61ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 7. Planejamento Urbano e Regional - 4. Planejamento Urbano e Regional
PLANO CICLOVIÁRIO DE PRESIDENTE VENCESLAU
Fernando Henrique de Azevedo 1
José Roberto Fernandes Castilho 1, 2
1. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
2. ORIENTADOR
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho é produto do Plano Diretor da cidade de Presidente Venceslau/SP, elaborado por equipe multidisciplinar da FCT-UNESP, composta por alunos de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Cartográfica e Engenharia Ambiental. Localizada na região de Presidente Prudente, a cidade surgiu a partir da linha férrea Sorocabana, tem população estimada para 2008 de 38.825 habitantes. O uso da bicicleta como meio de transporte é difundido e incentivado a muito tempo em várias cidades pelo mundo. No Brasil a utilização deste meio de transporte ainda é bastante tímida: poucas cidades possuem planos e projetos cicloviários, e dentre essas que os possuem, uma quantidade ainda menor investe nesses planos para que se revertam em uma estrutura adequada para esse tipo de transporte. Analisando o quadro atual do transporte cicloviário no país e a crescente demanda por um transporte eficiente de baixo custo, buscou-se exemplificar as dificuldades de implantação de um sistema cicloviário em um município pequeno onde não houve previsão do uso da bicicleta como transporte habitual. Os principais objetivos do plano cicloviário se referem à justiça social e ao meio ambiente: ampliando a mobilidade da população por meio de um transporte democrático sem impactos ambientais.
METODOLOGIA:
Como se trata de um projeto contido no Plano Diretor, optou-se por cruzar as informações necessárias para delimitação das Áreas Especiais de Interesse Social com o plano cicloviário. A partir da delimitação dessas áreas, seguindo o objetivo de se privilegiar a população de baixa renda, obtiveram-se os principais pontos de partida das rotas dos ciclistas. Sabendo onde se localiza a população que deverá utilizar mais freqüentemente a rede cicloviária, buscaram-se criar as menores rotas de acesso às áreas centrais e demais áreas levantadas como de interesse coletivo. O plano cicloviário prevê a adequação de uma malha viária existente a um novo uso inserido em sua estrutura, sendo necessário o estudo da topografia das vias pensadas para compor a malha cicloviária, evitando propô-la em locais que possuem relevo acidentado, o que poderia prejudicar a utilização plena dessas faixas pelos ciclistas. Nestas vias também foram feitas medições e uma análise do fluxo e da importância delas no contexto da cidade, de modo a verificar se elas suportariam a instalação de uma faixa que diminuirá seu leito carroçável, evitando transtornos aos demais usuários dessas vias e aos moradores e comerciantes locais.
RESULTADOS:
A rede cicloviária proposta conta com aproximadamente 12 km de extensão ligando as diversas áreas da cidade aos principais pontos de interesse da população. O eixo leste-oeste aproveita a faixa não-edificável da ferrovia, atualmente já utilizada pelos ciclistas por ser plana e cortar toda a região central, porém não possuindo nenhuma infraestrutura que melhore as condições de tráfego. A malha cicloviária do eixo norte-sul contará com quatro vias adaptadas à circulação de bicicletas, tendo sido necessário reordenamento viário apenas nos locais que apresentam vias estreitas, uma vez que na maioria das vias centrais e dos bairros antigos o leito carroçável é bastante largo para o suporte às ciclofaixas. Foram propostos também bicicletários e paraciclos juntos ao terminal urbano-rodoviário, parques, praças e escolas, ampliando desta maneira a integração com outros transportes e difundido sua utilização entre a população. Toda a rede cicloviária deverá contar em todo seu percurso com projeto integrado de arborização e iluminação, garantindo conforto térmico e a utilização também em período noturno. Visando garantir o planejamento contínuo, o Plano Diretor também tornará obrigatória a instalação de ciclovias nos novos loteamentos que forem criados, integrando-as às propostas.
CONCLUSÃO:
O investimento em ciclovias é uma medida de planejamento a médio-longo prazo, e sua popularização se mostra difícil num país onde não existe cultura de se planejar as cidades, onde todos os investimentos são revertidos em ações de curto prazo que não mudam a realidade local, apenas a remediam. Os projetos urbanos estão relacionados a decisões políticas, e essa relação cria dificuldades para o prosseguimento das idéias e ações de planejamento, logo, a existência de um plano com força jurídica se mostra essencial para o prosseguimento do processo de planejar a cidade. Medidas alternativas voltadas à diminuição dos problemas ambientais e sociais se mostrarão eficazes com o passar do tempo, validando propostas sustentáveis para resolver os entraves da mobilidade em nossas cidades.
Instituição de Fomento: Prefeitura Municipal de Presidente Venceslau
Palavras-chave: Planejamento urbano, Transporte cicloviário, Urbanismo.