62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM E O ENSINO DE ERGONOMIA: UMA EXPERIÊNCIA NO CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM DO TRABALHO.
Cecília Nogueira Valença 1
Lorena Mara Nóbrega de Azevedo 1
Luanna Daniella Oliveira 1
Diana Paula de Souza Rêgo Pinto 1
Gabriel Jefferson Noberto de Oliveira 1
Raimunda Medeiros Germano 1
1. Depto de enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
INTRODUÇÃO:
Considerando a ergonomia como campo do saber essencial para a manutenção da qualidade de vida do trabalhador, sabe-se que muitas vezes os técnicos de enfermagem executam suas ações nos serviços sem adequada preocupação com o risco ergonômico, resultando em problemas de saúde como dores lombares e articulares e desvios da coluna vertebral. A ergonomia também se preocupa com o desgaste psicológico no trabalho, refletindo sobre o elevado risco ergonômico a que o técnico de enfermagem está submetido, como lidar com os diferentes temperamentos e as nuances emocionais dos indivíduos e com a morte e o luto dos pacientes e familiares. Assim, ele está sujeito a diferentes situações que exigem criatividade e competência para lidar com as pessoas e a coletividade. Perante a aplicação da ergonomia em saúde do trabalhador e a constante exposição a riscos no exercício profissional do técnico de enfermagem, é relevante que esta temática seja discutida na formação profissional em enfermagem. Este trabalho tem por objetivo relatar a experiência do ensino da disciplina de ergonomia e fisiologia do trabalho, na formação profissional em enfermagem do trabalho, visando contribuir para despertar um olhar voltado à saúde de trabalhador de forma ampliada com relação à ergonomia.
METODOLOGIA:
Este estudo trata-se de um relato de experiência do ensino em ergonomia e fisiologia do trabalho para uma turma de técnicos de enfermagem da capacitação em enfermagem do trabalho, composta por 35 alunos, numa instituição privada de ensino técnico. A metodologia utilizada compreendeu três aulas expositivas dialogadas, além de uma visita técnica ao Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST), em Natal/RN. Foram ministradas aulas teóricas do módulo de "ergonomia e fisiologia do trabalho", temática escolhida como uma das diretrizes curriculares dos cursos de formação em enfermagem do trabalho em nível técnico. Este módulo foi desenvolvido de meados de julho a início de agosto de 2009. Os conteúdos abordados foram: ergonomia e norma regulamentadora 17 (NR 17); fisiologia do trabalho e lista de exercícios sobre NR 17 e visita ao CEREST. Os estudantes realizaram, para fins avaliativos da aprendizagem as seguintes atividades: lista de exercícios da NR 17 em dupla; redação individual sobre a importância da boa alimentação no combate às doenças no contexto da saúde do trabalhador e relatório da visita ao CEREST, sendo fundamental a participação nas discussões realizadas na disciplina.
RESULTADOS:
No primeiro e segundo encontros, foram apresentados os conceitos de ergonomia e sua amplitude em saúde do trabalhador, enfatizando a NR 17 que dispõe sobre a ergonomia nos serviços e atividades laborais. Também foram discutidos: aspectos ergonômicos nos ambientes de trabalho, reabilitação do ambiente de trabalho, importância da ergonomia para prevenção de acidentes de trabalho, relação entre recursos humanos e gestores dos serviços. Ao final destes encontros, os discentes fizeram uma redação. A terceira aula teve como tema Fisiologia do trabalho, na qual se discutiu sobre trabalho muscular, sistemas orgânicos e seu impacto nas atividades laborais, além de problemas de coluna vertebral, muito comuns entre os trabalhadores e mesmo os próprios discentes possuíam vários desvios de coluna. Os discentes participaram bastante com questionamentos e solicitando repetição das explicações. Ao final da aula foi aplicada uma lista de exercícios sobre a NR 17. Na visita ao CEREST, os alunos foram apresentados ao funcionamento deste serviço no contexto da saúde do trabalhador no sistema único de saúde (SUS) pela técnica de segurança do trabalho do setor. Ao final da visita e fora do serviço, foi feito um debate crítico sobre o CEREST no contexto da saúde coletiva e saúde do trabalhador.
CONCLUSÃO:
A prática pedagógica sobre ergonomia foi válida e importante para despertar o primeiro olhar nos discentes sobre a importância desta temática em saúde do trabalhador. A participação articulada da teoria/prática, através da visita técnica foi um ponto bastante positivo dessas aulas por permitirem aos estudantes a observação de como se processa um serviço de saúde do trabalhador no contexto do SUS, principal regulador das ações e serviços de saúde no Brasil. Portanto, estabelecer relações entre a teoria e a prática é uma necessidade em meio às práticas educativas, para que elas se mantenham conectadas com a realidade e atinjam a necessidade do discente em seu processo ensino/aprendizagem. Assim, sugere-se que ao final de cada teorização em saúde do trabalhador, exista um trabalho prático, articulando ensino-serviço na busca do conhecimento.
Palavras-chave: ergonomia, educação em enfermagem, saúde do trabalhador.