61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 1. Gerontologia
A REALIDADE DAS MULHERES IDOSAS INSTITUCIONALIZADAS NA CIDADE DE MANAUS
Simone Moraes Lisboa 1, 2
Yoshiko Sassakiyo 3
1. Prog.de Pós-Gr. Strito Senso: Mestrado em Serv. Social e Sust. na Amazônia/UFAM
2. Centro Estadual de Convivência do Idoso – CECI/SEAS
3. Universidade Federal do Amazonas – UFAM
INTRODUÇÃO:

O fenômeno da longevidade no mundo tem repercutido nos campos social e econômico de forma ofensiva. Trata-se de um processo que se desenvolve segundo as características e especificidades encontradas entre os diversos países do mundo. A reflexão acerca desta realidade é relevante por se perceber que o Brasil tem alcançado uma população de 18 milhões de idosos, enquanto que o Amazonas está com 167 mil idosos, concentrando destes, 89% na Capital – Manaus (IBGE/2006). As instituições asilares e ou de longa permanência foram criadas como mecanismos de controle da mendicância e da pobreza instaurada a partir do período áureo da borracha e ampliada com a Zona Franca de Manaus. Neste período foi deixado um grande contingente de pessoas a margem da sociedade, comprometendo as relações afetivo-familiar que foram estabelecidas e condicionadas a partir dos conflitos de poder entre os gêneros humanos na sociedade. Neste sentido, este artigo tem como objetivo refletir sobre a realidade das mulheres idosas institucionalizadas na cidade de Manaus, pontuando a condição da mulher na sociedade amazonense enquanto indicador determinante para seu asilamento e institucionalização na velhice.

METODOLOGIA:

Os objetivos foram alcançados a partir de uma ação-reflexão-ação realizada ao longo de um período de 10 anos de atuação profissional junto às Instituições de Longa Permanência e/ou Asilar: Fundação Dr. Thomas – FDT e Casa de Idosos São Vicente de Paulo – CISVP. Tendo um universo total de 157 idosos institucionalizados e distribuídos nas respectivas instituições citadas; na primeira com 122 idosos e na segunda 35 idosos. A coleta de dados foi realizada a partir de levantamento documental dos registros de internação identificando mulheres idosas, familiares ou amigos responsáveis pela internação asilar e que registraram os motivos de suas institucionalizações.

RESULTADOS:

A FDT surgiu em 1909, como Asilo de Mendicidade, passando em 1967 para a responsabilidade da Prefeitura de Manaus através de Decreto Municipal; a CISVP surgiu em 1899 com sede no Rio de Janeiro através da Sociedade Vicentina desenvolvendo um trabalho caritativo de atenção às viúvas e seus filhos órfãos. Na FDT foram identificados 122 idosos, destes 62% são mulheres; dentre as quais 58% encontram-se num quadro de média a alta dependência com um histórico de violência, exploração sexual e de trabalho registrados ainda na infância, sendo levadas para internação asilar devido à perda de seu papel funcional junto aqueles que de alguma forma, ou por algum motivo, “assumiram o lugar da família” na vida destas mulheres; Na CISVP foram identificados 35 idosos, destes 60% são mulheres, das quais 20% estão entre média a alta dependência com um histórico de viuvez, violência sexual ou separação e abandono.

CONCLUSÃO:

A compreensão da velhice e o envelhecimento na região da Amazônia perpassam pela necessidade de um olhar diferenciado devido às condições socioeconômicas e familiares estabelecidas a partir da formação e desenvolvimento urbano da cidade de Manaus. As duas Instituições estudadas surgiram com a mesma finalidade, ou seja, o controle da mendicância e da pobreza. Sendo a primeira um reflexo da economia local comandada pelos homens componentes dos Grupos Maçônicos e Kardecistas, e a segunda como uma ação caritativa da Igreja Católica, comandada pelos Padres e Freiras junto às comunidades visando o ajustamento e a reintegração dos pobres. As relações sociais e interpessoais nestes períodos foram estabelecidas e condicionadas a partir dos conflitos de poder entre os gêneros humanos na sociedade que se iniciaram no período áureo da borracha e se consolidaram com a industrialização da Zona Franca de Manaus. Neste sentido, conforme os registros documentais e teóricos, conclui-se que as respectivas instituições não tinham critérios estabelecidos de internação, e sim praticas pautada nos princípios da funcionalidade e operacionalidade econômica. Portanto, toda e qualquer pessoa que não estivesse integrada ao sistema vigente era concebido como mendigo, louco ou disfuncional, fundamentando assim as praticas realizadas com estas mulheres idosas e institucionalizadas, muitas delas, ainda na juventude com um grande histórico de vários tipos de violências.

Palavras-chave: Instituições Asilares, Mulheres, Velhice.