61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 2. Cirurgia
AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA E NEUROFISIOLÓGICA DA ZONA DE PENUMBRA ISQUÊMICA PERILESIONAL EM MODELO EXPERIMENTAL DE HEMORRAGIA CEREBRAL. AVALIAÇÃO DO EFEITO NEUROPROTETOR DA HIPOTERMIA MODERADA LOCAL.
Timóteo Abrantes de Lacerda Almeida 1
Ricardo Macedo Camelo 1
Mirto Nelson Prandini 2
Santino Nunes Lacanna 2
Antônio Fernando Bezerra 1
1. Universidade Federal de Alagoas / UFAL
2. Universidade Federal de São Paulo / UNIFESP
INTRODUÇÃO:
A incidência da hemorragia cerebral espontânea (HCE) no mundo apresenta valores entre 10 a 20 por 100.000 habitantes, respondendo por aproximadamente 10% dos casos de acidente vascular encefálico e apresentando uma taxa de mortalidade em um ano superior a 60%. A alta mortalidade associada com os quadros de HCE e os poucos recursos terapêuticos presentes, estimulam a pesquisa de métodos terapêuticos alternativos. Diversos trabalhos têm apresentado evidências do benefício do uso da hipotermia como neuroprotetor, reduzindo a progressão da zona de penumbra isquêmica perilesional após acidente vascular cerebral isquêmico ou episódio de hemorragia cerebral. A maioria desses trabalhos, entretanto, utilizam hipotermia sistêmica em seus protocolos. O presente estudo pretende obter um melhor conhecimento neurofisiológico e molecular pela comprovação laboratorial da intensidade do padrão isquêmico da zona de penumbra perilesional na presença de hemorragia cerebral e avaliar o efeito da hipotermia local na modificação dessa resposta.
METODOLOGIA:
Sangue autólogo (100 µL) foi infundido em topografia de núcleos da base. Foram divididos 24 ratos em dois grupos de 12 cada, sendo um mantido em normotermia (controle) e outro mantido com hipotermia local, mantendo-se a temperatura nos núcleos da base entre 29 e 31°C durante 120 minutos. Cada grupo foi subdividido em outros três grupos segundo o tempo decorrido da lesão na hora do abate (12, 24 e 48h). Foram obtidas amostras de tecido contendo o maior diâmetro do hematoma, sendo posteriormente estudadas, através da análise da densidade numérica de células normais e lesadas, através de estudo histomorfométrico. Em etapa posterior, esse material será estudado através de método de imunohistoquímica com anti-Bax e analisado através de método morfológico matemático para quantificação da intensidade de figuras isquêmicas no parênquima cerebral perilesional. Os resultados apresentados a seguir representam uma análise parcial do trabalho, o qual se encontra, no momento, em fase final de desenvolvimento. Foi analisada, para estes resultados, uma amostra de 09 cobaias divididas da seguinte maneira: 03 cobaias do grupo controle de 12h, 04 cobaias do grupo controle de 48h e 02 cobaias do grupo de hipotermia de 48h.
RESULTADOS:
Percebemos um aumento do comprometimento isquêmico perilesional com o tempo decorrido da lesão (p= 0,013) atravé da análise das amostras do grupo de 12h sem hipotermia e de 48h sem hipotermia. Observamos uma resposta modesta na diminuição da progressão da lesão isquêmica na zona de penumbra no grupo tratado com hipotermia local em comparação com o grupo controle abatidos com mesmo tempo pós hemorragia, através da redução da razão entre neurônios normais e lesados (p= 0,144). A técnica de realização da hipotermia local apresentou um resultado considerado satisfatório, com manutenção da temperatura nos núcleos da base entre 29,5 a 31°C. As hemorragias obtidas nos três grupos de estudo experimentais apresentaram um padrão morfológico semelhante entre si e compatível com as hemorragias intraparenquimatosas humanas, além de se localizarem de forma semelhante ao nível dos núcleos da base.
CONCLUSÃO:
A lesão isquêmica perilesional na hemorragia cerebral apresenta caráter progressivo com o tempo, sendo importante a abordagem terapêutica precoce dos pacientes acometidos por essa lesão. Esse achado está de acordo com outros trabalhos da literatura e corroboram com achados semelhantes em trabalhos anteriores dessa linha de pesquisa (Camelo, et al, 2001). Esse achado permite inferir a necessidade de um “timing” terapêutico ótimo precoce. Outros autores também demonstraram um aumento progressivo da lesão em relação ao tempo da hemorragia. O uso da hipotermia local na hemorragia cerebral não apresentou significância estatística na redução da lesão isquêmica peri-hemorrágica (p= 0,144). Acreditamos que o aumento do tamanho da amostra e a utilização de outros métodos de análise possam acrescentar informações importantes a esse estudo.
Instituição de Fomento: CnPQ
Palavras-chave: Neuroproteção, Hipotermia, Hemorragia cerebral.