62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 7. Oceanografia - 1. Oceanografia Biológica
AVALIAÇÃO SAZONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS NO DESENVOLVIMENTO DA OSTRA Crassostrea rhizophorae (GUILDING, 1828) (OSTREIDAE) NOS BOSQUES DE MANGUE DA REGIÃO ESTUARINA DE RIO FORMOSO (PE - BRASIL)
Célio Roberto Fernandes da Silva Júnior 1
Goretti Sônia - Silva 1
1. Universidade Católica de Pernambuco / UNICAP
INTRODUÇÃO:

O litoral Pernambuco possui uma faixa de 187 km de extensão com multiplicidade de ecossistemas extremamente produtivos, como estuários e extensos manguezais. Flora adaptada, fauna diversificada e a teia trófica fazem dos manguezais um dos sistemas biológicos de suma importância ecológica. A dinâmica das marés, contudo, determina a renovação das águas, oxigenação sistêmica, transporte de nutrientes, oscilação da salinidade e principalmente a dispersão das larvas da fauna in loco. Além disso, os estuários e os manguezais sofrem forte agressão ambiental, provocando mudanças ao produto ecossistêmico e, possivelmente tais ações podem interferir nos aspectos físicos, químicos e biológicos do estuário.  A ostra de mangue, Crassostrea rhizophorae, presente no ecossistema estuarino de rio Formoso (PE, Brasil) vem sendo afetada por algumas ações antropogênicas que possivelmente vem influenciando no crescimento das espécies de ostras. Neste contexto a proposta de avaliar, no período de estiagem, a influência dos recursos hídricos no desenvolvimento da espécie Crassostrea rhizophorae nos bosques de mangue da região estuarina de rio Formoso é extremamente pertinente, visto que o bom desenvolvimento econômico do país depende de ações estratégicas adequadas de manejo dos recursos naturais.

METODOLOGIA:

Para avaliar a influência dos recursos hídricos no desenvolvimento da ostra Crassostrea rhizophorae em seu ambiente natural, as observações foram realizadas no período de estiagem, em outubro/dezembro de 2009 e fevereiro de 2010, em duas estações (E1 e E2) demarcados no estuário de rio Formoso, PE (Brasil). A observação do desenvolvimento dos espécimes de ostras in loco, foram feitas, mensalmente, avaliações biométricas de indivíduos selecionados nas raízes-escoras dos mangues, medindo-se o tamanho dos mesmos com paquímetro, com precisão de 0,05 mm. Os espécimes foram coletados aleatoriamente, e levados ao laboratório de zoologia da UNICAP, para análises de aferição. Foram realizadas medidas de altura, espessura e largura das ostras. Ainda em laboratório fora realizada análises de pH e oxigênio. Nos locais definidos, fora verificado o registro do valor da temperatura (oC) e da salinidade da água, como também a turbidez utilizando o disco de Secchi de 20 cm de diâmetro. Simultaneamente amostras de água foram coletadas com garrafas de polietileno e encaminhadas ao Laboratório AGROLAB (PE, Brasil) para análise físico-química. Dados da precipitação pluviométrica (mm) para o período considerado foram obtidos no sistema de meteorologia mais próximo da região de estudo.

RESULTADOS:

A pluviometria nos meses de outubro e dezembro de 2009, e em fevereiro de 2010 em Rio Formoso (PE, Brasil), foi de 0, 103 e 95,7 mm. A salinidade é um índice da diluição da água marinha pela água doce, proveniente dos rios e da chuva, registrou-se máxima de 33 na E2 e mínima de 22 em E1. A temperatura variou de 27°C a 31°C em E1. Em E2 houve pequenas amplitudes de temperatura com variação de 29°C a 30°C. Os teores de oxigênio dissolvido variaram de 8 mg/L a 8,6 mg/L, em E1, e em E2 de 7 mg/L a 3,2 mg/L. A variação do pH em E1 foi de 7,4 a 7,6, e em E2 foi de 7,3 a 7,8. NH e NO em outubro nas estações não foram detectados. Em fevereiro ocorreu os maiores níveis de NO com 1,5 mg/L em E1 e 2,1 mg/L em E2, com queda para 0,04 mg/L nas estações em fevereiro. A transparência da água variou em E1 de 0,89 m a 1,10 m. Em E2 foi de 0,73 m a 1,21m. Os valores biométricos das ostras em E1 atingiram máxima de 5,855 cm de altura, 3,190 cm de largura e 1,450 cm de espessura; e mínima de 2,490 cm de altura, 1,920 cm de largura e 0,585 cm. Em E2 ocorreu os maiores padrões de desenvolvimento com altura de 6,685 cm, largura de 5,050 cm e espessura de 1,800 cm; os menores alcançaram 4,850 cm de altura, 2,820 cm de largura e 0,830 cm de espessura.

CONCLUSÃO:

A ostra Crassostrea rhizophorae possui os maiores valores biométricos, próximas as zonas de transição de áreas marinhas, com redução em direção a cabeceira de rios, conforme o gradiente de salinidade. Os valores dos parâmetros hidrológicos e ambientais nas estações estudadas na área estuarina de rio Formoso (PE, Brasil), apresentaram na sua maioria padrões naturais para o período de estiagem. Os índices pluviométricos e alguns fatores abióticos foram elementos condicionantes para o desenvolvimento da ostra do mangue Crassostrea rhizophorae.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Crassostrea rhizophorae, Estuário, Parâmetros físico-químicos.