62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
PRÁTICA DOCENTE DE PROFESSORES DE BIOLOGIA EM RELAÇÃO À EDUCAÇÃO AMBIENTAL: OLHARES PARA UMA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL EM RECIFE
Monica Lopes Folena Araújo 1, 2
Tereza Luiza de França 2
1. Universidade Federal Rural de Pernambuco
2. Universidade Federal de Pernambuco
INTRODUÇÃO:

Pesquisas realizadas a respeito da prática de professores em Educação Ambiental (EA), aqui se destacam os estudos feitos por Guimarães (2005), mostram que os professores têm tentado trabalhar a EA, mas, preponderantemente, o que lhes preocupa é a degradação da natureza. O fato nos leva a vislumbrar três desafios à prática docente com EA.

Um dos desafios da prática docente é a possibilidade de intervenção reflexiva dialética como meio de propor ruptura com os modelos tradicionais de ensino. Outro desafio é a idéia do professor trabalhar como um pesquisador, identificando problemas de ensino e aprendizagem, registrando e analisando sua prática docente e apontando alternativas de ação. Por fim, a interdisciplinaridade representa também um desafio à complexidade da realidade ambiental.

A presente pesquisa tem por objetivo geral analisar a prática docente de professores de Biologia em relação à EA. A relevância do estudo encontra-se na carência de trabalhos que enfoquem o trabalho do professor de Biologia quanto à temática ambiental e na necessidade de desmistificar a crença de que biólogos e geógrafos estão mais bem preparados para atuar na área. Conhecimentos sobre Ecologia não significam, necessariamente, sucesso na prática docente com EA.

METODOLOGIA:

Nossa pesquisa é caracterizada dentro de uma abordagem qualitativa, descritiva, tomando-se como referência, o que nos diz Oliveira (2005, p. 41) ao considerar este tipo de investigação como sendo um processo de reflexão e análise da realidade através do uso de métodos e técnicas.

Participaram desta pesquisa os quatro professores de Biologia que atuam no Ensino Médio de uma escola pública estadual localizada no bairro de Dois Irmãos em Recife, Pernambuco. Os mesmos foram identificados como P1, P2, P3 e P4. Entrevistas com os professores foram gravadas e transcritas a partir da aplicação da técnica do Círculo Hermenêutico- Dialético. Foi feita também a observação de aulas ministradas pelos professores e, nesta etapa, utilizamos caderno de campo e gravação em áudio para registro.

 Optamos por utilizar apenas um roteiro de entrevista para permitir amplitude nas respostas. Para registro das entrevistas recorremos ao gravador porque as mesmas eram longas e, conseqüentemente, difíceis de serem lembradas. Bogdan e Biklen (1999, p. 172) recomendam que: "[...] Quando um estudo envolve entrevistas extensas ou quando a entrevista é a técnica principal do estudo, recomendamos que use um gravador [...]".

RESULTADOS:

Percebemos que as práticas em EA desenvolvidas nos apontam para propostas pedagógicas centradas na conscientização, mudança de comportamento e atitudes e desenvolvimento de competências. Isso desafia a comunidade escolar e, como não poderia deixar de ser, a sociedade como um todo, a elaborar novas epistemologias que nos conduzam a uma reforma do pensamento; termo defendido por Morin (2003).

A síntese de P1 + P2 + P3 + P4 foi que o trabalho com a temática ambiental que tem sido desenvolvido pelos professores é predominantemente teórico. A justificativa apresentada pelos mesmos para esse tipo de trabalho é a falta de laboratório na escola, a falta de recursos para levar os estudantes a passeios, a falta de tempo para planejamento e a falta de tempo para estudar.

Mas concordamos com Bizzo (2007) e Dias (1994) que há várias atividades experimentais simples que podem ser desenvolvidas na própria sala de aula, já que a realidade da maioria das escolas públicas é não possuir laboratório.

A pontualidade ou ausência do trabalho interdisciplinar e a cooperação somente entre as disciplinas Biologia e Geografia representam um desafio a ser superado na escola investigada. Neste sentido, Morin (2001) nos fala que conhecimentos fragmentados não nos permitem chegar a este tipo de pensamento.

CONCLUSÃO:

Frente ao exposto concluímos que a prática docente em relação à Educação Ambiental ainda é bastante limitada e que a trajetória formativa dos professores de Biologia pode não estar contribuindo de forma significativa para auxiliá-los neste aspecto.

Ressaltamos a importância da formação continuada para que os professores sejam e sintam-se preparados para trabalhar com a temática ambiental, mas esta deve articular eficientemente a teoria e a prática para que o cotidiano docente favoreça a transformação da prática frente à teoria.

Destacamos também que a formação continuada oferecida apenas através de palestras pontuais e descontextualizadas da realidade de trabalho dos professores e que tem como objetivo remediar falhas da formação inicial tem pouca probabilidade de sucesso. Afinal, a escola é o local concreto de trabalho dos professores e lá deve haver investimento que considere questões estruturais específicas da mesma.

Palavras-chave: Prática docente, Educação Ambiental, Professores de Biologia.