Com a democratização do ensino, o acesso das diversas camadas sociais sentenciou o desempenho dos estudantes em resultados de aprendizagem heterogêneos.

            Dessa forma, dissemina-se a avaliação educacional em larga escala, que tem por objetivo constituir o ponto de partida para a tomada de decisões e para o aperfeiçoamento da prática pedagógica (AZZI, 2001).

Assim, surge em 2000, o Sistema de Avaliação Educacional de Pernambuco - SAEPE, um instrumento censitário, com a finalidade de coletar informações, desenvolver estratégias de monitoramento e incentivo permanente, centrado na melhoria da qualidade e no desempenho da educação básica de Pernambuco. Sua abrangência contempla as escolas da Rede Estadual e Municipal de Pernambuco, avaliando anualmente a partir de 2008 as séries/ciclos finais do Ensino Fundamental e Médio, em Língua Portuguesa e Matemática.

Os resultados devem ser considerados visando transformar, de maneira produtiva, a prática pedagógica dos professores, visualizar o desenvolvimento do currículo de forma a ampliar a equidade do ensino promovendo o sucesso do aluno.

           A metodologia do trabalho deu-se em dois momentos. No primeiro momento, foi feito o levantamento bibliográfico acerca do tema abordado, investigando os autores que contribuíam teoricamente para nortear a discussão da coleta de dados.

 No segundo momento, utilizou-se como instrumento de coleta um questionário com duas questões objetivas que indagavam sobre o conhecimento dos descritores do SAEPE em Língua Portuguesa, bem como sua utilização no planejamento anual. E duas questões subjetivas referentes à relevância do resultado do SAEPE na práxis pedagógica cotidiana.

 Os questionários foram aplicados com total de sessenta professores assim distribuídos: vinte do 5º ano/4ª série, vinte do 9º ano/8ª série do Ensino Fundamental e, por fim, mais vinte do 3º ano do Ensino Médio, tendo, como sujeitos participantes, docentes em Língua Portuguesa na Rede Pública Municipal e Estadual de Pernambuco.

Após a coleta de dados, as informações foram compiladas em forma de gráfico demonstrando os percentuais acerca dos resultados obtidos.

            Após análise dos dados compilados, foi utilizado como parâmetro estatístico a regra de três simples, identificando o percentual de sujeitos que correspondiam às informações questionadas.

            Dessa forma percebeu-se, nas questões objetivas, 50% do total de entrevistados, em todas as indagações, possuíam conhecimento e utilizavam em sua prática pedagógica os descritores do SAEPE, enquanto que 31,67% utilizavam os descritores em seu planejamento de forma parcial. Apenas 5% admitiram não conhecer a Matriz de Referência. Já nas questões subjetivas, foi analisado que 68,33% dos professores consideram os resultados do SAEPE associados a sua prática pedagógica em Língua Portuguesa, inversamente aos 31,67% que não demonstraram essa preocupação por declararem ter dificuldade de acessar os boletins de resultado.

            Assim, ficou claro a dificuldade dos professores ao considerarem os resultados do SAEPE como um instrumento de avaliação que proporciona a reflexão, também, da sua prática pedagógica. Diagnosticando que, nas séries iniciais do Ensino Fundamental, os resultados não são relevantes e, por isso, desconsiderados, diferentemente das séries finais do Ensino Fundamental e Médio, onde se percebe uma maior preocupação, ainda muito inibida, mas com a intenção de promover um ensino de qualidade.

             A universalização dos resultados das avaliações em larga escala pretende identificar as falhas e redirecionar ações significativas no âmbito educacional.

            Ela reorienta as políticas públicas sempre com o olhar voltado à aprendizagem bem sucedida do estudante que, segundo Hadji (1989), legitima a construção do saber, auxiliando a prática do aprender.

            Com o levantamento feito na pesquisa de campo, foram comparados os dados e diagnosticado o desconhecimento dos resultados das avaliações de aprendizagem pelos professores das séries iniciais do Ensino Fundamental, contrariamente aos educadores das séries finais do Ensino Fundamental e Médio.

            Isso reflete diretamente nas atividades cotidianas do docente e interferem no desempenho cognitivo dos discentes, desestimulando-os a produzirem resultados evolutivos no componente curricular de Língua Portuguesa.

            Sendo assim, faz-se necessária uma ação contundente da comunidade escolar buscando se apropriar da dinâmica do processo de ensino-aprendizagem atrelada aos resultados do SAEPE, considerando os aspectos sócio-culturais da clientela atendida, com vistas à melhoria da qualidade do ensino.