Gracilaria é um gênero de algas vermelhas notáveis por sua importância econômica.  Várias espécies têm sido coletadas dos bancos naturais em diversos países do mundo, mas devido à sobre explotação, esses recursos estão em declínio e um fornecimento de matéria-prima constante e confiável se faz necessário. O conhecimento sobre o ciclo de vida, além de dados básicos sobre a ecologia e fisiologia das espécies factíveis de serem cultivadas é de grande importância para o sucesso do cultivo. A partir das informações obtidas nesses estudos são desenvolvidas tecnologias para a elaboração de métodos consistentes para suportar o cultivo. Estudos laboratoriais têm contribuído para o conhecimento do comportamento fisiológico de linhagens e sua viabilidade de cultivo. Nesse contexto, o cultivo in vitro tem sido uma ferramenta importante para a seleção de espécies algais. Gracilaria birdiae é uma alga vermelha de grande importância econômica, explorada comercialmente para a produção de ágar. Esta espécie é comumente distribuída no litoral do Nordeste e tem sido alvo de vários estudos. Este estudo teve como objetivo realizar uma análise comparativa entre os diferentes estádios reprodutivos (gametófitos e tetrasporófitos) de G. birdiae, visando fornecer subsídios para a maricultura.

Os valores médios de biomassa alcançados ao longo do estudo foram bastante semelhantes para os tetrasporófitos (168,1±10,2 mg) e gametófitos femininos (167,9±9,6 mg). Os gametófitos masculinos apresentaram um melhor desempenho atingindo uma média de 217,2±9,2 mg. Assim como para a biomassa, os valores da TCR dos gametófitos masculinos apresentaram valores mais elevados (8,7 ± 0,2%d^-1) do que os gametófitos femininos (4,95 ± 0,2%d^-1) e plantas tetrasporofíticas (4,88 ± 0,81%d^-1). Diferenças significativas foram observadas nos valores de biomassa e TCR para os tetrasporófitos e gametófitos femininos e masculinos (p<0,001). Os gametófitos masculinos mostraram um melhor desempenho considerando que apresentaram valores de biomassa e de TCR mais elevados, quando comparado com os outros estádios reprodutivos (tetrasporófitos e gametófitos femininos). Tais resultados demonstram que diferentes estádios reprodutivos apresentam mecanismos fisiológicos de crescimento bastante distintos. Este tipo de conhecimento que permite comparar o comportamento das espécies e estágios reprodutivos é fundamental para a implantação de cultivos em condições naturais.

Os resultados obtidos nessa pesquisa demonstraram diferenças marcantes no crescimento in vitro dos diferentes estádios reprodutivos. Os gametófitos masculinos apresentaram biomassa e TCR superiores aos demais estádios (tetrasporófitos e gametófitos femininos), indicando um melhor desempenho às condições de cultivo. Diferenças de crescimento observadas entre os estádios reprodutivos nesse experimento pode ser uma evidência de que os diferentes estádios possuem distintas estratégias ecológicas na natureza.