61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
O IMPACTO DOS FATORES SOCIOECONÔMICOS E DO AMBIENTE PREDISPONENTE A OBESIDADE NOS NÍVEIS PRESSÓRICOS DE CRIANÇAS DA POPULAÇÃO URBANA E RIBEIRINHAS DA AMAZÔNIA OCIDENTAL
Marcelo Custódio Rubira 1
Isaac Rodrigues Mendes 1
Eid Fabricia Toniolo 1
Ana Paula F. De Angelis Rubira 1
Fernanda Marciano Consolim-Colombo 2
1. Faculdade Sao Lucas
2. Unidade de Hipertensao do InCor-FMUSP
INTRODUÇÃO:

Estudos sobre hipertensão arterial sistêmica (HAS) em crianças são  importantes, pois existe um relevante aumento na prevalência de um dos fatores de HAS, a obesidade. Outros fatores como condição socioeconômica e estresse na infância podem aumentar o nível de pressão arterial. A prevalência de HAS em crianças é estimada em 6% (III Consenso Brasileiro de HAS, 2001), entretanto as variações de prevalência são de 1,2 a 13%. O aumento da ingestão de alimentos ricos em gordura, falta de incentivo à prática de atividade física mostra a influência do meio no comportamento alimentar das crianças, trazendo uma idéia de “ambiente predisponente à obesidade”, que contribui para o ganho de peso na infância (Costa MB et al., 2005). O fato de uma criança apresentar desvantagens sociais significa que de forma indireta, as variáveis sociais, influenciam no desenvolvimento de padrões de personalidade ligados ao estresse e associados à hipertensão (Oliveira, 2000). Crianças ribeirinhas vivem um ambiente de maior liberdade de movimentos, tendo oportunidade para a prática de atividades motoras, enquanto as crianças de classes mais favorecidas muitas das vezes são privadas de tais experiências (Malina, 1991). O estudo verificou a influência dos fatores estressores e de composição corporal com o aumento dos níveis de pressão arterial.

METODOLOGIA:

Foram estudadas 109 crianças, sendo 36 crianças de escola particular, 43 crianças de escola pública e 30 crianças ribeirinhas das margens do Rio Madeira, faixa etária de 6 e 9 anos, de ambos os sexos e selecionados aleatoriamente. Após serem esclarecidos a respeito da natureza do estudo os pais ou responsáveis assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

A pressão arterial (PA) foi avaliada em diferentes ocasiões para classificar a pressão arterial por percentis (NHANES 1999-2000) e de acordo com a padronização e classificação da IV Diretrizes Brasileira de Hipertensão Arterial. As medidas antropométricas foram mensuradas pela espessura das dobras cutâneas específicas (subescapular, tricipital), peso e altura. O uso de questionário para identificação as condições socioeconômicas, hábitos alimentares e estilo de vida.

RESULTADOS:

Na avaliação da pressão arterial observamos que a pressão arterial sistólica (PAS) e pressão arterial diastólicas (PAD) no percentil 50, considerado normal, foi de 100% e 83,3% nas crianças da escola particular, de 86% e 60,5% nas crianças de escola publica e de 53,3% e  30% nas crianças ribeirinhas.

No percentil 95, considerado normal alta, para PAS enquadraram-se 7% das crianças da escola pública e com relação a PAD 8,3% das crianças da escola particular, 14%das crianças da escola pública e 13,3% das crianças ribeirinhas.

No percentil 99 (hipertensão) para PAS o índice foi de 2,3% nas crianças da escola pública e de 6,6% nas crianças ribeirinhas e na PAD de 7% nas crianças da escola pública e de 18,6% nas crianças ribeirinhas.

Na distribuição de freqüência da PAS e PAD pelos percentis observamos uma diferença estatística significante (p<0,001) com valores aumentados nas crianças da escola pública e ribeirinhas.

Na correlação da PAS e PAD com o peso das crianças da escola particular, apresentou significância estatística com r 0,60 e p < 0,001; r 0,50 e p<0,002 e, nas crianças da escola pública r 0,27 e p < 0,79; r -0,04 e p<0,79 e nas crianças ribeirinhas r 0,09 e p < 0,63; r 0,13 e p < 0,46, respectivamente.

CONCLUSÃO:

Esses resultados sugerem que o ambiente de maior liberdade de movimentos das crianças de classe socioeconômicas e culturais mais baixas (ribeirinhos) não diminuíram o impacto da influência dos fatores como estresse nos níveis pressóricos.  O impacto do estresse e dieta inadequada foram maiores nas modificações de níveis tensionais nas crianças ribeirinhas  do que o “ambiente predisponente à obesidade que contribui para o ganho de peso e inatividade física na infância.  

Instituição de Fomento: Faculdade Sao Lucas
Palavras-chave: Crianças, Amazônia Ocidental , Pressão Arterial .