61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 6. Ciência Política - 1. Comportamento Político
A influência de fatores sócio-econômicos no auto-posicisionamento no continuum esquerda-direita
Caroline Assis da Silveira 1
1. Universidade de Brasília
INTRODUÇÃO:

O trabalho é sobre a influência de fatores sócio-econômicos como sexo, idade,  classe social e nível educacional sobre o auto-posicionamento dos indivíduos no continuum político esquerda-direita. Ou seja, verifica se esse tipo de fator tem resultado sobre o auto-posicionamento de um indivíduo como de esquerda e direita e se, no caso de haver alguma relação, quão forte é esta.

METODOLOGIA:

Para verificar a existência, ou não, de relação entre os fatores sócio-econômicos e o auto-posicionamento no continuum é usado o programa SPSS e a base de dados é a pesquisa WVS disponibilizada pelo DATA-UnB. Além disso, ainda são utilizadas pesquisas bibliográficas sobre o tema.

RESULTADOS:

  De maneira geral, percebe-se a partir do índice R-quadrado que houve um aumento do caráter explicativo do modelo criado para a realidade argentina. Por sua vez, no Brasil houve uma diminuição do mesmo entre as ondas 1994-1999 e 2005-2006.  Analisando o caso chileno, verificamos que houve um aumento da capacidade explicativa entre as ondas, mas que ainda assim o modelo não apresenta considerável potencial explicativo para o país. Já no Uruguai, apesar da queda entre as duas ondas, é onde percebemos a maior capacidade explicativa do modelo. 

 Analisando a influência das variáveis em cada país temos o seguinte resultado de acordo com a tabela de regressão obtida:

a) Argentina: Na primeira onda, classe social se estabelece como a variável de maior influência seguida por nível educacional. Já na segunda onda, nível educacional passa a ser a variável mais influente enquanto os resultados obtidos por classe social devem ser desconsiderados devido ao nível de significância.  Assim, a variável idade apareceria como a segunda variável, porém com uma baixa influência sobre a variabilidade do auto-posicionamento na díade esquerda-direita.

b) Brasil: Nível educacional se mantém como a variável de maior peso nas duas ondas. Da mesma forma, idade permanece como a segunda variável apesar de sua baixa influência.

c) Chile: O Chile é o país em que há menos influência das variáveis do modelo considerado. Na primeira onda todas as variáveis apresentam beta baixo além de um nível pequeno de significância. Na segunda onda, apenas classe social se mostra como relevante.

d) Uruguai: O Uruguai é o caso em que o modelo é mais explicativo. Na primeira onda, a variável de maior peso é classe social seguida por nível educacional. Já na segunda onda, classe social não apresenta um nível adequado de significância enquanto sexo parece se a de maior relevância seguida por nível educacional.

CONCLUSÃO:

Com a análise dos dados obtidos, percebemos que as variáveis consideradas perderam um pouco de seu caráter explicativo, o que nos leva a acreditar na necessidade de inclusão de novas variáveis no modelo para que esse tenha seu potencial explicativo aumentado. O Uruguai se mostrou como o caso em que o modelo é mais representativo da realidade. Se considerarmos a infinidade de variáveis que podem ter influência sobre o auto-posicionamento de um indivíduo na díade esquerda- direita, um modelo constituído de apenas quatro variáveis que atinge um nível explicativo de 13,2%  é um resultado expressivo.

  Considerando as variáveis em si, percebemos a importância do nível educacional que esteve sempre presente em ambas as ondas como uma das variáveis de maior influência sobre o auto-posicionamento dos indivíduos.

 

Instituição de Fomento: CNPQ
Palavras-chave: Esquerda-direita, auto-posicionamento, fatores sócio-economicos.