62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 2. Ciência da Computação - 17. Ciência da Computação
PROJETO ARGOS - AUXÍLIO À LOCOMOÇÃO DE DEFICIENTES VISUAIS A PARTIR DE DISPOSITIVO MICROCONTROLADO
José de Sousa Ribeiro Filho 1
Rejane de Barros Araújo 1
Bruno Leal Bastos 2
1. Centro Universitário de Pará - CESUPA
2. Faculdade de Tecnologia - UNICAMP
INTRODUÇÃO:
O uso de bengalas por pessoas deficientes visuais é uma realidade necessária devido à mesma ser capaz de lhes proporcionar noção de espaço em ambientes diversos, principalmente ao acompanhar os desníveis do piso por onde o usuário percorre, porém, mesmo a bengala branca, como é chamada, apresenta um problema grave que torna seu uso perigoso em ambientes urbanos, tal problema é a não detecção de obstáculos altos, acima da linha da cintura do usuário (como placas, orelhões, caminhões, etc...), dessa forma o usuário, para identificar tais obstáculos, acaba se chocando com os mesmos, gerando um grande perigo a sua integridade. Tendo como foco resolver esse problema, foi desenvolvido o dispositivo ARGOS, dispositivo esse que faz a medição e localização de obstáculos presentes a variadas alturas à frente do usuário deficiente visual através de sensores ultrasônico microcontrolados adaptados ao pulso do usuário e assim servindo como acessório "inteligente", tendo como função trabalhar em conjunto com a bengala branca a fim de proporcionar proteção ao portador, alertando ao mesmo da existência de obstáculos.
METODOLOGIA:
O desenvolvimento do projeto se baseou no estudo de teorias de orientação e mobilidade (OM) de deficientes visuais, juntamente com a programação de microcontroladores em linguagem C e eletrônica básica. O dispositivo Argos é baseado em três partes básicas, que são: sensor EZ1 (campo ultrasônico na frente do usuário), microcontrolador 16F628A (faz processamento do sinal gerado pelo sensor, a partir de um programa em C) e vibrador 9V (gerador de sinal de alerta). Atuando de maneira a não gerar impactos no modo como o usuário de bengala manipula a mesma, através dos conceitos de OM, o dispositivo Argos funciona preso ao pulso do usuário criando um campo ultrasônico na frente do mesmo e dessa forma consegue coletar informações que são repassadas para um microcontrolador que a partir de um programa em C avalia se o usuário deve receber algum sinal de alerta, e que tipo de sinal deve receber tendo como base a distância e disposição do obstáculo no ambiente. Sendo que tal programa é capaz de tratar o sinal do sensor de duas formas diferentes: uma para longas distâncias (ambiente aberto) e outra para pequenas distâncias (ambiente fechado).
RESULTADOS:
Os estudos de orientação e mobilidade se mostraram uma ótima base de conhecimento teórico, proporcionando um melhor entendimento do "mundo" dos deficientes visuais para o projeto e dessa forma uma melhor modelagem para o dispositivo, desde sua adaptação ao pulso do usuário até o melhoramento do programa embarcado no microcontrolador. As principais partes que compõem o dispositivo desenvolvido pelo projeto , o microcontrolador PIC 16F628A, o sensor ultrasônico EZ1 e o vibrador, atenderam de maneira eficiente ao requisito de processamento necessário para o projeto Argos alcançar seu objetivo, cada um em uma área especifica: o sensor, por medir distâncias a cada 50 milissegundos e ser direcional consegue transmitir informações sem atraso se comparado com o movimento do braço do usuário no momento da movimentação da bengala, o microcontrolador, por apresentar a capacidade de processamento de dados e velocidade de maquina suficiente para a interface com o sensor, o vibrador, por proporcionar que mesmo pessoas que possuam deficiência visual e auditiva (juntas) possam usar o dispositivo sem problemas de não identificação de sinais de alerta sonoro, mais sim identificando e entendendo o sinal através do tato.
CONCLUSÃO:
Para se desenvolver um dispositivo que venha realmente trazer benefícios a locomoção de pessoas deficientes visuais não basta somente desenvolver tal tecnologia com foco nos conhecimentos que nós, pessoas não deficientes visuais temos, mas sim é necessário que seja levado em consideração e trabalhado como base teórica relevante os conhecimentos educacionais fundamentais de uma pessoa com deficiência visual, a OM, para que dessa forma o dispositivo não venha impactar, de maneira negativa , no modo com o indivíduo manipula a bengala em suas atividades. A tecnologia empregada no desenvolvimento do Argos se mostrou capaz de cumprir em teoria, pois não foi testado em seres humanos, todos os requisitos de segurança necessária para o usuário, seja pelo microcontrolador que executa o processamento de sinais PWM em tempo real, com ajuda do programa embarcado em sua memória flash, ou a alta capacidade de identificação de variados tipos de obstáculos feita pelo sensor ultrasônico.
Palavras-chave: Deficientes visuais, Dispositivo microcontrolado, pulseira microcontrolada.