61ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 4. Turismo e Hotelaria - 1. Turismo e Hotelaria
O HÁBITO DE COMER FORA
Joao Francisco Sverzut Baroni 1
1. Fundaçao Getulio Vargas - Escola de Administracao de Empresas de Sao Paulo
INTRODUÇÃO:

A relação do homem com a comida mostra-se um tema muito amplo, podendo ser tratado por diversas vertentes. Para nos alimentarmos, é necessária uma complexa cadeia de suprimentos que hoje em dia vai desde o produtor rural até o comércio varejista, onde são comprados os insumos para o preparo dos alimentos. Porém, engana-se quem pretende resumir a alimentação a isto, ou pior, associá-la a um mero ato fisiológico. Todas as etapas, desde o plantio até o preparo e o modo de consumo são resultados de hábitos de uma determinada cultura, e, mesmo que as variações entre estes hábitos sociais sejam sutis, eles nos mostram como esta área de estudos pode trazer resultados interessantes. Além disso, há toda uma história da evolução dos hábitos e rituais, se tomarmos como base a alimentação dos homens há milhares de anos atrás, onde era necessária a caça de animais e de alimento, pois não havia agricultura desenvolvida.

Desta forma, percebe-se que a comida apresenta aspectos que nos ligam diretamente ao nosso lado animal, o que nos remete a uma análise mais antropológica como também é uma importantíssima ferramenta nas interações sociais.Este projeto de pesquisa em particular, preocupa-se em estudar uma vertente relativamente nova na área da alimentação: o hábito de comer fora. Os restaurantes surgiram em meados do século XIX, na França, como um lugar que vendia um caldo nutritivo para os doentes, e os restaurava, surgindo daí o nome atual. Hoje em dia, porém, comer fora representa muito mais do que comprar e comer comida fora. Comer fora concentra uma complexa teia de hábitos sociais que pretendemos estudar mais a fundo.

METODOLOGIA:

Após a leitura de bibliografia especializada, foi feita uma elaboração de um questionário, tentando buscar paralelos entre a teoria, em sua maioria estrangeira, e a prática, tomando como base a realidade na cidade de São Paulo. Embora no cronograma havia a idéia de dois questionários, um qualitativo e um quantitativo, optei por juntar os dois questionários em um só, para pegar as opiniões quali e quanti das mesmas pessoas e também para facilitar a tabulação e análise dos resultados, já que as perguntas com respostas fixas ou texto eram encadeadas.

O questionário foi submetido a um pré-teste com 6 entrevistados, e pôde-se perceber algumas questões que poderiam causar problemas para serem entendidas e tabuladas. Após uma discussão acerca dos problemas encontrados, foi desenvolvida a versão final do questionário, que atualmente está sendo aplicada.

RESULTADOS:

Resultados interessantes em relação ao paralelo do que encontramos na bibliografia e o que os entrevistado alegavam. Grande "awareness" no sentido do papel múltiplo da comida; grande diferença de significado da comida/restaurante durante a semana e nos finais de semana.

Diferenças entre classes acerca de iguarias e motivos a ir em um restaurante.

CONCLUSÃO:
Observando os resultados da pesquisa pude notar nos entrevistados uma sensibilidade que não esperava: ao perguntar o que a comida lhe representava, boa parte (27%) respondeu que dependia do contexto. Isto ainda é uma informação muito pouco explorada na literatura existente, que se preocupa mais em tentar dividir os tipos de restaurante e assume que cada cliente freqüenta somente um estilo de estabelecimento, por uma série de fatores que são característicos de cada indivíduo. Apesar de parecer uma informação simples, a idéia de que uma mesma pessoa consome diferentes estilos de restaurante com diferentes fins é muito importante para percebermos como a atual sociedade tem sua lógica estabelecida.
Instituição de Fomento: Fundacao Getulio Vargas - EAESP - GV Pesquisa
Palavras-chave: Restaurante, Comida, Socialização.