De acordo com Assad e  Aucélio (2004) no Brasil a biotecnologia integra atualmente  a base produtiva de diversos setores da economia brasileira. A importância da biotecnologia para a competitividade brasileira pode ser verificada através da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior - PITCE, lançada em 2004 ,  que definiu diretrizes cujos pilares centrais são: a inovação; a agregação de valor aos processos, produtos e serviços da indústria nacional; a modernização industrial; a inserção externa e exportação; as opções estratégicas e as áreas portadoras de futuro. Ressalta-se que a biotecnologia, nanobiotecnologia, energias renováveis e biomassa são consideradas  áreas portadoras de futuro. Para o desenvolvimento das duas primeiras áreas busca-se considerar as competências existentes, promovendo a interação entre entidades empresariais e a transformação do conhecimento científico em produtos. Visando fornecer subsídios para compreender o ambiente empresarial brasileiro em torno da biotecnologia o presente trabalho pretende apresentar uma visão panorâmica das empresas de biotecnologias, especificamente, pretende-se  analisar a distribuição geográfica e verificar   quais são os  pontos que   potencializam  e fragilizam o desenvolvimento do ambiente empresarial neste setor

Para  compor  o panorama das empresas biotecnológicas brasileiras buscou-se o diretório da Fundação Biominas através do qual foi possível localizar os dados referente a pesquisa realizada em 2007 junto as empresas que tinham como atividade a biotecnologia. Nesta  foi possível localizar 71 empresas de biotecnologia. A pesquisa foi realizada em dois momentos. No primeiro realizou-se pesquisa quantitativa que teve como objetivo entender como se dá o funcionamento e o desempenho de mercado do setor. A pesquisa foi realizada  no período de fevereiro a julho de 2007. Participaram da pesquisa  56 empresa,  ou seja, 78,87% do total. A segunda etapa consistiu na pesquisa qualitativa que teve como objetivo mapear as dificuldades que afetam os empresários do setor. O instrumento de coleta de dados era composto por três questões. Participaram desta etapa 38 empresas de biotecnologia, o que corresponde a 53,52% do total.

As empresas de Biotecnologias brasileiras encontram-se concentrada nas regiões sudeste (80,28%) e sul (8,45%). Sobre o campo de atuação, os dados mostram que as empresas estão vinculadas a atividades industriais (85,9%) seguidas da prestação de serviços como única mercadoria por 11% das empresas cadastradas. Com relação ao setor de atividade verifica-se que a agricultura (22,5%), insumos (21,1%), saúde animal (18,3%) e saúde humana (16,9%) dispõe de maior número de empresas. Em contrapartida, os setores mais maduros (acima de 5 anos) são saúde animal, meio ambiente e agricultura. O setor de biotecnologia caracteriza-se por ser de micro e pequenas empresas, em que 53,5% dispõe de um a nove funcionários. Quanto aos aspectos comerciais verificou-se  que os empresários têm dificuldades mais acentuadas em dois aspectos: aquisição de máquinas e equipamentos (27%) e acesso a mão-de-obra especializada (35%). Ao verificar as variáveis: interação com universidade e centros de pesquisa e acesso a informação, abordagens e gestão da propriedade intelectual constatou-se que estas apresentaram o menor grau de dificuldade. Com relação as questões comerciais verificou-se que os empresários apresentam dificuldades no que diz respeito ao know-how comercial. Ao serem questionados sobre as dificuldades enfrentadas nas questões  financeiras  verificou-se que a obtenção do capital de giro, geração de caixa e fontes de financiamento, apresentam-se com o maior grau de dificuldade para o empresariado consultado. Quanto as questões relativas a regulamentação os empresários informaram que as maiores dificuldades estão atreladas ao processo de registro de produtos, certificação internacional e pedido e obtenção de patentes.

A partir dos dados coletados a partir do Diretório da Fundação Biominas é possível verificar que: existe concentração de empresas biotecnológicas nas regiões sudeste e sul e que esta pode está atrelada a diversas condições como a tradição e competência das escolas de Medicina, Bioquímica e Farmácia, bem como nichos de mercado ligados a produtos e serviços de saúde humana;  o setor de biotecnologia brasileiro caracteriza-se por ser de micro e pequenas empresas; os setores mais maduros (saúde animal, meio ambiente e agricultura)  se justifica pela importância histórica de atividades agropecuárias no país. Quanto aos pontos que potencializam o setor destaca-se: interação com universidade e centros de pesquisa e acesso a informação, abordagens e gestão da propriedade intelectual. Quanto as fragilidades pode-se agrupar em dois grupos. O primeiro grupo evoca as questões comerciais que podem ser verificados através dificuldades dos empresários no que diz respeito ao know-how comercial e acesso a novos clientes e estabelecimentos de parcerias. Obstáculos que podem está relacionado a natureza do empresário, que geralmente vem do mundo acadêmico, com alta especialização técnica e limitado perfil na área de negócio.  O segundo grupo está relacionado a fontes de financiamento e propriedade industrial, indicando que o desenvolvimento da bioindustria no Brasil necessita de uma base financeira (venture capital) e de formação de profissionais para a área da gestão em  ciência e tecnologia.