com 11,4g kg-1 (AV) e 13,6g kg-1 (AQ). Os teores de micronutrientes apresentaram-se maiores no tratamento com adubação verde. O cobre apresentou carência no tratamento com adubação química (3,7mg kg-1), ao contrário da adubação verde (10,0mg kg-1), considerado o intervalo de 5 a 20mg kg-1. O ferro encontrou-se em carência nas plantas da adubação química (108,9mg kg-1), já na adubação verde encontram-se na média de 110 mg kg-1 , com 114,9mg kg-1. Para o manganês os teores foram de 30,7mg kg-1 (AV) e 26,1mg kg-1 (AQ) e, para o zinco, 21,1mg kg-1 (AV) e 17,3mg kg-1 (AQ), ambos considerado bons, tida média de 20mg kg-1 e 15mg kg-1. As médias de alturas e DAC foram maiores nas parcelas de adubação verde que nas de adubação química, reflexo do melhor estado nutricional.
CONCLUSÃO:
As plantas tratadas com adubação com vegetação secundária picada apresentam maior taxa de sobrevivência que as tratadas com adubação química, além de promover maiores teores de nutrientes foliares às plantas que, em conseqüência, melhoram o crescimento em altura e diâmetro (DAC). Sendo, portanto, uma melhor alternativa de adubação do ponto de vista nutricional e econômico.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Palavras-chave: silvicultura, adubação, castanheira-da-Amazônia.