62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
ASPECTOS POPULACIONAIS DE Gracilaria birdiae  (RHODOPHYTA, GRACILARIALES) EM UMA ÁREA RECIFAL DO RIO GRANDE DO NORTE
Liliane Barbosa dos Santos 1
Marcella Araújo do Amaral Carneiro Davim 2
Carolina Angélica Araújo de Azevedo 1
Eliane Marinho-Soriano 1
1. Depto. de Oceanografia e Limnologia - UFRN
2. Instituto de Biociências, Depto. de Botânica - USP
INTRODUÇÃO:
O litoral do Rio Grande do Norte apresenta uma faixa costeira com aproximadamente 400 km de extensão. Esta área é caracterizada pela formação de recifes que emergem na maré baixa e que oferecem substrato para um grande número de macroalgas. Dentre as espécies algais que ocorrem no litoral nordestino, o gênero Gracilaria tem sido foco de atenção devido ao seu grande potencial econômico. Dentre as espécies mais freqüentes, encontra-se a espécie G. birdiae que ao longo dos anos vem sendo coletada e comercializada por pescadores locais para a extração de ágar. Na praia de Rio do Fogo, essa atividade tem levado à depleção dos estoques e causado preocupações quanto à preservação desse recurso natural. Uma maneira de minimizar o impacto causado pela exploração predatória seria a execução de planos de manejo e monitoramento de populações algais. Nesse sentido, o presente estudo teve como objetivo realizar o monitoramento da macroalga G. birdiae na praia de Rio do Fogo, de forma a contribuir para o conhecimento e conservação da espécie nessa área.
METODOLOGIA:
As macroalgas foram coletadas mensalmente na região do infralitoral, sobre uma área recifal, durante o período de janeiro a maio de 2009, na praia de Rio do Fogo-RN. O local de coleta se encontra a aproximadamente 30m de distância da praia a uma profundidade de 30-100 cm durante as marés baixas. Para cada coleta foram realizadas cinco amostragens utilizando-se um quadrado de 25 cm de lado (0,625m2) em pontos aleatórios da faixa recifal. Os organismos contidos dentro da unidade amostral foram coletados manualmente e acondicionados em sacos plásticos. Após a coleta, o material foi transportado em caixas isotérmicas para o laboratório onde foi realizada a triagem e a identificação do material. Posteriormente, cada grupo de organismos de uma mesma espécie e de um mesmo elemento amostral teve sua biomassa úmida quantificada. A partir desses dados, foi possível calcular a freqüência das espécies e os índices de diversidade (Shannon-Hill) e dominância (Simpson) de cada período amostral.
RESULTADOS:

No local de estudo foram encontrados 51 táxons, sendo cinco espécies pertencentes à divisão Chlorophyta (10%); seis espécies a divisão Ochrophyta (12%) e 40 espécies a divisão Rhodophyta (78%). Com relação à freqüência de ocorrência das espécies durante o período estudado, as espécies com maior percentual foram Gracilaria birdiae (48,3%), Hypnea musciformis (8,8%), Gracilaria cervicornis (7,9%), Osmundaria obtusiloba (7,1%) e Gracilaria caudata (6,0%). Os valores mais elevados de diversidade ocorreram nos meses de fevereiro (H'=2,90) e maio (H'=2,86), enquanto que os menores foram registrados nos meses de janeiro (H'=2,25) e março (H'=2,26). O índice de dominância de Simpson apresentou seu maior valor no mês de março (λ=0,38), coincidindo com o período em que foram registrados os maiores valores de biomassa e a maior ocorrência da espécie dominante neste estudo, a Gracilaria birdiae. A biomassa desta espécie mostrou uma oscilação ao longo do estudo, com maiores valores registrados no mês de março (2.494,08 g/m2) e os menores em maio (1.325,12 g/m2). Apesar do esforço amostral, verificou-se uma grande diversidade de espécies e a predominância da G. birdiae durante todo o período, o que vem a ressaltar a importância do estudo no infralitoral da praia de Rio do Fogo.

CONCLUSÃO:
Nesse estudo, a riqueza de espécies foi considerada relativamente alta. Um dos principais aspectos favoráveis à ocorrência das algas na praia estudada é a presença dos recifes que permitem a fixação das diferentes espécies algais. A divisão Rhodophyta foi a mais representativa (78%), com a espécie G. birdiae apresentando os maiores valores de biomassa e uma variação de ocorrência bastante elevada quando comparada às outras espécies de macroalgas.  O índice de diversidade mostrou que os meses de maior ocorrência da alga e de maior biomassa foram os meses de menor diversidade (janeiro e março). Os resultados do presente estudo mostraram que a alga vermelha G. birdiae se destacou na área estudada por registrar os maiores valores tanto de freqüência como de biomassa.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Diversidade, Biomassa, Gracilaria birdiae.