62ª Reunião Anual da SBPC

D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública

DIFICULDADES APONTADAS POR HOMENS QUANDO BUSCAM ATENDIMENTO NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

Danyelle Leonette Araújo dos Santos 1 Rosineide Santana de Brito 1 Patrícia Suerda de Oliveira Maciel 1

1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte

INTRODUÇÃO:

O Programa Saúde da Família (PSF), criado em 1994, surgiu no país com o propósito de consolidar os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), pois, visava reorientar o modelo médico-assistencial vigente na época. E, por priorizar medidas de promoção e recuperação da saúde, bem como prevenção de doenças passou a ser considerado uma estratégia. Seu desempenho está estruturado em ações voltadas para grupos específicos, como o de crianças, de mulheres e de idosos, o que revela uma lacuna de medidas para atender a população masculina. Assim, a forma como os serviços de atenção primária estão estruturados, associado à concepção de masculinidade, na qual os homens tendem a não buscar assistência por se considerarem indivíduos que não necessitam de cuidados com a saúde, contribui para o não comparecimento dessa população nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Desse modo, o estudo em apreço teve como objetivo verificar as dificuldades vivenciadas pelos homens quando buscam os serviços ofertados pela Estratégia Saúde da Família. Espera-se que o alcance desse objetivo traga subsídios que possibilitem elaborar estratégias capazes de atrair o público masculino aos programas ofertados no âmbito da atenção primária e, com isso, reduzir a inequidade na assistência a esse grupo populacional.

METODOLOGIA:

Trata-se de um estudo exploratório e descritivo, de abordagem qualitativa, desenvolvido em uma Unidade Básica de Saúde, da cidade de Parnamirim, Rio Grande do Norte. Participaram da investigação dezenove homens adstritos em área de abrangência de duas equipes da ESF, as quais foram definidas de modo aleatório. Como critérios de inclusão, os participantes deveriam ter as faculdades mentais preservadas; estarem adstritos na área de abrangência das equipes da ESF selecionada e inseridos na faixa etária de 20 a 59 anos. A coleta de dados ocorreu no período de junho a agosto de 2009 após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com parecer favorável de número 057/2009; autorização do diretor da Unidade e consentimento formal, livre e esclarecido (TCLE) dos entrevistados, conforme preconiza a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. As informações foram colhidas através de entrevista semi-estruturada, mediante um roteiro constituído por questões sócio-demográficas e específicas ao objeto de estudo. Os depoimentos foram gravados, transcritos, lidos exaustivamente e, após identificação dos núcleos de sentido, codificados e categorizados de acordo com a análise de conteúdo, na modalidade de análise temática, segundo Bardin.

RESULTADOS:

Os resultados demonstraram que os entrevistados buscam as instituições primárias de saúde esporadicamente. Revelaram, ainda, que a marcação de consultas e realização dos exames laboratoriais são as principais razões para os homens procurarem os serviços. Entretanto, percebe-se que a maior dificuldade na efetivação da assistência está relacionada ao sistema de referência e contra-referência, pois foram mencionados nos depoimentos demora em conseguir marcar e realizar exames, bem como para receber os resultados dos mesmos. Essas dificuldades desestimulam o retorno masculino às UBS. Na maioria das vezes, esse público precisa faltar as atividades trabalhistas para obter atendimento médico, em virtude do horário de funcionamento das instituições ser compatível com a jornada de trabalho daqueles inseridos no mercado formal. Isto acarreta receio, nos homens, de perderem seus postos por se ausentarem da labuta repetidas vezes, pois uma única consulta nem sempre é capaz de solucionar seu problema. Assim, ao se depararem com um serviço que não corresponde efetivamente às suas necessidades, tendem a buscar medidas mais objetivas e que respondam às suas demandas, como, por exemplo, a automedicação ou procura por serviços de pronto atendimento.

CONCLUSÃO:

O estudo revelou que os participantes vivenciam dificuldades quando buscam os serviços de atenção básica, sobretudo aquelas relacionadas à demora em obter consultas médicas e exames. Desse modo, a forma como estão organizadas as UBS, aliada às particularidades do universo masculino, desestimula o acesso dessa população a tais serviços. Sendo assim, compreende-se a necessidade de uma reestruturação nas instituições básicas de saúde, principalmente quanto à agilidade no encaminhamento dos usuários para uma atenção de maior complexidade.

Instituição de Fomento: Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Palavras-chave: Enfermagem em saúde pública, Saúde do Homem, Programa Saúde da Família.