O curimatã Prochilodus nigricans (Agassiz, 1829), pertence á família prochilodontidae, ordem Characiformes (Castro e Vari, 2003), possui porte médio medindo até 50 cm de comprimento e 3 kg de peso e está distribuído por toda bacia Amazônica e também da bacia do Tocantins (Castro e Vari, 2003). São peixes fusiformes, hidrodinâmicos, com uma coloração cinza azulada no dorso, e um pouco mais clara e prateada no ventre (Castro e Vari, 2003; Santos et al., 2006). A boca é terminal com lábios em forma de ventosa com pequenos e numerosos dentes córneos movem nos lábios usados para raspar o perifíton. Formam numerosos cardumes e realizam longas migrações reprodutivas e tróficas superando obstáculos e pequenas cachoeiras (Santos et al.). Possuem crescimento rápido e alta fecundidade, sendo que a sua desova ocorre durante a enchente em rios de água branca ou clara e os jovens desenvolvem-se nas áreas de várzea. Possuem grande importância na pesca comercial e de subsistência. Este trabalho tem como principal objetivo estudar a parasitofauna de Prochilodus nigricans de lagos de várzea do rio Solimões entre o gasoduto Manaus e Coari, identificando as espécies e os locais de fixação no hospedeiro, avaliando as possíveis patogenias causadas no hospedeiro.

Foram feitas quatro excursões uma em cada período hidrológico, para coleta, identificação, e transporte dos peixes, foi utilizado malhadeiras cujo tamanho foi de 30 a 80 mm entre nós adjacentes, estas redes possuem dimensões de 20 m de comprimento por 2 m de alturas. Todos os peixes coletados foram levados ao barco laboratório, identificado por fichas e armazenados em sacos plásticos e conservados no freezer a 18ºC para conservação dos parasitos até chegar ao laboratório de Parasitologia de Peixes do INPA. Após chegar ao laboratório estes peixes foram transferidos para os congeladores em caixas de isopor com gelo. Para o estudo da parasitofauna do peixe foi preenchida uma ficha de necropsia e em seguida feita à biometria, necropsia, e a analise dos órgãos ao estereomicroscopio, em seguida os parasitos encontrados foram coletos, fixados e conservados em tubos de 2ml para identificação das espécies. Para análise quantitativa dos parasitos encontrados foram utilizados os seguintes índices parasitários, segundo Bush et al. (1997): Prevalência, Intensidade, Intensidade média e Abundância. Este trabalho foi desenvolvido em colaboração com o projeto “Inteligência Sócioambiental Estratégica da Indústria do Petróleo na Amazônia” - PIATAM. 

Foram analisados (33) Prochilodus nigricans, proveniente de lagos de costa onde as coletas foram realizadas: Preto, Iauara, Araçá, Maracá e se se localizam no trecho entre as cidades de Manaus e Coari, Amazonas (aproximadamente 400 km de distância). O principal grupo de parasitas que foi encontrado no curimatã foram Monogenoidea, Copépodos, Acanthocephala e Branchiura. O comprimento total médio foi de 25,5 (±3,91 cm) e o peso médio de 310,3 (± 142,47 g), a maioria do peixe (24) foram coletados durante o período da vazante, seis na enchente e três na seca e 94% estavam parasitados.  Um total de 645 exemplares de Monogenoidea foi coletado dos filamentos branquiais dos curimatãs. Também foram coletados ainda nos filamentos branquiais, 47 Copépodos e 01 Branchiura. No intestino deste mesmo peixe foram coletados 21 Acantocéfalos. O maior índice parasitário foi para a classe  Monogenoidea com total de 645 exemplares, com  prevalência de 94% , intensidade de 1 a 89, intensidade média de 20,8 , e abundância de 19,5.  O menor índice ficou para a classe Branchiura com  1 exemplar ,  com prevalência de 3%, intensidade de 1, intensidade média  1, abundância de 0,3.

 Após a necropsia podemos observar que a classe que mais predominou foi Monogenoidea com 645 exemplares. Os Monogenoidea são Platyhelminthes, em sua maioria, ectoparasitos de peixes marinhos e de água doce. Estes helmintos apresentam um órgão de fixação, denominado haptor, situado na extremidade posterior do corpo. Podem ser encontrados parasitando as brânquias, superfície do corpo, nadadeiras, fossas nasais, olhos, cloacas, ureteres e alguns no coração (Yamaguti, 1963; Belmont-Jégu, 1992; 1998; Kohn & Cohen, 1998; Pavanelli et al., 2002).  Estes parasitas quando atacam as brânquias produzem bastante muco, causando a morte do peixe. A maioria dos parasitos descritos para o curimatã é característica deste peixe, alterações ambientais ocasionadas pela poluição poderiam interferir nas populações destes parasitos. Torna-se necessário saber como essas populações de parasitas se comportam antes e depois dessas alterações ambientais, para então determinar o quanto à população daquela determinada área foi afetada.

 O presente trabalho se insere na subárea de Ictioparasitologia no projeto “Estudo da fauna de parasitas de peixes e sua avaliação como bioindicadores ambientais, na Amazônia Central”.