61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 1. Silvicultura
CARACTERIZAÇÃO DE DUAS ESPÉCIES DE COURATARI – LECYTHIDACEAE PARA FINS DE GERMINAÇÃO E ARMAZENAMENTO DE SEMENTES
Daniel Luiz Oliveira 1
Isolde Dorothea Kossmann Ferraz 2
Lilian Costa Procópio 3
1. Bolsista PIBIC INPA/CNPq
2. Orientadora/ Doutora/ Pesquisadora INPA/CPST
3. Co-Orientadora/ Doutoranda INPA/PG Ecologia
INTRODUÇÃO:

Árvores de onze espécies do gênero Couratari (Lecythidaceae) ocorrem na região amazônica, em florestas de terra-firme. Seus frutos são do tipo pixídio e possuem sementes com alas dispersas pelo vento. As madeiras são, geralmente, comercializadas sob o mesmo nome popular, tauari. Apesar do interesse madeireiro, não são conhecidos plantios destas espécies e informações sobre as suas sementes são escassas. Visando o futuro comércio das sementes para fins de propagação, o objetivo do trabalho foi determinar as características básicas das sementes de C. guianensis e C. stellata, a partir da avaliação do requerimento de luz e das exigências térmicas da germinação, além da tolerância ao dessecamento das sementes.

METODOLOGIA:

Os frutos, ainda fechados, foram coletados nas copas das árvores na região de Manaus (Estação Experimental de Silvicultura Tropical do INPA) e de Santarém (Flona do Tapajós). Os ensaios de germinação foram executados em câmaras com fotoperíodo de 12h (42 µmol.m-2.s-1 P.A.R.) na temperatura constante (±2°C) de 15, 20, 25, 30, 35 e 40°C, além de um tratamento no escuro a 25°C. Cada tratamento foi composto de quatro repetições de 25 sementes, semeadas em recipientes de vidro sobre vermiculita umedecida com água destilada. A caracterização das sementes quanto ao dessecamento e armazenamento foi determinada com os seguintes tratamentos: (a) dessecamento das sementes com ventilação, seguido de silicagel até atingir um teor de água ≤ 10%; (b) sem dessecamento, acondicionando as sementes em sacos plásticos com vermiculita a 15°C pelo mesmo período do tratamento anterior (c) semeadura imediata das sementes frescas. Os ensaios de germinação foram realizados no viveiro tendo a vermiculita como substrato. O teor de água das sementes foi determinado antes e após o dessecamento e o armazenamento, calculado com base na massa úmida, a partir da secagem das sementes em estufa a 105°C com pesagens diárias até a obtenção da massa seca constante.

RESULTADOS:

As sementes de C. guianensis apresentaram 88% de germinação na luz e 73% no escuro e as de C stellata 50% na luz e 59% no escuro. Desta forma as sementes não são fotoblásticas. As temperaturas entre 15 e 35°C não afetaram a porcentagem de protrusão da raiz primária em ambas as espécies, porém foi registrado o efeito da temperatura na formação de plântulas normais, onde a temperatura de 25°C apresentou maior porcentagem em menor tempo para C. guianensis (67% em 33 dias) e C. stellata (46% em 37 dias). O teor de água das sementes recém coletadas foi 32,6% (C. guianensis) e 26,1% (C. stellata) com germinação de 40% e 53%, respectivamente. A redução do teor de água aumentou a germinação de C. guianensis para 88% e não afetou significativamente a germinação de C. stellata (25%). Desta forma, as sementes de ambas as espécies toleram o dessecamento. O acondicionamento a 15°C manteve o teor de água inicial e resultou em 88% de germinação em C. guianensis e diminuiu o tempo médio de germinação de 42 para 16 dias em C. stellata, indicando que os lotes de sementes apresentaram maturação pós-colheita.

CONCLUSÃO:

A protrusão de raiz foi, aparentemente, menos sensível ao efeito da temperatura que a formação de plântulas normais. Neste critério tecnológico foram observadas diferenças estatísticas, sendo que, com o aumento da temperatura, o tempo de germinação foi reduzido até a temperatura de 25°C, conforme o quociente 10, e com maior aumento da temperatura o processo se tornou mais lento até causar, com temperaturas de 40°C, a morte das sementes. Os resultados desta pesquisa revelaram, ainda, que as sementes de ambas as espécies são de fácil manejo, pois toleram dessecamento e podem ser armazenadas por longo período sob condições adequadas sem a necessidade de luz para germinar.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Tauari, Tecnologia de sementes, Avaliação da qualidade de sementes.