O armazenamento de germoplasma-semente de espécies lenhosas, visa a manutenção da qualidade genética e fisiológica até o momento de uso. A longevidade da semente depende de condições como a temperatura, embalagem, umidade, presença de luz, teor de oxigênio, integridade, e grau de maturidade.

As espécies arbóreas Dalbergia miscolobium Benth. (Fabaceae) e Dimorphandra mollis Benth. (Fabaceae) objetos deste trabalho, são espécies de elevado potencial para  recuperação de áreas degradadas. Este trabalho objetivou avaliar o efeito de temperatura e teor de umidade do ambiente de armazenamento sobre a germinação e vigor das sementes de ambas as espécies, ao longo de diversos períodos de tempo.

As sementes de Dalbergia miscolobium e Dimorphandra mollis foram armazenadas em embalagens aluminizadas, à prova de luz e à troca de vapor de água, no Laboratório de Preparo de Amostras da EMBRAPA/CENARGEN por um período de dois anos, e analisadas no Laboratório de Sementes Florestais do Departamento de Engenharia Florestal da UnB.

Os teores de umidade das amostras de cada espécie estudada encontravam-se ajustados para 6% e 12% (base úmida). As temperaturas de ambiente de armazenamento foram 20ºC, 5ºC, 15ºC e 25ºC.

Após determinado período sob tais condições de temperatura e umidade, foram realizados testes de germinação em caixas gerbox com substrato de papel filtro, à temperatura constante de 25ºC e ausência de luz, com 4 repetições de 25 sementes, com monitoramento diário ao longo de 30 dias. As sementes que não germinaram após a realização do teste de germinação foram submetidas ao teste de tetrazólio, a 0,5%, por 24 horas, a 25ºC.

Foram observados índice de velocidade de germinação (vigor) e porcentagem de germinação (viabilidade), e adotado um esquema fatorial 2 x 4 x 3 (dois teores de umidade, 4 temperaturas de armazenamento e 3 ocasiões de avaliação) em delineamento inteiramente casualizado, a um nível de significância de 5%, comparando-se as médias pelo teste de Tukey.  Para D. miscolobium, a interação tempo X temperatura não foi significativa para o IVI. Pode-se estudar o efeito da temperatura para qualquer teor de umidade. Não houve diferença significativa entre os teores de umidade. O IVG em função da temperatura foi maior nas temperaturas de 5ºC e 15ºC. A viabilidade foi melhor na temperatura de 15ºC para os dois teores de umidade. Para D. mollis, a interação tempo x temperatura foi significativa para viabilidade e vigor, que aumentaram com o aumento da temperatura no teor de umidade 6%. No teor de umidade 12%, não houve efeito da temperatura na viabilidade, e o vigor foi maior nas maiores temperaturas.

Quanto à morfologia das plântulas, não foi possível avaliar morfologia de Dimorphandra mollis devido à intensa ocorrência de fungos. Já para Dalbergia miscolobium, verifica-se que a germinação é epígea, com colo indistinguível, hipocótilo e epicótilo longos, 2  a 3 folhas compostas partindo da mesma altura, com gema apical visível. Observa-se também que os cotilédones mantêm-se verdes durante todo o período de permanência em condições de laboratório.

De acordo com os resultados obtidos, As sementes das espécies Dalbergia miscolobium e Dimorphandra mollis podem ser classificadas, quanto ao comportamento em armazenamento, como ortodoxas, pois se apresentaram viáveis e vigorosas após dois anos de armazenamento. 

Desta forma, pode-se afirmar que estas espécies têm potencial para serem usadas no comércio de mudas, tendo na medida em que a oferta de sementes pode ser tamponada pelo seu armazenamento.