61ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 1. Contabilidade - 6. Sistemas Contábeis
IMPACTO DAS DIFERENÇAS ENTRE AS NORMAS BRASILEIRAS E USGAAP: UM ESTUDO QUANTITATIVO DAS EMPRESAS COM ADRS NA NYSE
Gustavo Henrique Falciano 1
Edilene Santana Santos 1
1. Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas
INTRODUÇÃO:
A globalização tem provocado um aumento expressivo no fluxo de capitais entre os países e uma interdependência das economias de mercado. Sendo assim, a padronização das normas contábeis é de extrema importância, para tornar as demonstrações financeiras mais transparentes e proporcionar maior segurança aos investidores internacionais. No Brasil, a padronização foi determinada pela Nova Lei das SAs que estabeleceu o ano de 2008 para que as sociedades anônimas e demais empresas de grande porte comecem a apresentar seus relatórios anuais de acordo com o IFRS. Tendo em vista este cenário, este estudo visa aprofundar a análise realizada por Santos et al. (2007) com o intuito de estimar o impacto esperado nos lucros das companhias brasileiras que migrarão do padrão brasileiro para o IFRS, bem como identificar o porquê desta disparidade nos lucros, apontando as diferenças de regras que mais impactam o lucro dessas empresas e as que mais ocorrem.
METODOLOGIA:
Para analisar a disparidade entre os lucros reportados pela norma brasileira e os USGAAP, foram coletados os Relatórios de Conciliação de Lucros, que são encontrados nos relatórios chamados 20-F. Os relatórios 20-F são publicados anualmente por todas as empresas brasileiras que possuem ADRs na NYSE. Dentre as 30 empresas brasileiras que possuíam ADRs na NYSE, apenas 15 (50%) publicaram os Relatórios de Conciliação de Lucros nos relatórios 20-F durante o período observado nesta pesquisa, de 2001 a 2006. Para efetuar a comparação dos resultados, foram utilizados o Índice de Conservadorismo (IC) de Gray (1980) e o Índice de Comparabilidade Parcial (ICP), elaborado por Weetman et al (1998).
RESULTADOS:
Notou-se no estudo que há dois períodos com comportamentos distintos, 2001 e 2002 que apresentaram IC de 1,39 e grande variabilidade dos valores e 2003 a 2006 com IC de 0,87 e pequena variabilidade. Assim, analisamos principalmente este segundo período e confirmamos a característica conservadora da contabilidade brasileira apontada pela teoria, ou seja, os lucros reportados pelo BRGAAP são inferiores ao USGAAP, em média 13%. Todos os ajustes realizados pelas empresas foram classificados pelo seu impacto nos lucros brasileiros e pela freqüência com que são realizados pelas empresas. Com isso, verificou-se que os ajustes que mais alteram os lucros brasileiros são: correção monetária do ativo permanente, ajuste de reavaliação de ativos e diferimento de despesas. Já os mais freqüentes foram impostos de renda diferidos, correção monetária do ativo permanente e juros capitalizados.
CONCLUSÃO:
Esta pesquisa tinha por objetivo aprofundar a análise realizada por Santos et al (2007) com relação ao impacto causado pelas diferenças entre as normas contábeis brasileira e norte-americana nos lucros das empresas. Santos et al (2007) apontaram que a diferença era da ordem de 17% (2001 a 2005). Já o presente estudo (2001 a 2006) confirmou o conservadorismo brasileiro, porém os lucros pelas normas brasileiras foram 13% inferiores aos medidos pelos USGAAP. Esta pesquisa visou dar um panorama sobre as diferenças entre as normas contábeis do Brasil e dos EUA e o impacto que elas causam nos lucros das empresas com ADRs na NYSE. Com isso, é possível estimar o aumento nos lucros das empresas que publicarão suas demonstrações financeiras em padrão internacional, IFRS, como determina a Nova Leia das SAs (28/12/2007), a partir deste ano.
Instituição de Fomento: Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas
Palavras-chave: Contabilidade Internacional, USGAAP, Índice de Conservadorismo.