62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
dIAGNÓSTICO DA ICTIOFAUNA DA PRAIA DA LUA, RIO NEGRO, MANAUS, AMAZONAS, BRASIL
María Doris Escobar Lizarazo 1
Leandro Cortes Ávila 1
Marcio Quara de Carvalho Santos 1
Jefferson Raphael Gonzaga Lemos 1
Adriano Teixeira de Oliveira 1
Edinbergh Caldas de Oliveira 2
1. Pós-Graduação em Diversidade Biológica da Universidade Federal do Amazonas
2. Prof. Dr./Orientador - Docente do PPG-DB/ICB/UFAM
INTRODUÇÃO:

As águas dos rios que compõem a bacia Amazônica abrigam uma biota aquática muito diversificada, sendo os peixes os vertebrados mais diversos e abundantes. Esse ecossistema sofre grandes alterações que dependem das constantes oscilações no nível dos rios. Na época da seca, as dimensões dos rios diminuem e emergem grandes praias que abrigam a fauna nativa e servem de rota de passagem para várias espécies de peixes que migram para se alimentarem e se reproduzirem. As áreas de praias, principalmente aquelas próximas as grandes cidades, vem sofrendo pressões antrópicas, devido o uso inapropriado de seus recursos e despejo de resíduos domésticos e industriais, causando impactos sobre a comunidade aquática e resultando na diminuição da riqueza e abundância da ictiofauna. Essa degradação vem sendo observada na Praia da Lua situada à margem esquerda do rio Negro, nas proximidades da cidade de Manaus. Este ambiente apresenta um sistema que possui consideráveis impactos antrópicos, como poluição aquática, sendo observada a presença de resíduos sólidos de uso doméstico. Com base nessas informações, o objetivo deste trabalho foi realizar um diagnostico da ictiofauna da Praia da Lua, fornecendo conhecimentos sobre a diversidade de peixes em ecossistemas com consideráveis impactos antrópicos.

METODOLOGIA:

As coletas de material biológico foram realizadas nos períodos diurno e noturno em igarapés situados na parte posterior da Praia da Lua (3°01'38.58" S, 60°08'16.64" O), no baixo Rio Negro, Manaus, Amazonas, Brasil. Os procedimentos amostrais ocorreram em dezembro de 2009, período de seca, com auxílio de apetrechos de pesca ativos e passivos. Pelo método de coleta ativo foram feitos lances com tarrafa nas margens dos igarapés, com duração de 30 minutos cada lance e arrasto com rede de cerco durante 1 hora por um trecho de 50 metros. Para o método passivo, foram estendidas redes de fio de nylon, com malha de 40 mm entre nós e 100 m de comprimento, por um período de 24 horas com revisões a cada 8 horas. A coleta de larvas foi realizada em arrastos horizontais próximos a superfície utilizando rede de ictioplâncton de malha de 0,4 mm. Os peixes foram fixados em formol 30%, triados e conservados em álcool 70%, enquanto que as larvas em formol a 5,0%. Parte do material foi identificado em campo e outra no Laboratório de Ecologia Aquática (NUPIC) da Universidade Federal do Amazonas, onde o material encontra-se depositado. Os exemplares foram quantificados e identificados ao menor nível taxonômico possível utilizando-se literaturas específicas.

RESULTADOS:

Foi levantado um total de 511 peixes, distribuídos em seis ordens, 16 famílias e 43 espécies. As ordens mais diversas foram Perciformes (34,9%), Characiformes (30,2%) e Siluriformes (25,6%). As menos diversas foram Clupeiformes (4,7%), Cyprinodontiformes (2,3%) e Synbranchiformes (2,3%). Quanto ao número de indivíduos, a ordem mais abundante foi a Clupeiformes (73,2%), seguida pelas ordens Perciformes (11,7%), Characiformes (10,0%), Siluriformes (3,3%), Cyprinodontiformes (1,4%) e Synbranchiformes (0,4%). As famílias mais diversas foram a Cichlidae (Perciformes), com 14 espécies, Loricariidae (Siluriformes), com oito espécies e Characidae e Hemiodontidae (Characiformes), com três espécies cada. Cyprinodontiformes e Synbranchiformes foram representadas por apenas uma espécie cada (Fluviphylax sp. e Synbranchus marmoratus, respectivamente). A família mais abundante foi a Engraulidae (Clupeiformes), com 374 indivíduos coletados, incluindo larvas nos estágios de pré e pós-flexão de Jurengraulis juruensis e Lycengraulis batesii. Esta análise revelou uma alta diversidade de peixes na praia da Lua, quando comparados com ambientes similares como igapós e igarapés da Alta Amazônia e igarapés das Reservas Mamirauá e Ducke (Amazônia Central) que apresentam entre 29 a 49 espécies.

CONCLUSÃO:

Apesar das evidências de impactos antrópicos, a Praia da Lua apresentou uma alta diversidade de peixes. As ordens Perciformes, Characiformes e Siluriformes foram as mais diversas. As famílias com maior número de espécies foram Cichlidae, Characidae e Loricariidae. A grande quantidade de larvas e juvenis da família Engraulidae, indica que, no período amostrado, o canal do rio Negro em frente à Praia da Lua estava sendo utilizado como área de desova e criação das espécies desta família. Estes resultados demonstram a importância da Praia da Lua para a ictiofauna do baixo rio Negro e ressaltam a necessidade de mais estudos visando a melhoria das condições ambientais, principalmente através da implementação de medidas de recuperação e conservação dessa localidade.

Instituição de Fomento: Programa de Apoio à Pós-Graduação (PROAP) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
Palavras-chave: Amazônia, Ictiofauna, Biodiversidade.