61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 4. Conservação da Natureza
CHUVA DE SEMENTES EM FLORESTA OMBRÓFILA MISTA, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL
Ezequiel Gasparin 1
Angela Luciana de Avila 2
Maristela Machado Araujo 3
Solon Jonas Longhi 3
Teiva Fernanda Schettert 4
1. Bolsista FIPE Sênior/UFSM. Graduação em Engenharia Florestal/UFSM
2. Bolsista do CNPq - Brasil. Pós-Graduação em Engenharia Florestal/UFSM
3. Prof. Dr. Departamento de Ciências Florestais/UFSM
4. Graduação em Engenharia Florestal/UFSM
INTRODUÇÃO:
O bioma Mata Atlântica é constituído por um mosaico diversificado de ecossistemas, caracterizado por estrutura e composição florística peculiar em resposta às diferentes condições edáficas, climáticas e características do relevo que ocorrem nas áreas de domínio. Dentre os ecossistemas que fazem parte deste bioma destaca-se a Floresta Ombrófila Mista, geralmente localizada em elevadas altitudes e caracterizada pela ocorrência de gimnospermas, como a Araucaria angustifolia. Mecanismos de regeneração natural como a chuva de sementes, banco de sementes do solo, brotações e banco de plântulas são fundamentais para a manutenção das populações florestais, pois promovem o processo de renovação e diversificação da floresta. A chuva de sementes representa a quantidade de diásporas que atingem o solo através dos mecanismos de dispersão. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi avaliar a densidade e a composição da chuva de sementes em Floresta Ombrófila Mista, no Rio Grande do Sul, subsidiando informações para o entendimento do processo de recomposição da floresta.
METODOLOGIA:
O estudo vem sendo conduzido na Floresta Nacional (FLONA) de São Francisco de Paula, município de São Francisco de Paula, nordeste do estado do Rio Grande do Sul. A área total da FLONA corresponde a 1.606,6 ha, correspondendo a 900 ha de floresta nativa, 390 ha com plantio de araucária e 274 ha com plantio de espécies exóticas, além das áreas de benfeitorias. Para a avaliação da chuva de sementes foi utilizada a estrutura amostral do Projeto PELD/CNPq (Projeto Ecológico de Longa Duração) onde foram distribuídos 96 coletores circulares, com área de 1 m2, dispostos a 1 m do solo. Os mesmos foram locados de forma sistemática (distantes 20 m) em 6 parcelas de 100 x 100 m (16 coletores em cada parcela). As coletas foram realizadas mensalmente, de fevereiro de 2008 a janeiro de 2009. As diásporas aparentemente viáveis e com tamanho maior ou igual a 1 mm foram separadas e identificadas no Viveiro Florestal (UFSM).
RESULTADOS:
No período de estudo verificou-se que nos meses de fevereiro a junho ocorreu o maior número de espécies dispersando, sendo que no mês de março foram identificadas 40 espécies. Por outro lado, outubro representou o mês em que ocorreu menor quantidade de espécies dispersando. O total de sementes observadas durante o período de estudo foi de aproximadamente 1209 sementes/m2. Os meses em que ocorreu maior intensidade de dispersão correspondem ao período de fevereiro a maio, sendo que a partir do mês de junho foi observada uma redução e, em agosto foi verificada a menor densidade de diásporas (7,41 sementes/m2). As espécies que apresentaram maior densidade na chuva de sementes durante os meses de fevereiro a agosto foram: Blepharocalyx salicifolius, Ilex brevicuspis e Ilex paraguariensis. No período de setembro a janeiro as espécies que apresentaram maior dispersão de sementes foram: Dasyphyllum spinescens, Gochnatia polymorpha, Stillinguia oppositifolia e Casearia decandra. Araucaria angustifolia teve uma densidade total de 3,56 sementes/m2 (período de abril a agosto), apresentando seu pico de dispersão no mês de maio (1,51 sementes/m2). A análise dos resultados permite identificar sazonalidade na dispersão de diásporas ao longo dos meses, sendo que o pico ocorreu no fim da estação seca e início da estação chuvosa.
CONCLUSÃO:
Os resultados indicam que as espécies Blepharocalyx salicifolius, Ilex brevicuspis e Ilex paraguariensis encontram-se melhor representadas neste mecanismo de regeneração, durante o período de estudo. A avaliação do banco de sementes do solo e do banco de plântulas, os quais estão sendo conduzidos, permitirão correlacionar e associar as diferentes estratégias de regeneração da floresta e indicar qual mecanismo possui maior similaridade com a vegetação adulta, gerando conhecimento para futuras intervenções neste tipo de formação florestal. Considerando a característica recalcitrante das sementes de Araucaria angustifolia e seu caráter heliófilo, possivelmente a espécie apresenta restrição na regeneração natural, dependendo de abertura de clareira para a colonização do ambiente.
Instituição de Fomento: CNPq - Projeto Ecológico de Longa Duração (PELD/CNPq) e Fundo de Iniciação à Pesquisa (FIPE/UFSM)
Palavras-chave: mecanismos de regeneração, dispersão de sementes, floresta nativa .