62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 5. Farmacognosia
AVALIAÇÃO DA ALTERAÇÃO DO TEOR DE CUMARINA EM FOLHAS DE GUACO (Mikania glomerata Sprengel) APÓS TRATAMENTO DE REDUÇÃO DA CARGA MICROBIANA POR RADIAÇÃO UV-C
Vanessa Cruz Dias Peronico 1
Marcelo da Silva 3
Leonardo Ruivo Salmazzo 2
Gustavo Ruivo Salmazzo 1
Alfredo Henrique Duarte Lopez 1
1. Curso de Química, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS
2. Curso de Farmácia, Centro Universitário da Grande Dourados - UNIGRAN
3. Profº. M.Sc. / Orientador, Curso de Farmácia, UNIGRAN
INTRODUÇÃO:
O guaco (Mikania glomerata Sprengel) é uma planta muito utilizada na medicina popular, devido a suas atribuições broncodilatadoras. Para utilização segura de qualquer planta como medicamento é necessário estabelecer a autenticidade da droga vegetal e os teores de seus princípios ativos. Mas também é necessário que o vegetal esteja livre de microorganismos que possam colocar em risco a saúde humana, sem comprometer as propriedades farmacológicas do vegetal. Existem várias maneiras de reduzir a contaminação microbiológica em vegetais, um método muito utilizado é a exposição do vegetal à radiação UV (ultravioleta), sendo, a mais adequada a UV-C (250 a 260 nm), fatal para muitos microorganismos, como vírus, protozoários, bactérias e fungos. Dentre seus constituintes químicos, o guaco possui a 1,2 benzopirona (cumarina), que ocorre em grandes quantidades em suas folhas e é a principal responsável pelo seu efeito farmacológico. Um estudo mostrou que a cumarina é uma substância sensível, e que a exposição desta a luz pode modificar sua estrutura e interferir na sua ação terapêutica. Este trabalho teve como objetivo verificar se a esterilização das folhas de guaco por radiação UV-C pode alterar o teor de cumarina no mesmo.
METODOLOGIA:
As folhas de guaco foram lavadas, submetidas à secagem em estufa a 40°C durante uma semana e trituradas. Em seguida dividiram-se essas folhas em quatro grupos (A, B, C e D) de diferentes períodos de tratamento pela luz UV-C: A (controle), B (10 minutos), C (20 minutos) e D (30 minutos). O extrato aquoso foi obtido submetendo-se 10g das folhas dos respectivos grupos a decocção em 100 mL de água destilada. Após a filtração, os extratos aquosos foram armazenados em balões volumétricos de 100 mL, os quais tiveram os volumes completados com água destilada até o menisco. Determinou-se o teor de cumarina por espectrofotometria de absorção molecular, a 320 nm. Para isso construiu-se uma curva analítica para ser utilizada como padrão externo, sendo que o padrão empregado foi cumarina (99,90%). O preparo das soluções para a análise espectrofotométrica foi o mesmo tanto para o padrão quanto para as amostras, sendo que o branco foi preparado com a adição de água destilada no lugar da adição da amostra ou solução padrão. Aplicou-se o método dos mínimos quadrados para se obter a equação da melhor reta para a curva analítica. Com os valores de absorbância obtidos para as amostras e a equação da reta foi possível calcular o teor de cumarina presente em cada alíquota.
RESULTADOS:
Obteve-se um coeficiente de correlação de Pearson para a curva de calibração bem próximo de 1 (r = 0,9976), indicando que a cumarina segue a lei de Lambert Beer nas concentrações trabalhadas, já que a absorbância variou linearmente com a concentração de cumarina. As triplicatas deste teste apresentaram coeficiente de variação menor que 5%. Calculou-se a concentração das alíquotas de cada grupo empregando os resultados de absorbância na equação da reta (coeficiente angular = 0,0290 ; coeficiente linear = -0,01738) da curva analítica. Os teores de cumarina obtidos foram de 10,3 µg/mL para o grupo A, 5,76 µg/mL para o grupo B, 5,59 µg/mL para o grupo C e 3,97 µg/mL para o grupo D.
CONCLUSÃO:
Os resultados obtidos permitem concluir que o procedimento empregado para tratamento de redução da carga microbiológica por radiação UV-C, não é aconselhável em guaco (Mikania glomerata Sprengel), pois devido à queda da concentração de cumarina que ocorreu nos grupos em que se utilizou está metodologia, não é possível assegurar que ocorra o efeito terapêutico esperado.
Instituição de Fomento: Centro Universitário da Grande Dourados - UNIGRAN
Palavras-chave: Cumarina , Radiação UV-C , Efeito terapêutico .