61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 5. Ciências Florestais
INFLUÊNCIA DA FENOLOGIA FOLIAR NOS TEORES DE NUTRIENTES FOLIARES DE ANDIROBA (Carapa guianensis Aubl.) E ANDIROBINHA (Carapa procera D.C.) EM PLANTIOS FLORESTAIS SOBRE ÁREAS DEGRADADAS
Alex de Sousa Trindade 1
João Baptista Silva Ferraz 2
1. Bolsista FAPEAM / Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia / INPA
2. Pesquisador Dr. / Orientador / Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia /INPA
INTRODUÇÃO:
A intensiva atividade madeireira é uma das principais causas do aparecimento de áreas degradadas na Amazônia. A atividade agropecuária também contribui para a degradação, muitas vezes representada pela agricultura itinerante. Essas atividades reduzem a fertilidade do solo e fazem com que o local perca gradativamente a capacidade de regeneração natural . Por se tornarem improdutivas, essas áreas tendem a ser abandonadas. Com o desafio de restaurar essas áreas, têm-se buscado por espécies que melhor se adaptem às condições de estresse desses locais, aliadas a técnicas de restauração de áreas degradadas. Como o fator limitante é a baixa fertilidade, a conservação e a mobilidade de nutrientes no ecossistema florestal pode se constituir em um atributo responsável, em parte, pela capacidade de espécies florestais de ocupar solos pobres em nutrientes. Essa translocação de nutrientes pode ser observada pela comparação dos teores de nutrientes de um órgão vegetativo novo, geralmente a folha, e os teores de um órgão senescente. Assim, pode-se determinar quais fenofases foliares melhor caracterizam as condições nutricionais da planta como um todo, bem como identificar espécies que melhor realizem a conservação de nutrientes.
METODOLOGIA:
O plantio está localizado na Fazenda Santa Claudia, 2º05’53’’ S e 60º01’46’’ W, (Presidente Figueiredo – AM), em área degradada pela atividade agropecuária a partir de 1980. O clima é Af (Köppen), e o solo do plantio foi classificado como Latossolo Amarelo. As fenofases foliares foram classificadas em jovens (lançamentos novos, e cor avermelhada), recém-adultas (após o estendimendo do folíolo, com coloração verde claro), adultas (folhas completamente maduras, com coloração verde escuro) e senescentes (folhas velhas, com coloração morrom-amarelado, antes da abscisão). Essas fenofases foram identificadas e quantificadas em 20 indivíduos de cada espécie. Foi utilizado o método de presença ou ausência da fenofase foliar, onde é observado se o indivíduo apresenta ou não determinada fenofase, no fim do período seco e do período chuvoso. Para a análise nutricional, foram coletados folíolos de todas as fenofases foliares sem problemas fitossanitários, durante o período seco. Após a coleta os folíolos foram secos em estufa a 65oC. Após a secagem, estes foram moídos para posterior análise química. Foram determinados os teores de P, pelo método de molibdato de amônio, e K, Ca, Mg, Mn, Fe, Zn e Cu, pela digestão em solução nítricoperclórica com leitura no espctofotômetro de absorção atômica.
RESULTADOS:
Ambas as espécies são árvores perenifólias, e apresentaram, no período seco (junho a outubro), a maior quantidade de indivíduos com lançamentos novos (31 e 40%, dos indivíduos de andiroba e andirobinha, respectivamente) e com folhas senescentes (63 e 95%, dos indivíduos de andiroba e andirobinha, respectivamente). No período chuvoso (novembro a maio), poucos indivíduos apresentaram folhas jovens (19 e 10%, para andiroba e andirobinha) e folhas senescentes (19 e 45%, para andiroba e andirobinha). Observou-se que as folhas jovens de ambas as espécies apresentaram os maiores teores de P e K (1,47 e 11,44 g kg-1, para P e K, respectivamente, em andiroba; e 1,69 e 8,69 g kg-1, em andirobinha). Os teores de Ca e Mg comportaram-se de maneira oposta, acumulando-se nas folhas senescentes. Os teores de Cu foram maiores nas folhas jovens (9,71 e 12,13 mg kg-1, para andiroba e andirobinha, respectivamente), enquanto que os teores de Fe e Mn foram maiores nas folhas senescentes de ambas as espécies. Entre as espécies, a diferença nos teores médios de nutrientes mais marcante refere-se aos teores de Fe em todas as fenofases foliares, onde andiroba apresentou os maiores teores deste elemento.
CONCLUSÃO:
Foi possível verificar que a fenologia foliar influi sobre os teores de nutrientes das duas espécies, uma vez que os nutrientes mais móveis, como P e K, por exemplo, tendem a se acumular em maiores quantidades nas folhas mais novas, ao contrário de nutrientes como Ca e Mg. Isso mostra que a demanda por nutrientes é singular ao estágio de desenvolvimento foliar, e que a senescência pode ser estimulada por condições de estresse, auxiliando a absorção de nutrientes provenientes do solo em condições extremas. As espécies não apresentaram diferenças significativas entre os teores médios de nutrientes, com exceção do micronutriente Fe.
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas
Palavras-chave: Fenologia, Nutrição Foliar, Andiroba.