62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 4. Fitotecnia
DESENVOLVIMENTO DA ALFACE CV. PIRA VERDE SOB MANEJO AGROECOLÓGICO CONSORCIADO COM FABACEAES ADUBOS VERDES.
Edmilson José Ambrosano 1
Fabrício Rossi 1
Nivaldo Guirado 1
Eliana Aparecida Schammass 2
Fábio Luis Ferreira Dias 3
Laís Ferraz De Camargo 1
1. Pólo Regional Centro Sul - APTA
2. Instituto de Zootecnia, C P D em Genética e Reprodução Animal - APTA
3. Instituto Agronômico de Campinas - APTA
INTRODUÇÃO:

Os sistemas agrícolas atuais são em sua maioria ecologicamente impactantes e utilizam altas quantidades de insumos. A produção de hortaliças é uma atividade que se caracteriza pelo uso intensivo da terra e recursos naturais e requer a adoção de estratégias de manejo com enfoque agroecológico de modo a sustentar sua produção. A alface representa 50% do consumo total das hortaliças folhosas do mundo e no Estado de São Paulo ela é cultivada em mais de 6.500 hectares. A prática da adubação verde se caracteriza pelo cultivo de plantas da família das Fabaceaes (Leguminosas), com o intuito de promover uma rotação de cultivos e melhorar a fertilidade do solo e adicionar nitrogênio ao sistema por se tratar de grupo de plantas que são fixadoras biológicas de nitrogênio. Quando utilizadas consorciadas elas fornecem nitrogênio diretamente para as plantas em taxas que variam de 18% a 27% de transferência, por exemplo, do nitrogênio do tremoço para a alface e para o tomate cereja, respectivamente. Com o intuito de avaliar a viabilidade de se aliar duas práticas utilizadas em sistemas de produção sustentáveis, o presente trabalho teve como objetivo estudar o efeito da adição do adubo verde na forma de cobertura morta e consorciado com alface cv. Pira Verde e seu desempenho agronômico.

METODOLOGIA:

O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, com doze repetições. Os tratamentos foram: alfaces (cv. Pira Verde) consorciadas com duas linhas dos adubos verdes Feijão-mungo (Vigna radiata L. Wilczeck), e feijão-de-porco (Canavalia ensiformes L. D.C.) e a adição de palha de Crotalaria juncea L. sobre o canteiro na forma de mulching e um tratamento testemunha, sem adubação verde. Os adubos verdes foram semeados 30 dias antes do transplante da hortaliça, na mesma época da adição da palha, e foram cortados 20 dias após transplante da alface. Foram semeadas 30 e 10 sementes por metro de sulco respectivamente de feijão-mungo e feijão-de-porco e adicionado o equivalente a cinco toneladas de massa vegetal seca de crotalária júncea por hectare. Todos os tratamentos receberam em área total, antes da confecção dos canteiros, composto orgânico Ecosolo (20 ton ha-1), e termo fosfato Yoorin (250 kg P2O5 ha-1) e água na forma de irrigação por gotejo. Os parâmetros avaliados foram massa fresca e seca da cabeça, diâmetro, altura e número de folhas por cabeça. Foi também avaliada massa fresca e seca dos adubos verdes. Os resultados obtidos foram submetidos à análise da variância (ANOVA) e as médias obtidas foram comparadas pelo teste de Tukey com nível de significância de 5%.

RESULTADOS:

O tratamento com maior valor médio de massa fresca de cabeças da alface foi o tratamento com adição da palha de crotalária (212,76 g), contudo não diferindo da testemunha (197,90g), indicando que devido ao ciclo muito curto da alface não houve tempo de ocorrer adequada mineralização do nitrogênio da palha e o tratamento exibirem seu potencial máximo, entretanto o tratamento com palha obteve também a maior altura das plantas (26,68 cm), que diferiu da testemunha (24,13 cm), maior diâmetro (32,07cm) e maior massa seca (8,84g), indicando o efeito benéfico da cobertura morta. O menor valor de massa fresca foi observado no tratamento consorciado com feijão-mungo (84,64g) e a menor massa seca ficaram com o feijão-de-porco (3,96g), que apresentou também o menor diâmetro (23,21 cm), e o menor número de folhas (12,54), contudo não diferindo do tratamento com consórcio com feijão-mungo (P>0,05). O tratamento testemunha apresentou o maior valor médio para número de folhas (20,04), contudo não deferindo do tratamento com crotalária júncea (19,41). Os tratamentos que participaram do consorcio apresentaram plantas menores, o que pode ser uma desvantagem na comercialização. O feijão-mungo e o feijão-de-porco não diferiram na quantidade de massa seca produzida que foi em média 1126,40 kg ha-1.

CONCLUSÃO:

A alface não-consorciada (tratamentos com palha de crotalária júncea e testemunha) exibiu desempenho superior para a maioria dos parâmetros avaliados, indicando que o consorcio da alface com adubos verdes necessita de maiores estudos para poder ser recomendada sem prejuízo no desenvolvimento agroecológico da alface cv. Pira Verde. As espécies adubos verdes, bem como sua época de semeadura em relação ao estabelecimento do consórcio podem influenciar no desempenho da hortaliça pela competição por luz e nutrientes que esse sistema pode acarretar. A utilização da palha como cobertura morta pode ser uma alternativa ao produtor, que não domina a técnica do consórcio, sem prejuízo no crescimento da hortaliça e com a grande vantagem do controle de plantas espontâneas e fornecimento do nitrogênio através da mineralização da matéria orgânica da palha da crotalária júncea adicionada, o que pode levar a queda no custo de produção com a economia nas capinas e na aquisição de fertilizantes nitrogenados.  

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq Processo-574761/2008-0 e 302071/2008-3
Palavras-chave: Lactuca sativa L., Práticas agroecológicas, Leguminosas.