62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 6. Ciência Política - 6. Ciência Política
O SONHO BOLIVARIANO
César Weyne Batista de Souza 1
1. Departamento de Ciências Sociais, Universidade Estadual do Ceará - UECE
INTRODUÇÃO:
O sonho do criollo Simon Bolívar, a Grã-Colômbia (1819-1830), república composta por Colômbia, Equador, Panamá e Venezuela, juntamente com sua maior liderança, surgem como exemplos generosos de ebulição, dinâmica e precocidade do processo de construção de Estados nacionais na América Latina. Na busca de compreender a formação dessa entidade política moderna na América hispânica e o desenrolar do sonho bolivariano de formar uma grande nação republicana e sem escravos, abrangendo desde o México à Terra do Fogo, dialogamos com as teorias das nacionalidades através de autores como Benedict Anderson, Norbert Elias e Otto Bauer; realizo pesquisa histórica com enfoque maior no período das chamadas Guerras de Independência na América Latina; investigo a biografia e a produção textual do Libertador, seu líder mor. Assim, verificamos que o advento do capitalismo de imprensa e as características da burocracia colonial foram fatores importantes que colaboraram para a precocidade da formação das Nações da América Latina, além de constatarmos a importância dessa construção para se compreender o momento político latino-americano atual.
METODOLOGIA:
O trabalho teve como alicerce metodológico a pesquisa bibliográfica. É através dela, fazendo um levantamento histórico do nascedouro à dissolução da Grã-Colômbia, conhecendo a biografia de seu principal líder, Simon Bolívar, compreendendo de forma mais nítida os conceitos utilizados nesta empreitada, refletindo sobre qual a contribuição, a utilização do símbolo pátrio que se tornou O Libertador na construção de um Estado-Nação, que pretendemos chegar o mais próximo possível de um entendimento do tema. Bibliografias literárias ou de outras áreas sobre o tema que norteou a pesquisa, bem como a apreciação de filmes e documentários também se tornaram métodos utilizados.
RESULTADOS:
O sonho de Bolívar consistia em formar uma grande nação, anti-monarquista, republicana, sem escravos, com um Presidente vitalício com amplos poderes e elegível, com Câmara de Deputados e Senado também vitalícios, mas não hereditários como costumava ser, abrangendo desde o México à Terra do Fogo, mas que concretamente contou com Colômbia, Equador, Panamá e Venezuela. Ainda em construção, o sonho bolivariano atual não é facilmente definido. Contudo, a influência do líder da independência aparece na mudança do nome oficial do país para República Bolivariana de Venezuela; na bandeira nacional onde foi acrescida uma estrela com o nome do Libertador e que representaria grande parte do território da Guiana; na composição do Estado em cinco poderes. Outras mudanças, como as relativas ao reforço do poder executivo do Presidente, endossado através de referendos; ao acesso dos povos negros e indígenas à cidadania; à possibilidade de candidaturas irrestritas ao cargo principal do Executivo; à alteração no brasão nacional, com o cavalo de Bolívar voltado para a esquerda e olhando em frente, sugerindo o que Hugo Chávez chama de socialismo do século XXI, integram a arquitetura abrasadora desse sonho do qual poderá brotar um novo modelo político de organização, como já ocorrido no século XIX.
CONCLUSÃO:
Ao examinar a atuação e o pensamento de Simon Bolívar, patriota consagrado em sua terra natal e que tinha a América como campo de interesse intelectual e de atividade política, deparamo-nos com estreitos vínculos entre os aspectos universais e particulares dos processos de emergência e afirmação das comunidades nacionais. Bolívar teve uma agitada carreira militar, ao exercer comando efetivo à frente de suas tropas em várias batalhas; intelectual, membro da elite criolla, demonstrava clareza quanto à importância do trabalho para a consolidação dos ideais republicanos. No esforço de apreender a pregação nacionalista no período de lutas anti-coloniais na América hispânica o general Bolívar deixou significativa produção de artigos, discursos, proclamações e cartas que foram publicadas, em boa parte, ainda em vida. Tais documentos se transformaram em verdadeiros clássicos da literatura revolucionária hispano-americana, sendo perceptível em suas obras, a influência do liberalismo europeu. Assim, apoiados nas teorias das nacionalidades e no pensamento do próprio Libertador, que ainda fulgura nas Américas, ao influenciar movimentos políticos de toda espécie, esperamos ter colaborado para a compreensão do sonho de Bolívar.
Palavras-chave: Estado-Nação, Nacionalidades, América Latina.