61ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 2. Artes Plásticas
HISTÓRIA DA ARTE CONTEMPORÂNEA NO RIO GRANDE DO SUL: UMA ABORDAGEM A PARTIR DA PRODUÇÃO EM ARTE, TECNOLOGIA E MÍDIAS DIGITAIS (REGIÃO METROPOLITANA)
Henrique Telles Neto 1
Patrícia Carla Mucelin 1
Manoela Vares 1
Nara Cristina Santos 1, 2
1. Curso de Artes Visuais, DPAV, CAL, UFSM
2. Orientadora
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa visa um mapeamento crítico-teórico na área de História da Arte Contemporânea, a fim de reconhecer a produção em arte, tecnologia e mídias digitais no estado do Rio Grande do Sul, especificamente neste caso, a região Metropolitana. Tal produção ainda não havia recebido a devida atenção, em seu conjunto, por parte da história da arte. Ao explorar as novas mídias, o artista se aproxima de modo diferenciado do público e propõe novas situações, como a hibridação. Um dos objetivos desta pesquisa é constatar como a hibridação ocorre nas produções artísticas, e compreender como essa questão é redimensionada a cada novo projeto, considerando os processos de criação, produção, visualização, disponibilização e manutenção da obra. A busca gradual de possibilidades estéticas, produzidas através da tecnologia, é o que caracteriza a atitude criativa do artista que trabalha com mídias digitais. O historiador da arte segue nesta mesma progressão, atento às novas possibilidades que a arte e a tecnologia oferecem.
METODOLOGIA:

A investigação está sendo desenvolvida a partir de uma abordagem qualitativa, cujo conteúdo é evidenciado historicamente a partir de metodologias específicas de pesquisa em Artes Visuais. Como marco temporal, foi considerada a produção a partir dos anos de 1990. Como marco espacial, foi considerada a produção vinculada às instituições de ensino superior que dispõem de cursos de Artes Visuais, assim como espaços culturais em que os eventos significativos vêm ocorrendo, dentro da região Metropolitana. Tais lugares se constituem como legitimadores da produção artística. As demais regiões (Centro e Sul e Norte, Serra e Vale) estão a cargo dos demais bolsistas. Ao todo, foram pesquisadas treze instituições de ensino (UFRGS, UFPEL, UFSM, FEEVALE, UNISINOS, FURG, ULBRA, UNIRITTER, UERGS, UPF, UNIJUÍ, FEMA e UCS) e levantamos dados a respeito de dezenove instituições culturais, como museus e galerias. As atividades metodológicas consistem no levantamento das informações mais relevantes; contato com artistas; seleção dos dados, discussão e análise; conclusão e publicação do trabalho.

RESULTADOS:
Na região metropolitana, a pesquisa encontra-se na fase de análise e discussão dos dados referente aos artistas e obras. Foi possível perceber que, entre as universidades, a UFRGS tem a maior produção em arte e tecnologia. Entre as instituições culturais, o Santander Cultural é a que mais investe em exposições na área. Dentre mais de quarenta artistas pesquisados, destacamos neste momento, Marcelo Gobatto. O artista possui uma produção regular em vídeo desde 1990 e apresentou em 2004 a obra Palavra Proibida, executada em parceria com o músico James Correa. A criação desta obra partiu da ideia de unir imagens e palavras que abordassem questões referentes à censura. Na produção ocorreu a escolha de fragmentos textuais de autores diversos e sua gravação por atores. Houve uma preocupação proposital em gerar uma desestabilização, tanto num âmbito mais técnico como sensorial. As montagens dos vídeos tiveram como foco o contraponto entre a palavra e a imagem, sendo que a censura dos livros e a interdição da palavra foram a razão de todo o processo realizado. A visualização se deu através de sua exibição em uma sala adequada, durante o evento Articulações A-paralelas na Pinacoteca do IA da UFRGS em 2004. A disponibilização e a manutenção ocorreram no mesmo espaço de apresentação da obra.
CONCLUSÃO:
Podemos constatar até o momento, que a maior concentração de exposições e artistas reconhecidos está na região metropolitana. Percebemos o reconhecimento da produção em arte e tecnologia no estado do Rio Grande do Sul, através de instituições de ensino e culturais, como a Fundação Vera Chaves Barcellos, entre outras, que proporcionam espaço expositivo. A produção em fotografia digital manipulada é a mais difundida, seguida pelo vídeo, principalmente nas instituições de ensino que possuem o curso de Artes Visuais. As instalações de vídeo e as obras interativas ainda estão em processo de sedimentação. Tal fato ocorre devido ao alto valor dos equipamentos que elas demandam para sua criação, execução, exibição, disponibilização e manutenção, o que inviabiliza o trabalho dos artistas fora do espaço das instituições. Constatamos assim, que uma produção de ponta em arte e tecnologia requer consideráveis investimentos financeiros, geralmente obtidos por parte de órgãos de fomento e das universidades. Verificamos então, na produção pesquisada, que o conceito de hibridação é o mais presente entre as obras, que se caracterizam por um entrecruzamento de técnicas diferentes, analógicas e digitais.
Instituição de Fomento: Universidade Federal de Santa Maria/FIPE, CNPQ/PIBIC, FAPERGS/IC
Palavras-chave: arte contemporânea, arte e tecnologia, rio grande do sul.