62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
FUNCIONALIDADE FAMILIAR DE IDOSOS COM RISCO PARA DEPRESSÃO RESIDENTES NA COMUNIDADE
Andréa dos Santos Souza 1
Doane Martins da Silva 1
Aline Cristiane de Souza Azevedo Aguiar 1
Edméia Campos Meira 1
Marta dos Reis Alves 1
1. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
INTRODUÇÃO:
O crescimento da população idosa é um fenômeno mundial e, no Brasil, as modificações ocorrem de forma bastante acelerada. Segundo dados do Censo Demográfico (2000), existem no Brasil, 14,5 milhões de idosos, representando 8,6% da população. As mudanças demográficas advindas do processo de envelhecimento trazem consigo impacto social, econômico e familiar, pois as famílias também envelhecem, o que se justifica pelo crescente número de domicílios com convivência de várias gerações (REIS, TORRES, SILVA, SAMPAIO & REIS, 2008). À família, é atribuída a função primordial de preservar a integridade física e emocional de seus membros e do próprio grupo, propiciando o seu desenvolvimento (CALDAS, 2004; CERHAN & WALLACE, 1993), porém, as relações estabelecidas na família parecem contribuir nos processos de saúde e também de doença (MACÊDO, MONTEIRO, 2004). Assim, esse estudo objetiva analisar a funcionalidade familiar de idosos com risco para depressão residentes na área de abrangência de uma Unidade de Saúde da Família no município de Jequié-BA. A relevância do estudo aponta para a necessidade do profissional de saúde conhecer a funcionalidade familiar de pessoas idosas com risco para depressão e assim, poder subsidiar o planejamento de mecanismos de assistência domiciliária à saúde do idoso.
METODOLOGIA:
Estudo quantitativo, descritivo, exploratório realizado na área de abrangência da Unidade de Saúde da Família (USF), no Loteamento Água Branca, Jequié-BA. A amostra aleatória, composta por 100 idosos, foi estabelecida a partir de uma população de 167 pessoas idosas cadastradas na Equipe I da referida unidade com idade igual ou superior a 60 anos e que não eram portadoras de déficit cognitivo, de acordo com avaliação do Mini-exame do Estado Mental. Utilizou-se como instrumentos de coleta de dados, um formulário constando de questões sociodemográficas, a Escala de Depressão Geriátrica Abreviada (EDG-15), uma escala com propriedades de validade e confiabilidade satisfatórias para rastreamento de depressão no idoso e o APGAR familiar de Smilkstein, que se destina a conhecer a satisfação do idoso com risco para depressão em relação a cinco dos componentes da função familiar: adaptação, participação, crescimento, afeição e resolução. Os dados foram tabulados e processados por meio da estatística descritiva com o apoio do programa Microsoft Excel 97. As informações foram analisadas à luz das informações colhidas, dos objetivos propostos e da revisão de literatura que aborda a temática. O referido estudo foi submetido à apreciação do CEP/UESB e aprovado mediante protocolo Nº 250/2008.
RESULTADOS:
Das 100 pessoas idosas em convivência intrafamiliar/comunitária investigadas 88 apresentam risco para depressão. Verificou-se uma maior prevalência de risco para depressão em idosos do sexo feminino (72,7%), analfabetos (80,7%), casados (51,1%) e na faixa etária de 60 a 69 anos (36,4%). Quanto à composição familiar, 13 idosos investigados vivem sozinhos enquanto 75 residem com a família, sendo que o número mínimo de pessoas que co-residem com o idoso foi uma e o máximo seis, com média de 2,3 pessoas. Sobre a funcionalidade familiar dos idosos com risco par depressão, 51,13% possuía família classificada como funcional e 48,8 % famílias disfuncionais sendo que destas, 79,06% possuíam disfunção moderada e 20,93% disfunção elevada. Os resultados obtidos mostram que os componentes desenvolvimento, adaptação e afetividade foram apontados como satisfatórios pelos idosos com risco para depressão. O companheirismo foi considerado característica comprometida por 48,86% dos idosos que afirmaram estar algumas vezes satisfeitos com a reciprocidade nas comunicações familiares e na solução de problemas. A capacidade resolutiva foi a característica mais comprometida, pois 51,13% dos idosos estão relativamente satisfeitos com o tempo que passam com suas famílias.
CONCLUSÃO:

Os resultados obtidos por meio do APGAR Familiar evidenciaram que a maioria das famílias dos idosos com risco para depressão é funcional, com uma freqüência de 51,13% contra 48,8 % que apontaram para famílias disfuncionais, onde a disfunção predominante foi a moderada. As características funcionais mais comprometidas foram companheirismo e capacidade resolutiva, enquanto que adaptação, desenvolvimento e afetividade foram apontados como satisfatórias pelos idosos com risco para depressão. A aplicação do APGAR Familiar se fez útil no sentido de possibilitar ao idoso com risco para depressão avaliar sua família quanto a aspectos inerentes ao adequado funcionamento familiar. Destaca-se a importância do conhecimento da funcionalidade das famílias destes idosos como subsídio aos profissionais de saúde no planejamento do cuidado ao idoso com risco para depressão. Desse modo, as famílias funcionais, uma vez orientadas, podem adotar atitudes de promoção à saúde mental do idoso, bem como atentar para sintomas depressivos, recorrendo precocemente à equipe interdisciplinar para avaliação e tratamento adequado.

 

Instituição de Fomento: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Palavras-chave: idoso, família, funcionalidade.