61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
CHUVA DE SEMENTES E REGENERAÇÃO NATURAL EM ÁREA ADJACENTE A FRAGMENTOS FLORESTAIS DE VEGETAÇÃO ESTACIONAL SEMI-DECIDUAL NA REPRESA DE ITUPARARANGA
CLAUDIO ROBERTO ANHOLETTO JUNIOR 1
VILMA PALAZETTI DE ALMEIDA 2
1. Departamento de Morfologia e Patologia/PUC-SP.
2. Professora Dra. Orientadora/PUC-SP
INTRODUÇÃO:
O processo de regeneração natural em florestas tropicais sujeitas a diferentes níveis de perturbação é um importante tópico a ser abordado devido ao grande número de florestas secundárias no Brasil. Para a maioria das espécies florestais tropicais, a entrada de propágulos pela chuva de sementes é sua principal fonte de regeneração. Assim uma forma de se deduzir sobre os processos de dispersão em ambientes florestais é através da análise da chuva de sementes, por se tratar de um processo inicial da organização, estrutura e dinâmica de florestas tropicais. O conhecimento da variação da chuva de sementes ao longo do tempo tem contribuído para a compreensão dos processos reprodutivos e da dinâmica de florestas naturais, com isso sua importância tem sido cada vez mais reconhecida. Este trabalho teve por objetivo a análise da chuva de sementes em uma área devastada que se encontrada cercada por um grande fragmento florestal, elucidando as principais síndromes de dispersão, hábitos vegetais e a qual estágio de sucessão pertencem as espécies dispersoras, inferindo assim a situação da comunidade presente no fragmento florestal, em termos de sucessão ecológica, grau de perturbação e estrutura vegetacional.
METODOLOGIA:
Durante 7 meses (Agosto a Fevereiro), a chuva de sementes proveniente de um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual, localizado às margens do Reservatório de Itupararanga, Votorantim, SP, foi amostrada com o auxílio de 45 coletores de sementes. Os coletores foram confeccionados com caixas de madeira e tela de nylon, e possuem área interna de 0.20m2 cada um. Estes foram fixados a 90cm do solo, e distribuídos a diferentes distâncias da borda da mata, perfazendo uma superfície total de coleta de 9m2. Visitas quinzenais foram realizadas à área de estudo e o material coletado passou por triagem, com a seleção das sementes aparentemente viáveis, sem evidência de predação ou ataque de fungos. Os propágulos foram contados, separados em morfo-espécies e então identificados até o nível taxonômico mais fino possível, sendo classificados quanto ao seu hábito de vida, síndrome de dispersão e grupo ecológico. Os parâmetros da regeneração natural avaliados foram a Densidade Absoluta e Freqüência Absoluta das espécies.
RESULTADOS:
Foram coletados 1233 propágulos, com 22 morfo-espécies identificadas, distribuídas em 11 famílias botânicas. As famílias com maior abundância quanto ao número de sementes foram Poaceae e Asteraceae e o número de propágulos recolhidos totalizou uma densidade média de deposição de 137 indivíduos/m2, sendo Brachiaria sp., Gochnatia polymorpha e Chromolaena laevigata, as espécies com maiores densidades absolutas. As espécies com maior frequência absoluta foram Gochnatia polymorpha, Brachiaria sp., Crotalaria lanceolata e Rapanea ferruginea. As espécies iniciais predominaram sobre as tardias neste estudo e a síndrome de dispersão mais evidente foi a anemocórica, seguida pelas dispersões autocórica e zoocórica. Quanto à diversidade de hábitos, a maioria dos diásporos coletados pertence a espécies arbóreas, seguida por arbustivas, herbáceas e trepadeiras. Os meses que apresentaram maior número de espécies coletadas foram Setembro, Outubro e Dezembro. Comparando as espécies observadas no fragmento com os diásporos coletados no período de estudo, constatou-se que a maioria das sementes são autóctones.
CONCLUSÃO:
O número de sementes coletadas no período de estudo esteve dentro da amplitude encontrada em outras florestas tropicais. Houve grande variação no número e diversidade de propágulos encontrados a cada visita realizada, uma boa diversidade de espécies que contribuem com a chuva de sementes para o avanço do fragmento sobre a área de pasto abandonada, além de sazonalidade na dispersão de espécies zoocóricas e autocóricas. A análise da chuva de sementes indicou a presença de um número maior de espécies arbóreas e arbustivas contribuindo para a mesma, porém maior número de indivíduos do grupo das herbáceas dispersando seus propágulos. A chuva de sementes se mostrou mais evidente a pouca distância da borda do fragmento, porém propágulos foram encontrados em 87% dos coletores, evidenciando sua importância na recuperação do fragmento. As espécies Brachiaria sp., Gochnatia polymorpha e Chromolaena laevigata exerceram grande influência nos resultados obtidos devido ao número excepcional de sementes coletadas em relação às outras espécies. A disposição quantitativa dos grupos ecológicos (pioneiras; tardias) e das síndromes de dispersão mais evidentes (anemocoria; autocoria) indicaram a presença de um fragmento em estágio secundário de regeneração.
Instituição de Fomento: PIBIC-CEPE.
Palavras-chave: regeneração natural, estacional semi-decidual, chuva de sementes.