62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 10. Comunicação - 8. Comunicação
TECNOLOGIAS DO PRAZER NA SOCIEDADE DA (IN)FORMAÇÃO PLANETÁRIA: UMA ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA COMERCIALIZAÇÃO DO EROTISMO E DA PROPAGAÇÃO DO DISCURSO ERÓTICO PRODUZIDOS PELO MASS MEDIA NA CONSTRUÇÃO DO INDÍVÍDUO DO SÉCULO XXI (DESPUDORANDO AS MASSAS OU APRISIONANDO AS MENTES?)
Filipe Wagner Ferreira dos Santos 1
Maria Emannuelle Lucena Rodrigues 1
Leandra Luíza Gomes de Menezes 1
Cláudio Mendes Chagas 1
Thiago Luís Araújo Garcês 1
Jonatan Cardoso do Nascimento 1
1. Universidade Federal do Maranhão/ UFMA
INTRODUÇÃO:
Estamos no século XXI, apogeu da indústria cultural. O isolamento, a velocidade, e o "esclarecimento" global são marcas da nossa contemporaneidade. O homem do século da informação rompe com antigos tabus, como a ortodoxa noção de amor, de família nuclear e com as prisões impostas durante milênios à sua sexualidade, por exemplo. O presente trabalho tem como objetivo central à análise da relação entre o mass media e a sexualidade, visando compreender de que forma as novas tecnologias midiáticas estão influenciando o comportamento sexual e os "discursos" sobre sexo. Se de um lado os saberes sobre a sexualidade e as técnicas multimídias do sexo parecem estar cada vez mais se multiplicando na cultura, por outro, a prática do sexo parece acompanhar a tendência narcisista da era globalizada, se tornando cada vez mais uma sublimada prática solitária. Vende-se este item essencial da indústria da alma, e tal mercadoria é vendida da mesma forma, em escala planetária, aos mais diversos tipos de consumidores. Então surgem questões: como está sendo (in)formado o Eu (self) do indivíduo da era do compartilhamento de informações diante ao antigo tabu do sexo? As mídias de massa estão despudorando as massas ou aprisionando as mentes (pulsões) dos seus indivíduos em redomas virtuais do prazer?
METODOLOGIA:
A pesquisa foi elaborada através de levantamento bibliográfico, onde constam livros, revistas, artigos científicos, ensaios, mas se utilizou até mesmo de filmes que abordam o assunto. Mais especificadamente trabalhou-se em cima de conceitos-chaves do pensador francês Michel Foucault (saber, disciplina, tecnologias) bem como algumas lições da psicanálise (sublimação, self), centrado os estudos particularmente em duas obras: "Eros e civilização" de Herbert Marcuse, e "Cultura de massa no século XX: neurose" de Edgar Morin. Por se tratar de tema contemporâneo, a utilização "metalinguística" da internet seria imprescindível, espaço onde pudemos nos deparar com comunidades que discutem o tema, blogs específicos, e outras ferramentas que só vem a salientar a relevância das novas tecnologias midiáticas do relacionamento erótico no nosso tempo.
RESULTADOS:
Através dos estudos do tema, constatou-se a presença de vários mecanismos que vem se articulando em torno das multimídias, como Chat's, aplicativos como as redes sociais (Orkut, Facebook, Chatroulett, portais telefônicos, entre outros), que tem como tônica enrustida, à questão da sexualidade e da promoção de saberes sobre a sexualidade. Essas tecnologias se baseiam na cultura do isolamento, no culto ao narcisismo, mas, em contrapartida, promulgam o ideal de sociabilidade universal; uma rede que vincula os indivíduos evitando o contato face a face. Estas ferramentas, que são pautadas na vinculação do individuo a uma imagem positiva, saudável, surge para o cidadão do mass media como um mercado de si mesmo, um mercado do próprio corpo. A sexualidade estampada em cada perfil parece prometer sucesso pessoal-sexual, mas, em suas entrelinhas, a utilização do aplicativo parece representar o individuo se realizando na solidão do usuário de um determinado serviço midiático. A cultura massificada alterou antigos valores e comportamentos (casamento, monogamia, etc.) como promessa para o fim dos complexos da civilidade, mas na contra mão aponta para uma constante "sociabilidade intocável", e o discurso sobre o sexo e a sexualidade continua ganhando corpo, relevância nos discursos da grande mídia (o discurso da diversidade sexual, apologia ao orgasmo feminino, feminilização do homem) e em suas tecnologias, o que, contudo, faz com que pensemos: isto é garantia que estejamos experimentando sensivelmente o prazer, ou é apenas uma garantia de uma satisfação virtualizada?
CONCLUSÃO:
São notáveis os aspectos positivos na evolução dos meios de comunicação; a acessibilidade à informação; o compartilhamento de dados; a conexão entre os povos e culturas, mas, é inevitável não observarmos o esquema industrial por trás dessa lógica socializante; industria não só de novas tecnologias da informação, mas de preceitos e novos paradigmas de comportamento. É uma "industria do espírito", como a chamou Edgar Morin, e a erotização nos produtos e discursos aparece não como algo novo na publicidade nem nos meios comunicacionais, mas com o diferencial de sustentar contradições intrínsecas; ao mesmo tempo em que promove o esclarecimento sobre os desejos, inúmeros são os tablóides sensacionalistas que surgem, comunidades ortodoxas que ganham espaço tecnológico para divulgação de moralismos medievais, e poderosos grupos de comunicação que defendem esta ou aquela "bandeira de comportamento" em suas pautas ao mesmo tempo em que receitam pílulas diárias de conhecimento sobre si, sobre o sexo, sobre o outro. A despeito desse esquema planetário de evolução tecnológica dos prazeres e do esclarecimento embutido nele, permanece o cidadão-consumidor, inerme,(sem refencias claras e consolidadas sobre qual comportamento seguir)solitário e insaciável na frente do seu recurso, da sua tecnologia do prazer.
Palavras-chave: tecnologias, erotismo, mass media.