As uvas estão entre as frutas mais nutritivas consumidas pela humanidade, sendo aproveitadas, principalmente, a polpa e as sementes. A uva pode ser consumida in natura ou dela podem-se fabricar vinhos, sucos, geléias e passas. A fabricação destes produtos gera rejeitos, os quais podem ser processados e reutilizados por outras indústrias como a alimentícia, a cosmética, a farmacêutica e a de tintas. Os subprodutos extraídos são: o óleo de semente de uva, taninos, antocianinas e adubos. O óleo de semente de uva é industrializado na Europa e possui em sua composição alto teor de ácidos graxos insaturados, linoléico e oléico, apresentando propriedades antioxidantes devido à presença da vitamina E. Objetivou-se realizar estudo químico e físico-químico do óleo da semente de algumas variedades de uvas produzidas no Estado de Roraima, a saber: Niágara Branca, Niágara Rosada e Isabel cultivadas no Vale do Rio Branco, em Boa Vista-RR, comparando-os com óleo de semente de uva comercial.

As amostras foram coletadas nas safras 2007-2008 e foram submetidas à pré-extração: semente retirada da polpa da uva, lavagem das sementes com água destilada e deionizada, secagem em estufa a 100 ºC, moída e armazenada em atmosfera de nitrogênio. O processo de extração do óleo da semente de uva se deu pelo método de Soxhlet, utilizou-se das técnicas de termogravimetria para verificação da estabilidade térmica e CG-FID para identificação dos constituintes majoritários e de α-tocoferol nos óleos.

Os resultados apontaram que o óleo extraído por Soxhlet possui coloração amarelo-esverdeado, enquanto que o óleo comercial que fora extraído por prensa possui coloração verde intensa, e que as sementes de uva possuem um bom rendimento de extração por Soxhlet, cerca de 11% para duas variedades (Niágara Branca e Niágara Rosada). Quanto à análise termogravimétrica, os óleos de semente de uva demonstraram que possuem ótima estabilidade térmica, onde o óleo de Niágara Branca possui estabilidade térmica em torno de 320 °C e o óleo de Niágara Rosada em torno de 366 °C, perdendo massa a partir deste ponto até 599 °C e 565 °C, respectivamente, temperatura final de decomposição das amostras. A análise dos óleos das sementes de uva Niágara Branca e Niágara Rosada apresentou ótimos resultados para a análise dos constituintes majoritários, principalmente ômega-3, ômega-6 e ômega-9, estando dentro do padrão estipulado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Os valores encontrados na análise de α-tocoferol demonstraram o perfil da uva cultivada no estado de Roraima, com ótimos resultados para as amostras de uva Isabel com cerca de 20 mg/kg deste antioxidante. Apenas o óleo de semente de uva comercial apresentou valor menor que o esperado com menos de 2 mg/kg de α-tocoferol.

Os óleos analisados se mostraram dentro da faixa de valores determinados para os óleos de sementes de uva quanto ao índice de refração, densidade e pH. A caracterização química e físico-química do óleo da semente das uvas analisadas apresentou-se dentro da faixa dos valores de referência, mantendo a qualidade de seus constituintes. O óleo da semente de uva em Roraima pode apresentar importante utilização em diversos setores como na alimentação, indústria de cosméticos, indústria farmacêutica, entre outros e proporcionar desenvolvimento sustentável para o Estado.