62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA TUBERCULOSE PULMONAR NO ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL, NO PERÍODO DE 2001 A 2009.
Lívia Fadel Monteiro dos Santos 1
Luiz Fernando Costa Nascimento 1
1. Depto.de Medicina, Universidade de Taubaté - UNITAU
INTRODUÇÃO:
A tuberculose é uma doença infecciosa crônica considerada historicamente um importante problema de saúde pública. Com o advento da antibioticoterapia surgiu uma onda de otimismo suficiente para afrouxar as medidas de controle. Fatos ocorridos na década de 80, entre eles o surgimento da AIDS, promoveram intensificação da epidemia global principalmente nos países em desenvolvimento e pouco industrializados. Em 1993 a OMS decretou estado de emergência, classificando-a com enfermidade reemergente nos países ricos e permanente nos pobres. Segundo estimativas da OMS um terço da população mundial estaria infectada. No Brasil a tuberculose pulmonar é uma doença de notificação compulsória e há uma média de 73 mil casos novos (41,6/100000 hab), o que o situa na 18ª posição no ranking dos países com mais tuberculose no mundo. Dentre os fatores associados à incidência de tuberculose esta a piora das condições sócio-econômicas que costuma estar associada à educação. É importante ressaltar que a doença é de fácil detecção através da baciloscopia de escarro e possui tratamento que é oferecido gratuitamente pelo governo federal. Este estudo tem como objetivo identificar a distribuição espacial da tuberculose pulmonar no Estado de São Paulo e detectar as áreas de maior risco de adoecimento.

METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo ecológico utilizando as ferramentas de geoprocessamento. Dados sobre a incidência de tuberculose pulmonar no Estado de São Paulo, relativos aos anos de 2001 a 2009, foram coletados do portal do DATASUS. Foram calculadas as respectivas taxas por 100000 habitantes a partir de dados populacionais obtidos no portal do Seade e estimadas as correlações espaciais pelo índice de Moran global (IM), que varia entre -1 e +1. Dados sobre porcentagem de pobreza nos municípios foram coletados do portal do IBGE. Esta variável foi correlacionada com as taxas de tuberculose pulmonar encontradas. Foram construídos mapas temáticos (coropletes) com as taxas de tuberculose e com os dados relativos à pobreza. Os programas computacionais utilizados foram o Terraview, versão 3.3.1., de acesso público e desenvolvido pelo INPE e SPSS, versão 17.
RESULTADOS:
Foram notificados 106684 casos no período de estudo. A taxa média para o Estado foi 29,92 casos/100000 habitantes, variando de 0 a 194,89 casos/100000 habitantes. A taxa encontrada é menor que a encontrada pelo Ministério da Saúde no ano de 2000 (43,9 casos/100000 habitantes) o que indica queda no número de notificações de tuberculose no Estado. O índice de Moran encontrado foi IM = 0,23 (p=0,01) o que indica a presença de autocorrelação espacial para as taxas de tuberculose, ou seja, existem aglomerados de municípios com taxas consideráveis de tuberculose no Estado. A porcentagem de pobreza média para o Estado foi 29%, variando entre 5% e 68%. Esta correlaciona-se positivamente com as taxas de tuberculose (r = 0,12; p<0,001). Os municípios com elevados valores de porcentagem de pobreza formam aglomerados espaciais correlacionados (IM = 0,37; p<0,001).
CONCLUSÃO:
Foi possível identificar municípios com altas taxas de Tuberculose o que evidência a negligência dos gestores com relação a doença. O conjunto de fatores que propiciam esses dados deve ser explorado em estudos pela Diretoria de Saúde tanto local como regional.
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP
Palavras-chave: tuberculose pulmonar, saúde pública, geoprocessamento.