61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 4. Odontologia - 10. Odontologia
ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DA ÁGUA OZONIZADA E SUAS APLICAÇÕES EM ODONTOLOGIA
Felipe Eduardo de Oliveira 1
Edson Yukio Komiyama 1
Bruno Mello de Matos 1
Talyta de Souza Reis 1
Janete Dias de Almeida 1
Cristiane Yumi Koga-Ito 1
1. Departamento de Biociências e Diagnóstio Bucal, FOSJC - UNESP
INTRODUÇÃO:

O ozônio apresenta diversas propriedades que podem ser úteis na área médica. A propriedade de inativar diferentes espécies de microrganismos tem sido descrita na literatura. Os efeitos bactericidas, virucida e fungicida têm sido relatados desde o início do século e têm sido empregados para o tratamento de lesões infectadas. O ozônio é um agente oxidativo poderoso e apresenta propriedades bactericidas comparáveis às substâncias cloradas e com a vantagem de apresentar baixa toxicidade. Muitas são as vias de contaminação nos laboratórios de prótese dentária como os discos de feltro e a pedra-pomes usados no polimento de peças, sopros para remoção de resíduos de resina acrílica, perdigotos de espirro e tosse, além do contato das peças com mãos contaminadas. Outros estudos mostram que as escovas dentais após uso poderiam ser causa de sucessivas infecções na cavidade bucal. A maior dificuldade consiste em eleger o melhor agente e método de desinfecção que cumpra boa parte dos requisitos de um agente ideal e que não cause nenhum tipo de alteração na estrutura do trabalho a ser desinfetado, tornando-o inviável. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a efetividade antimicrobiana de um gerador de ozônio portátil de pequeno porte.

METODOLOGIA:

Foram utilizadas suspensões padronizadas de: C. albicans (ATCC 18804), E. coli (ATCC 25922), S. aureus (ATCC 6538), S. mutans (ATCC 35688) e esporos de B. subtilis (ATCC 19659).

Alíquotas de 10ml das suspensões foram borbulhadas no baseline e tempos de 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35, 40, 45, 50, 55 e 60 min. Alíquotas de 0,1ml foram semeadas em meio de cultura e realizada a contagem de UFC/mL, obtendo-se a redução microbiana.

Para a desinfecção de corpos de provas de resina acrílica (n=50) e aço inox (n=50), foram transferidos para placa de 24 poços com 1,5 ml de meio de cultura + 0,1 ml de suspensão padronizada, para cada microrganismo, e incubadas por 24h/37°C. Após, os corpos de prova (n=10, em cada grupo) foram transferidos para um suporte esterilizado acoplado ao aparelho gerador de ozônio com água destilada esterilizada e borbulhados por 10 min. Após, os corpos de prova foram sonicados por 30s e a células recuperadas por semeadura em meio de cultura.

Para a desinfecção das escovas dentais, 100 escovas padronizadas foram divididas em 10 grupos (n=10) dependendo do microrganismo testado e da condição experimental (controle e ozônio). As escovas foram imersas em tubo com meio de cultura + 0,1 ml de suspensão padronizada, para cada microrganismo, e incubadas por 24h/37°C. Em seguida foram borbulhadas por 15 min, submetidas à dessorção das células aderidas por 30s e realizada a semeadura em meio de cultura. 

Os grupos controle (corpos de prova e escovas) foram apenas transferidos para água destilada, não foram expostos ao ozônio.

RESULTADOS:

Observou-se que para C. albicans após 5 minutos de ozonização, houve eliminação total do inóculo inicial, sendo este tempo também suficiente para eliminação de S. mutans e E. coli. Para S. aureus, o tempo necessário foi de 15 minutos. A ozonização da água nas condições experimentais testadas só teve efeito esporicida (B. subtiilis) após 45 minutos.

Para a desinfecção dos corpos de prova de resina acrílica foi observada diferença estatisticamente significante entre a contagem de UFC por mililitro do grupo submetido à ozonização em relação ao grupo controle para C. albicans (p=0,0004), S. mutans (p=0,0065), E coli (p=0,0003).

Para a desinfecção dos corpos de prova de aço inox foi observada diferença estatisticamente significante entre a contagem de UFC por mililitro do grupo submetido à ozonização em relação ao grupo controle para E. coli (p=0,0036), S. aureus (p=0,0002), S. mutans (p=0,0002) e C. albicans (p=0,0054). Não foi possível analisar a redução de contagem após desinfecção para B. subtilis pois as contagens foram nulas.

Na desinfecção de escovas dentais, observamos diferença estatisticamente significante entre as contagens finais em UFC/espécime foi observada para C. albicans (p=0,0046), S. aureus (p=0,0002), S. mutans (p=0,0065), E. coli (p=0,0046) e B. subtilis (0,0028).

CONCLUSÃO:

A partir dos resultados, podemos concluir que a utilização do ozônio pode ser uma alternativa na desinfecção artigos protéticos, desinfecção prévia de instrumentais odontológicos e escovas dentais.

Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP
Palavras-chave: Odontologia, Ozônio, Microbiologia.