62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada
ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE DUAS LINHAS DE COLETIVOS DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE
Ewerton Lucena Ferreira 1
Bruno Sampaio 2
Nathalia Joanne Bispo Cezar 3
Maria da Conceição M. F. da Costa 4
Ivanize da Silva Aca 5
1. Disciplina de Microbiologia e Imunologia - Depto. de Medicina Tropical - UFPE
2. Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical - UFPE
3. Disciplina de Microbiologia e Imunologia - Depto. de Medicina Tropical - UFPE
4. Graduanda em Biomedicina - UFPE
5. Profa./Orientadora - Depto. de Medicina Tropical - UFPE
INTRODUÇÃO:
Os microrganismos possuem a habilidade de ocupar os mais variados ambientes, além disso, são facilmente disseminados para diferentes locais, tendo como veiculador o próprio homem. Objetos inanimados são importantes focos de colonização e podem servir como fontes de contaminação desses microrganismos. Ambientes com grande circulação de pessoas, como os coletivos, propiciam condições adequadas para essa disseminação, levando ao contato com agentes potencialmente patogênicos que possam estar presentes nesses locais. Nesse sentido, o objetivo do presente estudo foi identificar os microrganismos existentes em duas rotas de ônibus do transporte público da Região Metropolitana do Recife e propor medidas básicas para proteção contra os mesmos.
METODOLOGIA:
Foram realizadas, entre os meses de junho e julho de 2009, 16 coletas de barras e assentos de duas linhas de ônibus que transitam próximo ao Hospital das Clínicas da UFPE. Para coleta do material, swabs estéreis foram friccionados nos locais e posteriormente colocados em tubos contendo caldo BHI (Brain heart infusion). Os tubos foram incubados em estufa bacteriológica a 37°C durante 24h. Após esse período, alíquotas retiradas do caldo foram semeadas em diferentes placas contendo Agar sangue, Agar EMB (Eosina Azul de Metileno), Agar SS (Salmonella Shigella) e Agar Sabouraud e incubadas sob as mesmas condições. Em seguida, as unidades formadoras de colônias (UFC) de cada amostra foram identificadas e analisadas através do método de coloração de Gram. As bactérias Gram-positivas foram identificadas através de microscopia óptica, pela sua coloração e morfologia, enquanto que para as Gram-negativas foram utilizadas provas bioquímicas com os meios de TSI (Tríplice-açúcar-ferro), SIM (Sulfito, indol e motilidade), LIA (Agar lisina-ferro), Caldo Uréia e Agar Citrato de Simmons. A identificação de espécies fúngicas foi realizada pela análise da microscopia e da macroscopia em Agar Sabouraoud.
RESULTADOS:
As barras e assentos dos coletivos analisados revelaram-se como importantes reservatórios de microrganismos, alguns pertencentes à microbiota normal do homem, além de grupos bacterianos que abrigam importantes patógenos. Entre as bactérias Gram-positivas, foram encontradas Bacillus sp., Bacillus subtillis e Corynebacterium sp. O gênero Staphylococcus sp. também foi identificado, dentro desse gênero destacam-se S. aureus, S. epidermidis e S. saprophyticus como importantes patógenos nosocomiais. O bacilo agente etiológico do tétano, Clostridium tetani, foi encontrado principalmente nas barras; a contaminação com esporos desse bacilo se dá através de qualquer tipo de ferimento presente na pele. A maioria das bactérias Gram-negativas encontradas pertence à família Enterobacteriaceae, entre elas, E. coli, importante indicador higiênico-sanitário, confirmando as condições inadequadas de limpeza dos coletivos. Também foram encontradas Klebsiella sp., Klebsiella pneumoniae, Enterobacter sp. e Pseudomonas aeruginosa. O gênero Acinetobacter sp., não pertencente à essa família, também foi identificado. O único representante fúngico presente nas amostras analisadas foi a Candida sp., componente da microbiota normal, mas que em condições de imunodeficiência é um notório agente infeccioso.
CONCLUSÃO:
Foi possível constatar que as barras e os assentos dos ônibus de transporte coletivo atuam como reservatórios de importantes grupos bacterianos e fúngicos e podem disseminar estes microrganismos, que são potencialmente patogênicos para indivíduos imunologicamente mais suscetíveis e indivíduos com algum tipo de lesão na pele. A adoção de medidas tanto de imunização contra os principais agentes infecciosos humanos, quanto de melhoria na higiene pessoal, como lavar as mãos rotineiramente, é importante para prevenção de patologias causadas pelo contato com esses microrganismos. Além disso, a higienização diária nos coletivos se faz necessária, para uma maior segurança dos que trabalham e utilizam esse transporte.
Palavras-chave: Microrganismos, Coletivos, Patógenos.