62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 4. Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca - 1. Aqüicultura
FECUNDIDADE E FERTILIDADE DO CAMARÃO DE ÁGUA DOCE, Macrobrachium amazonicum, EXISTENTE NO PANTANAL
Dorly Scariot Pavei 1
Liliam Hayd 2
Bruno Jacobson 1
1. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS
2. Profa. Dra./Orientadora - UEMS
INTRODUÇÃO:
Os camarões de água doce estão em posição inferior aos marinhos no mercado mundial. No entanto, apresentam maior resistência a doenças, maturação sexual precoce, larvicultura bem simples, independência da água salgada na fase de crescimento final, sistema de produção que atende pequenas propriedades e apresenta menor impacto ambiental. O Brasil possui três espécies de camarão de água doce: Macrobrachium carcinus, Macrobrachium acanthurus e Macrobrachium amazonicum que apresentam potencial para cultivo. Dessas, M. amazonicum se destaca por apresentar crescimento rápido, fácil manutenção em cativeiro e produção de ovos menores, mas em maior quantidade, eclodindo larvas planctônicas. Assim, estudos que avaliem a fecundidade e fertilidade das fêmeas do camarão de água doce nativo, são muito importantes para obtermos informações da biologia reprodutiva, de maneira que possa ser aplicada a aqüicultura, o que constitui o objetivo deste trabalho.
METODOLOGIA:

Os camarões foram coletados nos viveiros do setor de piscicultura da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) - Unidade Universitária de Aquidauana (UUA) e transferidos para um aquário no Laboratório de Carcinologia. O ambiente foi mantido a temperatura de 28ºC, e o aquário recebeu aeração moderada com o auxílio de um compressor de ar (Panther II). Os camarões foram alimentados com ração caseira contendo 35% PB, e diariamente todos os aquários foram sifonados, com troca de 50% da água.

Para a determinação da fecundidade foram utilizadas 92 fêmeas ovígeras. Essas foram pesadas em uma balança analítica com precisão de 0,001 g, (Shimadzu modelo AY220) e mensuradas por meio de um paquímetro digital com precisão de 0,01 mm (Digimess). Os ovos foram removidos da câmara incubadora com o auxílio de estilete e pinça, em seguida colocados em uma placa de Petri, separados em solução de álcool 70% e quantificados.

Na determinação da fertilidade, foram coletadas 53 fêmeas ovígeras com ovos em estágio avançado de desenvolvimento embrionário. As fêmeas foram colocadas dentro de aquários de vidro individuais com capacidade de 1 L, revestidos com plástico preto contendo uma pequena abertura. Após a eclosão, as larvas foram sifonadas e contadas individualmente com um contador manual.
RESULTADOS:

A fecundidade média foi de 162±42 ovos para animais com médias de comprimento de 37,07±40 mm e peso de 0,424±0,130 g. Outros valores foram encontrados por Hayd (2002) com 252 ovos/fêmea, Scaico (1992) com 595 ovos/fêmea e Da Silva et al. (2004) com 2.193 ovos/fêmea. As diferenças nos valores da fecundidade podem ser decorrentes do tamanho dos animais, condições fisiológicas e ambientais, características genéticas, latitude e salinidade da água. Exemplares estudados na região Centro-Oeste apresentam menor fecundidade que os do Nordeste. Provavelmente isto ocorre porque os camarões oriundos do Centro-Oeste estão distantes do ambiente marinho (Hayd, 2002), onde apresentam melhor desenvolvimento.

Quanto a fertilidade, a média foi de 204±69 larvas para fêmeas com médias de comprimento de 39,50±6,88 mm e peso de 0,569±0,330 g. Outros valores de fertilidade foram encontrados por Guest (1979), com 565 larvas/fêmea e Scaico (1992), com 434 larvas/fêmea. A diferença entre os valores encontrados para a fertilidade pode ter ocorrido devido as características e diferenças citadas na fecundidade. Segundo Scaico (1992), a baixa fertilidade pode estar relacionada com a baixa fecundidade apresentada por fêmeas de mesmo tamanho.
CONCLUSÃO:

Por ser uma espécie que desenvolve todo seu ciclo em água doce e apresentar grande flexibilidade reprodutiva, M. amazonicum é promissor para o desenvolvimento da carcinicultura na região pantaneira.

Dentro dos limites estudados verificou-se que a fecundidade e fertilidade aumenta com o tamanho das fêmeas. As utilizadas para determinação da fertilidade eram mais desenvolvidas, com isso a fertilidade foi maior que a fecundidade.

Assim, trabalhos relacionados a fecundidade e fertilidade precisam ser avaliados com estudos que envolvam a biologia reprodutiva, pois esses dados são essenciais para a definição de manejos adequados para a carcinicultura de espécies nativas.

 

 

GUEST, W. C., Laboratory life history of the palaemonid shrimp Macrobrachium amazonicum. Crustaceana, v.37, p.141-152, 1979.

HAYD, L. A., Caracterização ambiental do rio Miranda e suas implicações na biologia dos camarões caridea em Miranda/MS. Dissertação (Mestrado em Geografia), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 110p, 2002.

Da SILVA, R.R.; SAMPAIO, C.M.S.; SANTOS, J.A., Fecundity and fertility of Macrobrachium amazonicum. Brazilian Journal Biology, v.64, p.489-500, 2004.

SCAICO, M. A., Fecundidade e fertilidade de Macrobrachium amazonicum de um açude do Nordeste brasileiro. Bol. Inst. Pesca, v.19, p.89-96, 1992.
Instituição de Fomento: Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul -UEMS.
Palavras-chave: Macrobrachium amazonicum, Camarão de água doce, Fecundidade e Fertilidade..