61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 2. História do Brasil
As Forças políticas conservadoras e o Golpe de 1964 no Rio Grande do Sul
Rafael Fantinel Lameira 1
Diorge Alceno Konrad 2
1. Universidade Federal do Rio Grande do Sul
2. Universidade Federal de Santa Maria
INTRODUÇÃO:
A exposição apresentará alguns resultados da pesquisa que teve como objetivo estudar a construção do Golpe Civil-Militar de 1964, no Rio Grande do Sul, a partir dos movimentos sociais e políticos que se organizaram em torno de seus projetos em meio ao contexto específico da guerra fria. O Objeto específico deste trabalho é compreender a atuação das forças políticas liberal-conservadoras na construção do Golpe Civil-Militar no Rio Grande do Sul.
METODOLOGIA:
As fontes e a bibliografia são articuladas a fim de partir da realidade empírica e produzir um conhecimento fundamentado, sem cair em análises mecânicas da realidade, mas também, sem assumir o debate pela memória ou o discurso dos vencedores como explicação histórica.Fundamentalmente, as fontes utilizadas são periódicos impressos que podem fornecer uma visão da complexidade do processo político, nesta história recente. O recorte espacial é o Rio Grande do Sul, mas como parte do processo mais amplo, sem particularizar o regional em relação ao nacional, a fim de questionar as absolutizações arbitrárias dos casos de Rio-São Paulo como representativos da totalidade brasileira. A análise teve como objeto os movimentos sócio-políticos que se mobilizam em torno de seus projetos de sociedade no contexto da chamada Guerra Fria. Isto porque o estudo não pode deslocar os eventos de suas condições estruturais na sociedade a fim de considerar a complexidade do processo histórico, observando suas permanências e rupturas.
RESULTADOS:
As Forças políticas liberal-conservadoras desempenham papel fundamental no processo político que culmina no Golpe Civil-Militar de 1964. AS autodenominadas Classes Produtoras, que se alterna nas fontes com o de Classes Conservadoras, identifica interesses e projetos coletivos em comum. Os grandes proprietário de terras, aglutinados na Federação das Associações Rurais do Rio Grande do Sul (FARSUL), os industriais, na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), os comerciantes, na Federação das Associações Comerciasi do Rio Grande do Sul (FEDERASUL), são protagonistas na construção e consolidação do Golpe Civil-Militar de 1964 no Rio Grande do Sul. De igual forma, a igreja Católica, através do Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre D. Vicente Scherer, os partidos políticos aglutinados na Ação Democrática Popular (PSD, UDN, PL, PDC e PRP), e a seção sul do IPES (IPESUL) participam ativamente na tentativa de construir uma hegemonia dessas forças políticas liberal-conservadoras no estado. O projeto liberal-conservador na defesa intransigente dos preceitos do capitalismo liberal que, somado a uma inabalável crença na vocação ocidental e cristã do “povo brasileiro” permitiu construção de um forte discurso conservador que identificava democracia com ordem, portanto, avesso a mudanças ou reformas sociais. Estas forças viam, ou pelo menos afirmavam ver, em qualquer manifestação de defesa de direitos sociais ou políticos, no esteio da Ideologia de Segurança Nacional, um plano de implantação do comunismo bolchevista, uma ideologia exógena, contrária a “tradição e a vocação ordeira e cristã do povo brasileiro”. Sob o signo do anticomunismo, optaram pela modernização conservadora, pela restrição da participação política, pela Ditadura.
CONCLUSÃO:
Algumas reflexões podem ser apontadas. Primeiro, o Golpe de 1964 deve ser considerado em sua dimensão plural, tanto como um amplo movimento civil-militar com um projeto político formulado a partir da Doutrina de Segurança Nacional e Desenvolvimento e ancorada nos preceitos liberal-conservadores, quanto, um contra-golpe preventivo, contra o avanço das reivindicações por mudanças e reformas sociais. É preciso considerar a atuação concreta dos sujeitos históricos organizados, na defesa de seus projetos políticos, bem como o contexto específico que confere inteligibilidade a este evento histórico, a Guerra Fria, para alcançarmos uma visão mais complexa, completa e menos centrada em especificidades dos casos de Rio-São Paulo.
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul
Palavras-chave: Golpe Civil-Militar de 1964, Rio Grande do Sul, Forças políticas liberal-conservadoras.