62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 4. Parasitologia Geral
CONTRIBUIÇÃO DO MOSTEIRO DE SÃO BENTO DE OLINDA NO COMBATE A PEDICULOSE E TENÍASE HUMANA UTILIZANDO PLANTAS MEDICINAIS.
Danilo Felix de Oliveira 1
Rogélia Herculano Pinto 2
René Martins Duarte 2
Vitorina Nerivânia Covello Rehn 2
1. Universidade Federal de Pernambuco/UFPE
2. Universidade Federal de Pernambuco/UFPE/CAV
INTRODUÇÃO:
Os beneditinos de Olinda, instalados desde 1586, disponibilizavam procedimentos terapêuticos com plantas medicinais para a "sociedade" vigente e escravos. A Botica foi fundada em 1734 e a reedição do receituário, com apoio do poder público estadual, foi emitido em 1966, fato que demonstra a sua importância. Entre as doenças citadas no receituário destacam-se a pediculose, onde o agente etiológico é o inseto Pediculus humanus captis, e a teníase, provocada por vermes de corpo achatado pertencentes ao gênero Taenia. Os registros informam que até os estudantes da Faculdade de Direito de Recife procuravam tratamento no referido Mosteiro. O presente trabalho pretende relatar a participação dos beneditinos no tratamento de parasitoses humanas usando plantas medicinais, e comparar com o tratamento atualmente oferecido pelos comerciantes de ervas no município de Vitória de Santo Antão.
METODOLOGIA:
Foram realizadas visitas periódicas ao Arquivo do Mosteiro de São Bento de Olinda, para análise do receituário do Dr. Joaquim Jerônimo Serpa, compilado durante o período de 1823 a 1828, com a finalidade de conhecer as formulações provenientes da botica. Paralelamente foram realizadas entrevistas com os comerciantes de ervas com a finalidade de conhecer que espécies botânicas estão sendo disponibilizadas as comunidades de Vitória de Santo Antão. Todos os vendedores que têm barraca ou Box fixo foram indagados quanto às espécies botânicas que são indicadas para o controle das parasitoses supracitadas e se conhecem as plantas que foram utilizadas pelos beneditinos.
RESULTADOS:
A análise do receituário revelou o emprego de Hordeum vulgare L. (cevada contuza) para a terapia da pediculose, e para o tratamento da teníase humana, era acrescentada a panícula do Sambucus sp (sabugueiro) devido sua ação purgativa. O exame da entrevista com os comerciantes revou 100% de uniformidade no tratamento da pediculose no município, sendo realizado por meio da maceração de folhas de Rosmarinus officinalis L. (alecrim) misturadas com vaselina. Entretanto os entrevistados omitiram as quantidades utilizadas. Para combater a teníase os comerciantes indicam o emprego da popa de sementes de Cucrcubita sp maceradas com suco de Coronopus didymus L. (mastruço). A essa mistura, acrescenta-se óleo vegetal. O macerado deve ser ingerido em jejum. Nenhum dos entrevistados conhece a cevada contuza. A panícula do sabugueiro é popular por todos, mas é indicada para outros fins terapêuticos.
CONCLUSÃO:
Os beneditinos colaboraram com o tratamento da pediculose e teníase humana oferecendo formulações preparadas com plantas medicinais que eram cultivadas nas dependências do Mosteiro. Também produziram uma botica e um receituário. O tratamento estava centrado na administração da cevada contuza, planta atualmente desconhecida de todos os entrevistados no município de Vitória de Santo Antão. O seu desuso pode estar relacionado com sua elevada toxicidade e/ou alguma dificuldade no seu cultivo. Todos relataram conhecer a panícula do sabugueiro, mas ela é indicada para tratamento de outras patologias. No referido município, constatou-se uma uniformidade no arsenal vegetal empregado no tratamento dessas duas parasitoses.
Instituição de Fomento: MEC/SESU 2009
Palavras-chave: Plantas medicinais, Beneditinos, Parasitoses.