61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 1. Genética Animal
CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA DE UM GÊNERO MONOTÍPICO DA FAMÍLIA HYPOPOMIDAE (GYMNOTIFORMES): Microsternarchus bilineatus
Brenda Natasha Gerhardt Moraes 1
Eliana Feldberg 2
Maria Claudia Gross 2
1. Centro Universitario Nilton Lins
2. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
INTRODUÇÃO:
A bacia amazônica abriga uma ictiofauna que está estimada entre 1.500 e 5.000 espécies, agrupadas em 54 famílias, sendo que 3% são representados pelos peixes elétricos Gymnotiformes. Esta ordem constitui um grupo monofilético, com 134 espécies descritas e mais 42 em processo de descrição, estimando-se até 250. A família Hypopomidae compreende sete gêneros, sendo que quatro são monotípicos: Hypopomus artedi, Microsternarchus bilineatus, Racenisia fimbriipinna e Stegostenopos cryptogenes. Mas, a ecologia e história natural das espécies e mesmo o número de espécies desta família, ainda é pobremente conhecido. Microsternarchus bilineatus apresenta duas linhas escuras paralelas que se iniciam atrás da cabeça e seguem até a região dorsal. Alcança o comprimento máximo de 160 mm e possui uma ampla distribuição pelas bacias amazônica, do Orinoco e das Guianas e é encontrada, principalmente, em águas calmas. Embora seja um gênero monotípico, trabalhos desenvolvidos no Laboratório de Fisiologia Comportamental e Evolução (LFCE) do INPA têm indicado que Microsternarchus apresenta pelo menos dois morfotipos quanto à descarga elétrica, o que pode indicar unidades evolutivas diferentes. Deste modo, o objetivo do presente trabalho foi descrever o cariótipo desta espécie.
METODOLOGIA:
Foram estudados quinze espécimens ( 7♂ e 8 ♀) de Microsternarchus bilineatus, os quais foram coletados no igarapé Mato Grosso, município de Novo Airão, Amazonas, Brasil. As preparações cromossômicas mitóticas foram obtidas por meio da técnica “air drying” para peixes, que consiste na obtenção de cromossomos a partir de células renais e aplicação do inibidor de fuso mitótico “in vivo”. Para determinar o padrão da região organizadora de nucléolo (RON) utilizou-se a impregnação com nitrato de prata e para determinar o padrão da heterocromatina constitutiva (banda C) as lâminas foram tratadas com hidróxido de bário. As melhores metáfases tiveram sua imagem capturada, sendo os cromossomos recortados, emparelhados, medidos e organizados, de acordo com a razão entre os braços, em meta-submetacêntricos (m-sm) e acrocêntricos (a).
RESULTADOS:
O número diplóide encontrado para M. bilineatus foi igual a 48 cromossomos para fêmeas (16m-sm+32a) e 47 para machos (17m-sm+30a) com o número de braços (NF) igual a 64 para ambos, evidenciando um sistema múltiplo de cromossomos sexuais do tipo X1X1X2X2/X1X2Y. A RON esteve presente em apenas um par cromossômico, localizada terminalmente nos braços curtos de um par metacêntrico, provavelmente o segundo par, com heteromorfismo em relação ao tamanho das marcações. A heterocromatina constitutiva apresentou-se na região pericentromérica de todos os cromossomos, sendo que o par nucleolar teve os braços curtos totalmente heterocromáticos, ou seja, a RON foi positiva para banda C.
CONCLUSÃO:
O sistema múltiplo de cromossomos sexuais do tipo X1X1X2X2/X1X2Y já foi detectado em outras duas espécies de Gymnotiformes. Este sistema sexual múltiplo de M. bilineatus deve ter se originado a partir de uma fusão cêntrica de dois acrocêntricos de tamanho médio (par 20), a qual teria ocorrido na forma ancestral, dando origem ao neo-Y metacêntrico. Ainda, como o cromossomo sexual Y apresentou apenas uma marcação centromérica, sem acúmulo heterocromático, esta diferenciação sexual múltipla pode ser considerada recente. Apesar da possível existência de um complexo de espécies, o qual foi proposto devido a diferenças no padrão de descargas elétricas dos indivíduos desta espécie, nenhum polimorfismo cromossômico, que corroborasse a existência de diferentes unidades evolutivas, foi encontrado até o momento
Instituição de Fomento: INPA/ FAPEAM/ CNPq
Palavras-chave: Peixe elétrico, cariótipo, Cromossomos sexuais múltiplos.