A biodigestão anaeróbia é utilizada como alternativa para a remoção de altas concentrações de matéria orgânica presente em variados tipos de resíduos. Uma das variáveis utilizadas para verificar a eficiência do processo é a taxa de redução dos sólidos presentes no substrato. A concentração de sólidos refere-se ao resíduo total presente no substrato, quer seja de origem orgânica ou inorgânica, e é um indicador da massa total a ser tratada (LEITE e POVILNELLI, 1999). Os dejetos de suínos se caracterizam por possuírem altos teores de sólidos. O volume de dejetos gerados nas granjas suinícolas de todo o pais, a sustentabilidade da produção de suínos com a utilização de biodigestão anaeróbica, direcionam-se à reciclagem orgânica e de nutrientes no próprio meio (SERAFIM, 2004). Os dejetos de suínos possuem um poder energético que merece destaque, uma vez que apresenta 70% de sólidos voláteis (SV) em relação aos sólidos totais (ST), e esta garante o potencial energético para a utilização do biodigestor. O trabalho objetivou avaliar a redução nos teores de sólidos totais e voláteis da água residuária de suinocultura após tratamento biológico anaeróbio.

O trabalho foi desenvolvido no Setor de Suinocultura da Fazenda UEMS, Unidade Universitária de Aquidauana. No período de janeiro a maio de 2009 a água residuária (água de lavagem da granja, resto de ração e fezes dos suínos) foi encaminhada por gravidade através de tubulação ao Biodigestor tubular construído com geomembrana de PVC flexível (Policloreto de Vinila) com capacidade de 67,5 m³ de substrato em fermentação. O tempo de retenção hidráulica (TRH) médio foi de 45,8 dias. As amostras de água residuária de suinocultura (afluente) e do biofertilizante (efluente) foram coletadas semanalmente em três repetições, enviadas ao Laboratório de Resíduos de Origem Animal da UEMS/Aquidauana e submetidas às análises do potencial hidrogeniônico (pH) utilizando-se o medidor de pH Meter Model 3B - PHS, sólidos totais (ST) e sólidos voláteis (SV) determinados segundo metodologia descrita por APHA (1998) e temperatura (T) utilizando-se termômetro comum com coluna de álcool. 

Os teores médios de ST e SV foram de 2,98 e 1,76% para o afluente, e 1,93 e 1, 27% para o efluente, resultando em reduções médias de 40,63 e 97,98%, para ST e SV, respectivamente. Cappi et al. (2009) estudando a biodigestão anaeróbia de dejetos de suínos observaram reduções de 48,17 e 63,74% de ST e SV respectivamente. Enquanto que Feiden et al. (2004) ao avaliarem a eficiência de biodigestor tubular em escala real operando com água residuária de suinocultura, observaram reduções de 52,11 e 58,77% de ST e SV, respectivamente. Por se tratar de biodigestor em escala real houve variação na quantidade de substrato adicionado diariamente no biodigestor devido ao manejo de limpeza, resultando em diferentes TRH no período analisado. A temperatura média observada foi de 28,35 e 28,61 C, para o afluente e efluente, valores superiores ao encontrado por Cappi et al.(2009) de 25,00 e 25,30 C, afluente e efluente, respectivamente. Observou-se pH médio de 6,77 e 7,21 para o afluente e efluente, respectivamente. De acordo com Sganzerla (1983) a faixa de 7,0 a 8,5 para o efluente é favorável para corrigir a acidez do solo.

O processo de biodigestão anaeróbica da água residuária de suinocultura reduziu os teores de sólidos totais e voláteis (48,17 e 63,74%), indicando o alto potencial de degradação e, conseqüentemente, possibilidade de conversão em biogás, além de apresentar pH do efluente (7,21) compatível com o uso agronômico.