A pesquisa realizada na área do ensino de História no período de 2006/2008 objetivou investigar, numa ação colaborativa, se o processo ensino/aprendizagem de História com base na relação temporal antes/depois, contribui para desenvolver na professora o pensamento crítico e reflexivo, num design profissional que atua como sujeito da formulação de seu "pensar" e "refletir" sobre as estratégias para obter um ensinar e um aprender numa perspectiva crítica, que venha desenvolver capacidade, atitude e habilidade de criticidade tanto em si mesmo quanto nos alunos, de modo a tornarem-se cidadãos conscientes de seus deveres e direitos. Neste sentido, propomos o desafio de aflorar a crítica, a reflexão, a análise e a produção do conhecimento, no sentido de promover uma maior compreensão a respeito de acontecimentos na área da História. Situamos o ensino de História, enquanto disciplina escolar que traz em si grandes possibilidades para o desenvolvimento integral do aluno, no mundo marcado pelos ritmos acelerados das tecnologias, em que o momento atual é propício para refletir sobre o seu papel no currículo escolar, de modo a contribuir para a formação de cidadãos críticos, transformadores e construtores da sociedade.

A investigação teve como abordagem teórico-metodológica a pesquisa qualitativa do tipo colaborativa numa perspectiva histórico-cultural, tendo como sujeito a professora do 3º ano do ensino fundamental, da Escola Municipal Auta de Souza em Caicó/RN. Surgindo da necessidade de refletir sobre a prática escolar de Alice, nome fictício, nasce o desejo de investigar e significar os conhecimentos, entendendo que o seu resultado poderá refletir na formação docente, na qual desenvolvemos a ação colaborativa envolvendo todos os sujeitos, nas suas diversidades e peculiaridades, como parceiros e co-autores da pesquisa. Tomamos como procedimentos metodológicos a entrevista semi-estruturada para obtermos informações no processo de diagnóstico das ideias da professora a respeito da História, suas possibilidades no sentindo do desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo e da produção de conhecimento histórico escolar. Realizamos observações em sala de aula para analisar a prática e compará-la às sessões reflexivas no momento em que a partícipe realiza a reflexão intrapessoal ao descrever, informar, confrontar e reelaborar a ação docente, levando-a a assumir posicionamentos teóricos e o compromisso de transformação de pensamentos e práticas dominantes.

Mapear os dados para analisá-los nos conduziu a pensar num ser professor reflexivo e crítico como sujeito da sua própria prática. O diálogo com Alice sobre a sua prática pedagógica, nos conduziu a um exercício de reflexão sobre a sua ação como forma de incentivar uma transformação da prática docente num movimento dinâmico de construção e reconstrução de conhecimentos. Tecemos a análise dos dados a partir de entrevistas diagnóstica e reflexiva no sentido de perceber o seu pensamento sobre a História, à produção do saber histórico escolar e o seu fazer pedagógico, em que  os resultados apontaram para uma limitação e uma dicotomia teoria/prática ao afirmar que o homem faz parte do contexto sócio-histórico, mas não explicita a sua relação com a análise e compreensão do mundo que o cerca. Alice diz ensinar História de forma crítica e reflexiva, partindo do cotidiano da criança, mas em suas aulas não há clareza  quanto aos procedimentos adequados ao processo ensino/aprendizagem desenvolvido numa postura crítica e reflexiva, utilizando-se de aulas com perguntas e respostas prontas e fragmentadas, quando ao executar a aula sobre o poder público municipal. Ao observar as aulas e compará-las com as sessões reflexivas podemos perceber o crescimento nas discussões com os estudos teóricos, avaliação da prática docente e o reconhecimento de que precisa de aperfeiçoamento profissional.

A partir da análise dos resultados a professora apresenta dificuldade no que se refere à produção do saber histórico escolar, não demonstrando a construção do potencial transformador do ensino da História para a formação integral do aluno, ao se utilizar de métodos que não desenvolvem a reflexão e a criticidade no seu fazer pedagógico, afirmando que a metodologia aplicada parte do cotidiano dos alunos, apresentando procedimentos fragilizados voltados para o ensino tradicional. A estruturação do ensino/aprendizagem da História na relação antes/depois desenvolvida pela professora acenou para o desenvolvimento do pensamento reflexivo-crítico, sem se efetivar na prática. Percebeu-se a desarticulação entre teoria/prática, reconhecida pela professora, evidenciando-se possibilidade de crescimento no seu fazer pedagógico, tendo em vista o seu interesse em estudar, pesquisar e inovar a ação docente. A pesquisa realizada é um incentivo a prática docente tendo como ponto de partida o pensamento reflexivo e crítico. As mudanças constadas nas concepções da professora são através da prática escolar imperceptíveis, verificadas no seu discurso, aulas fragmentadas e baseadas em fatos isolados. É consciente de que precisa aprofundar sua fundamentação teórica para rever sua prática reconhecendo suas limitações.